Apenas poucas horas antes da apresentação com pompa e circunstância na Tribuna do Estádio do Dragão, a Academia do FC Porto da Maia tinha não só o primeiro cartaz alusivo à obra que estava a iniciar mas ainda os primeiros camiões para trabalhos iniciais a circular. Pinto da Costa falava de um projeto que fechava mais uma promessa do último mandato e daí para cá foi fazendo sempre alusão à infraestrutura que seria de longe a melhor do país para dar outras condições às equipas de futebol. Agora, tudo parou. Literalmente.

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A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR do Norte) mandou suspender toda a obra que estava em andamento na freguesia Nogueira e Silva Escura na Maia. Com uma nota: segundo o jornal Record, essa decisão surgiu exatamente no mesmo dia 27 de março em que tinham sido iniciadas as movimentações no local, com a Polícia Municipal a deslocar-se ao local no dia seguinte.

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“Propõe-se a emissão de parecer desfavorável. Propõe-se que seja determinada a implementação das medidas propostas pelo município, acrescidas de prospeção intensiva e sistemática de superfície em toda a área de intervenção, sendo que os resultados obtidos com tais medidas deverão suportar um projeto devidamente informado e fundamentado que garanta, integralmente, a salvaguarda do património arqueológico em presença”, avança o parecer da CCDR do Norte, citado pelo jornal O Jogo.

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“Entre os monumentos megalíticos, um está sob a linha perimetal que define a unidade, pelo que é provável que seja afetado por eventuais estruturas de delimitação do parque, e um outro monumento encontra-se na área ocupada por um dos futuros campos de jogos, cuja construção implica, seguramente, a destruição integral do monumento. O Mamoa 5 encontra-se dentro da área do parque, mas não está abrangido por nenhum das construções previstas, o que permite, em princípio a salvaguarda e até valorização do monumento”, explica no mesmo documento a CCDR do Norte. De recordar que, perante as dúvidas que tinham sido levantadas a esse propósito, todos os responsáveis tinham garantido a regularidade do caso.

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“O FC Porto e a ABB arrancaram os trabalhos de desmatação, sem qualquer movimentação de terras, como de resto se pode constatar no auto da Polícia Municipal. A desmatação é uma condição essencial para, no âmbito do Pedido de Autorização para Trabalhos Arqueológicos (PATA), se avançar para os trabalhos arqueológicos e se cumprir todas as recomendações da Câmara Municipal da Maia e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte”, começou por comentar o FC Porto em comunicado.

“O FC Porto e os autores do projeto da Academia do FC Porto estão empenhados no cumprimento de todas as medidas de proteção do património arqueológico. Procuram, por isso, salvaguardar desde já todas as condições para que o projeto de arquitetura da Academia do FC Porto cumpra todos os requisitos de todas as entidades externas necessárias para a sua aprovação. No âmbito do PATA, a seu tempo o FC Porto dará conta da excelência da equipa de arqueólogos escolhidos para executar estes trabalhos”, acrescentou.