A última temporada foi de longe a pior de Rúben Amorim desde que assumiu o comando do Sporting e houve alguns resultados que mostraram bem esse ano irregular dos verde e brancos. O resultado em Arouca, entre outros, foi um exemplo paradigmático: nunca os leões tinham perdido fora com os lobos (num jogo que ficará sempre na história, tendo em conta que foi a partida que apadrinhou a sua estreia na Primeira Liga em 2013) como aconteceu em 2022/23. Agora, com uma formação arouquense em muito melhor momento, voltou essa “normalidade”. E uma normalidade que permitiu aos lisboetas voltarem aos triunfos no Municipal da cidade, reforçando a liderança isolada do Campeonato tendo sempre um jogo ainda por realizar em Famalicão.

Gyökeres, o primeiro-ministro da república de Amorim que mascara tudo (a crónica do Arouca-Sporting)

Contas feitas, o Sporting somou a sua décima vitória nos últimos 11 jogos do Campeonato (perdeu pelo meio em Guimarães com o Vitória), conseguindo também não sofrer qualquer golo pela primeira vez nos últimos cinco encontros e com Franco Israel a ter uma defesa fundamental na primeira parte para segurar o avanço dos leões. Em termos ofensivos, a “máquina” chegou atrasada com dois golos nos descontos mas ainda veio a tempo para os leões: o Sporting fez o 13.º encontro consecutivo a marcar dois ou mais golos, leva três golos de média nas últimas três jornadas e tem 110 golos em 41 jogos oficiais realizados em 2023/24, mais do que na derradeira temporada toda em 53 partidas (108). Viktor Gyökeres, claro, tem a sua influência.

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O avançado sueco marcou em Arouca o 33.º golo da temporada, continuando a pulverizar todos os recordes de carreira que trazia dos ingleses do Coventry, e fez o quinto encontro a marcar e a assistir com o passe para o golo de Hjulmand no sexto minuto de descontos. No final, após receber mais uma vez o prémio de MVP da Liga Portugal (e de ser o melhor em termos estatísticos), o escandinavo destacou a importância do triunfo pelo contexto que a formação verde e branca enfrentava, da qualidade do adversário ao estado do relvado.

“A vitória foi muito importante, embora as circunstâncias podiam ter sido melhores. Podíamos ter aproveitado melhor as oportunidades. O relvado estava um pouco difícil. Tivemos boas oportunidades de golo, foi difícil mas ganhámos, o que é bom. O Arouca joga um bom futebol, é fiel ao seu estilo de jogo, mas preparámo-nos bem e conseguimos feri-los. Marcação de Galovic? É normal haver estes duelos mais duros com centrais, especialmente nestes relvados. Há muitos duelos mas ganhámos, por isso estou contente. Atalanta? Quando ganhamos ficamos com confiança. É muito bom ter este resultado, especialmente fora de casa, onde é mais difícil. Ir à Atalanta assim é melhor para nós”, disse no final à SportTV.

“Ao longo deste jogo houve uma história que se foi desenvolvendo, o Arouca terminou melhor a primeira parte e nós comportámo-nos como deveria ser, defendemos mais baixo. Na segunda parte controlámos melhor o Cristo e fomos claramente superior. O Arouca tem uma dinâmica muito forte mas comportámo-nos muito bem. O Cristo e o Jason estavam com muito espaço e tentámos mudar um bocadinho a pressão. A defesa do Franco na primeira parte foi um momento determinante no jogo. No segundo tempo fomos mais pressionantes e não deixámos o Arouca sair a jogar. Estivemos sempre mais perto de marcar do que sofrer. Parece-me um resultado justo. Tirando alguma posse de bola do Arouca, todas as grandes oportunidades na cara do guarda-redes foram nossas e parece-me justo”, destacou também Rúben Amorim.

“Vitória importante para o título? Não vale de nada se depois entrarmos noutro jogo mais relaxados… Mas pela dinâmica que o Arouca trazia, pelo estado do relvado… Claro que é uma vitória muito importante que nos dá ainda mais confiança para o que aí vem”, acrescentou o técnico na flash interview da SportTV. “Vantagem na frente? Na última vez que fomos campeões, tínhamos dez pontos nesta jornada e perdemos com o Moreirense. Almofadas na tabela não são reais para os jogadores, as pessoas podem ver uma equipa competente, mesmo sem alguns momentos bonitos, mas como aconteceu no Rio Ave, em que tivemos um percalço… Não há almofada nenhuma e não há qualquer conforto. Esse é sempre o desafio de todos os treinadores e eu teria de ser mais assertivo se eles se sentissem confortáveis, o que não sentem”, disse Rúben Amorim a esse propósito mais tarde, quando passou pela sala de conferência de imprensa.