Eugénio Lisboa, especialista na obra do escritor José Régio, morreu esta terça-feira de manhã, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, aos 93 anos, de doença oncológica.

Numa nota publicada no site oficial da Presidência da República, o chefe de Estado recorda Eugénio Lisboa como “crítico e ensaísta com igual gosto pela valorização dos autores menorizados e pela contestação aos canónicos”.

“Nascido em Lourenço Marques em 1930, foi uma figura decisiva da vida intelectual moçambicana antes da independência, escrevendo nos jornais e dirigindo suplementos; mostrou-se depois um muito ativo conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Londres; e manteve, durante décadas, presença constante na imprensa portuguesa, num registo culto, idiossincrático, veemente”, lê-se na mensagem.

O Presidente da República destaca que Eugénio Lisboa foi autor de coletâneas críticas marcantes como “Crónica dos Anos da Peste” ou “Indícios de Oiro” e de “abundantes escritos sobre José Régio e o presencismo”.

“Deixou-nos também umas memórias em seis volumes. E escreveu até ao fim, tendo editado há dias um livro de poemas”, acrescenta.

O chefe de Estado menciona que condecorou Eugénio Lisboa com o grau de comendador da Ordem de Sant’Iago da Espada, em 2019.

“À família de Eugénio Lisboa”, Marcelo Rebelo de Sousa “apresenta sinceras condolências e a sua homenagem” ao ensaísta, poeta e crítico literário, referindo que era seu “amigo desde os tempos de Moçambique e acompanhou de perto a sua vida literária”.

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Também a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, manifestou “profundo pesar à família e aos amigos” do escritor Eugénio Lisbo, lembrando igualmente o papel do poeta e ensaísta como conselheiro cultural da embaixada portuguesa no Reino Unido.

Além da sua obra poética, Eugénio Lisboa destacou-se como um dos ensaístas e críticos literários mais ativos dos últimos setenta anos, enriquecendo e abrindo novos caminhos para a compreensão da literatura portuguesa da segunda metade do século XX, em especial de autores como José Régio”, lê-se no comunicado hoje divulgado.

Dalila Rodrigues destaca ainda “o seu percurso como conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Londres e como presidente da Comissão Nacional da UNESCO [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura], que em muito contribuiu para o conhecimento da arte e do património cultural português fora das nossas fronteiras”.

“Os críticos dizem tantas barbaridades!”

Eugénio Lisboa nasceu a 25 de Maio de 1930 em Moçambique (na antiga Lourenço Marques, hoje Maputo) e tem uma vasta bibliografia. Uma das mais recentes, publicadas em plena pandemia, foi Poemas em Tempo de Peste (Guerra & Paz, Setembro de 2020).

Memórias de Eugénio Lisboa recebem hoje o Grande Prémio de Literatura Biográfica da APE