A tensão entre o governo argentino e venezuelano subiu de tom recentemente. A Venezuela decidiu proibir que qualquer aeronave da Argentina sobrevoasse o seu espaço aéreo, como resposta a Buenos Aires ter apreendido e enviado um avião da empresa venezuelana Emtrasur para os Estados Unidos da América (EUA).

“A Venezuela exerce plena soberania do seu espaço aéreo e reitera que nenhuma aeronave que provenha ou se dirija à Argentina poderá sobrevoar o [nosso] território até que nossa empresa seja devidamente recompensada pelos danos ocasionados, depois das ações ilegais realizadas, somente com o fim de satisfazer seus tutores do norte”, atirou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Yvan Gil, numa publicação no X (antigo Twitter). 

Após a retaliação de Caracas, o governo de Javier Milei não ficou de braços cruzados, respondendo diplomaticamente. O porta-voz da presidência argentina, Manuel Adorni, anunciou que o país “iniciou uma ação diplomática contra a Venezuela”, devido aos “danos económicos” que a medida pode acarretar para Buenos Aires.

Por sua vez,  Yvan Gil voltou a atacar o governo “neonazi” da Argentina no X, acusando-o de ser “submisso e obediente” com o seu “amo imperial”, neste caso, os Estados Unidos. “O senhor Manuel Adorni desconhece os atos de piratearia e roubo contra a Venezuela”, escreveu o ministro venezuelano na sua conta do X.

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Em resposta, Manuel Adorni não poupou críticas ao governo venezuelano. “O que se pode esperar de um burro além de uma patada?”, questionou o porta-voz de Javier Milei citado pela Infobae, acrescentando que não vale a pena responder a um “governo de ditadores” como o de Nicolás Maduro.

“Entristece-nos que o povo venezuelano seja governado por estes energúmenos”, prosseguiu Manuel Adorni, voltando a atacar o chefe da diplomacia da Venezuela: “Há que tirar importância ao que venha de um governo de ditadores. Podem dizer o que queiram”.

A aeronave que Buenos Aires enviou para os Estados Unidos já está em território argentino desde junho de 2022. Washington pediu o avião às autoridades argentinas, sinalizando que pertencia a uma companhia aérea iraniana (Mahan Air) sancionada pelo Departamento de Comércio que transferiu o avião — fabricado nos EUA — para um país terceiro, neste caso a Venezuela, algo proibido à luz das sanções aplicadas.

O avião chegou à Argentina desde o México, após ter feito uma escala na Venezuela. Dois dias depois, a aeronave rumou ao Uruguai, mas regressou a solo argentino, onde ficou até março deste ano.