O Japão está em alerta devido ao aumento de casos de uma infeção bacteriana que já foi detetada em praticamente todas as províncias do país. Segundo o Instituto Nacional de Doenças Infeciosas do Japão (NIID, na sigla em inglês), foram registados nos primeiros dois meses deste ano 378 casos de Síndrome do Choque Tóxico Estreptocócico (SCTE), um aumento significativo face a 2023, ano em que se registou um total de 941 casos.

As autoridades não sabem para já o que terá provocado este aumento, mas receiam que o ano seja marcado por um número recorde de casos de SCTE, que são provocados pelas bactérias Streptococcus pyogenes do tipo A — ou Strep A. “Há ainda muitos fatores desconhecidos relativos aos mecanismos por trás das formas de Streptococcus fulminantes (severas e súbitas) e nesta fase não podemos explicá-las“, disse o NIID num comunicado citado pelo jornal britânico The Guardian.

Ao mesmo jornal, Ken Kikuchi, professor de doenças infeciosas da Tokyo Women’s Medical University admitiu estar “muito preocupado” com o aumento do número de pessoas com infeções severas provocadas pela bactéria streptococcus pyogenes. Kikuchi considera que o aumento pode estar relacionado com a decisão do governo japonês de baixar a Covid-19 do nível 2, que inclui a tuberculose e a Síndrome respiratória aguda grave, para o 5 — ao nível da gripe sazonal. Aponta que esta mudança terá levado muitas pessoas a abandonar medidas básicas para prevenir infeções, como a desinfeção das mãos.

“Na minha opinião, mais de 50% das pessoas japonesas terão sido infetadas pelo [vírus] Sars-CoV-2. O sistema imunológico das pessoas depois de recuperarem da Covid-19 pode alterar a sua suscetibilidade a alguns micro-organismos”, admite, alertando que é preciso controlar rapidamente o número de infeções.

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Segundo o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, a SCTE é uma rara, mas séria infeção bacteriana provocada pelas bactérias do grupo Strep A quando estas se espalham para tecidos profundos e para a corrente sanguínea. O organismo refere que, em quase metade dos casos de SCTE, os especialistas não sabem como a bactéria entrou no corpo.

“Às vezes, as bactérias entram no corpo através de aberturas na pele, como lesões ou feridas cirúrgicas. A bactéria também pode entrar no corpo através de membranas mucosas, como a pele no interior nariz e da garganta”, aponta. O CDC explica ainda que é “muito raro” uma pessoa com SCTE passar a infeção a outros. No entanto, acrescenta que “qualquer infeção por Strep A pode tornar-se em SCTE e é muito fácil espalhar bactérias do grupo A“.

Os primeiros sintomas a surgir com a SCTE são febre, dores musculares, náuseas e vómitos. A situação pode agravar-se e incluir reações como hipotensão e taquicardia. Segundo o CDC, em casos extremos pode levar a falência de órgãos e necrosis.

Segundo o Japan Times, em 2022 foram registados 941 casos de SCTE no país e 894 em 2019. As autoridades japonesas estão a apelar à população que tome o mesmo tipo de precauções que já tinham durante a pandemia de Covid-19, nomeadamente a desinfeção das mãos e a etiqueta respiratória.