Aya Nakamura é “perfeitamente adequada” para atuar na abertura dos Jogos Olímpicos de 2024, disse o Presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a participação da “rainha do pop francês” na cerimónia de 26 de julho deste ano.

A afirmação foi feita esta quinta-feira, na abertura do novo Centro Aquático Olímpico de Saint-Denis, em Paris. “Ela fala para um grande número dos nossos compatriotas”, considerou o Chefe de Estado francês, para quem “seria bom” se a artista atuasse nos Jogos Olímpicos de 2024.

Esta foi a resposta às reações racistas sobre a participação da artista, a convite do Presidente francês, na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, onde é suposto interpretar uma canção de Édith Piaf, como noticiou a revista francesa L’Express.

Alvo de insultos racistas por ser hipótese para cantar nos Jogos Olímpicos, cantora francesa responde com canção

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Nas declarações, Emmanuel Macron disse, sem especificar, que a cantora representa “a cultura francesa, a canção francesa”. Questionado pelo jornalista se se referia a Nakamura, o Presidente respondeu afirmativamente, mas acrescentou que “também [falava] de Édith Piaf”.

Macron esclarece que, de todo o modo, a decisão cabe ao diretor artístico das cerimónias de abertura e de encerramento, Thomas Jolly.

O Presidente afirmou ainda que o “cenário preferido” para a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos continua a ser um desfile no Sena. “É o que estamos a preparar, o que estamos a assumir, o que queremos (…) e cujos pormenores serão revelados em tempo devido”, declarou, referindo, no entanto, que estão a ser considerados “cenários alternativos” em função da situação de segurança.

Apesar de a participação da cantora francesa, conhecida pelo êxito “Djadja”, nunca ter sido confirmada para participar nas cerimónias dos Jogos Olímpicos 2024, o cenário provocou reações da extrema-direita.

Marine LePen, líder da União Nacional (partido de extrema-direita francês), disse à francesa Inter Radio que a participação da artista não seria “um símbolo bonito” — antes, “uma provocação de Emmanuel Macron” —, recriminando os “trajes e a vulgaridade” de Nakamura.

Também o grupo de extrema-direita francesa Les Natifs (“Os Nativos”, em português) defendeu que uma eventual atuação de Nakamura seria como “substituir a elegância francesa pela vulgaridade”, “africanizar as canções populares” do país e destacar a “imigração extra-europeia”. No seu comunicado na rede social X (antigo Twitter), os extremistas deixaram uma exigência clara: que a “França seja representada por um artista que incorpore a nossa herança, os nossos valores e a nossa identidade!”

O Ministério Público francês abriu, no passado dia 13 de março, uma investigação sobre alegadas ofensas racistas contra a cantora e a ministra da Cultura de França alertou para o “puro racismo”. Já a antiga futebolista, Lilian Thuram, afirmou: “Quando as pessoas dizem que Aya Nakamura não pode representar a França, em que critérios se baseiam? Quando as pessoas dizem que Aya Nakamura não pode representar a França, em que critérios se baseiam? Eu conheço os critérios, porque quando eu era futebolista também havia quem dissesse que esta não é a equipa francesa porque há demasiados negros”.

Aya Nakamura, que foi viver com a família para França ainda bebé, começou por desvalorizar os críticos, escrevendo nas redes sociais no início do mês: “Tenho a impressão de que vos fiz descobrir Édith Piaf e que ela reencarnou em mim. Quanto ao resto, se gostam de mim ou não, é problema vosso”. Mais tarde, perante a tarja do grupo extremista francês, voltou ao tema. “Vocês podem ser racistas, mas não são surdos… é isso que vos magoa! Estou a tornar-me número 1 de discussão… mas o que é que vos devo? Nada”, partilhou na rede social X.