O chefe da Apple, Tim Cook, considerou esta sexta-feira, em Xangai, que a China “é fundamental” para a empresa norte-americana, numa altura de crescente desinteresse por parte dos consumidores chineses nos seus produtos.

Cook tornou-se, nos últimos anos, visita frequente na China, um mercado-chave e uma enorme base de fabrico dos produtos da Apple, apesar da guerra comercial e tecnológica entre Pequim e Washington.

Em Xangai, Cook inaugurou a maior loja da empresa na Ásia e fez elogios efusivos, prometendo investir mais no país, segundo declarações recolhidas pela imprensa local. Citado pelo Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, Cook afirmou que “não existe nenhuma cadeia de abastecimento no mundo que seja mais importante para [a Apple] do que a China”.

A imprensa estatal de Xangai referiu ainda que Cook elogiou o “elevado nível de modernização das fábricas chinesas, com capacidades de produção muito avançadas e trabalhadores bem formados”.

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O diretor executivo da Apple também disse que o grupo precisa da ajuda da China para tornar todos os seus produtos neutros em termos de emissão de carbono até 2030, e que a empresa está a investir fortemente em inteligência artificial generativa.

Xangai tem agora oito lojas Apple, um número que a imprensa local comparou com as seis em Hong Kong, cinco em Pequim e sete em Nova Iorque.

A visita de Cook ocorre num contexto de queda das vendas na China, que contribuiu com 21 mil milhões de dólares (19,3 mil milhões de euros) para o volume de negócios da Apple, no quarto trimestre, ou seja, 17% das vendas do grupo.

Menos vendas, mais dores de cabeça em tribunal e a turbulência na China. Estão a surgir fissuras na aparente solidez da Apple?

O número representou um declínio de 13% em relação ao mesmo período do ano anterior. O grupo de pesquisa Counterpoint disse que as vendas do iPhone nas primeiras seis semanas deste ano também caíram 24%, em termos homólogos.

A empresa norte-americana tem sido afetada por uma campanha para reduzir a utilização do iPhone entre os funcionários públicos chineses e pelo regresso da Huawei, que conseguiu ultrapassar, no ano passado, as sanções dos EUA para lançar um novo telemóvel equipado com semicondutores desenvolvidos e fabricados na China.

A desvantagem face aos preços competitivos de marcas locais como a Oppo, a Vivo e a Xiaomi também está a ter impacto nas vendas da tecnológica norte-americana.

Após a visita a Xangai, o diretor executivo da Apple participa, a partir de domingo, no Fórum de Desenvolvimento da China, em Pequim, durante o qual, segundo o jornal norte-americano The Wall Street Journal, o Presidente chinês, Xi Jinping, vai-se reunir com alguns responsáveis de empresas norte-americanas.