A sede da ONU em Nova Iorque receberá a partir de segunda-feira a primeira edição da “Semana da Sustentabilidade”, que promoverá as três dimensões do desenvolvimento sustentável — social, económica e ambiental — através de debates de alto nível.

A iniciativa foi convocada pelo presidente da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU), Dennis Francis, que explicou esta terça-feira à imprensa que o evento visa, essencialmente, galvanizar o impulso em torno da sustentabilidade e da implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

O arranque da “Semana da Sustentabilidade” acontecerá na segunda-feira com um debate de alto nível sobre a sustentabilidade da dívida e a igualdade socioeconómica para todos.

Com este debate, Francis pretende fazer um balanço das “lacunas e entraves para alcançar a sustentabilidade da dívida e das implicações para os mais vulneráveis, especialmente nos países em desenvolvimento”.

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Visa também identificar soluções-chave a nível local, nacional e internacional para alcançar a “igualdade socioeconómica para todos”.

A terça-feira será dedicada ao Turismo e visa oferecer aos Estados-membros, observadores, sociedade civil, sistema das Nações Unidas e outras partes interessadas uma plataforma para discutir estratégias, partilhar melhores práticas e experiências para promover o turismo sustentável e resiliente e a sua contribuição para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“O turismo é crítico para o nosso crescimento económico coletivo. E, para alguns países, é o eixo da economia. Mas é também uma indústria repleta de práticas insustentáveis, que exploram recursos naturais, danificam ecossistemas, perpetuam baixos salários e contribuem com até 8% das emissões globais de carbono. Questões que exigem ser abordadas com urgência”, apontou o presidente da Assembleia-Geral.

O terceiro dia da “Semana da Sustentabilidade”, na quarta-feira, terá o tema do transporte sustentável no centro das discussões. O painel discutirá a conceção de políticas de transporte intermodal e as melhores práticas para melhorar as viagens de passageiros e movimentos de carga, também de uma forma ambientalmente sustentável.

O dia 18 de abril será dedicado a um diálogo informal sobre a construção da resiliência global e a promoção do desenvolvimento sustentável através da conectividade de infraestruturas. Por fim, na sexta-feira, será feito um balanço global sobre os progressos alcançados na última década face à energia sustentável. Para concluir o balanço global sobre energia sustentável, Dennis Francis lançará um apelo à ação para encorajar uma maior aceleração da implementação dos ODS.

“No geral, durante esta semana, espero uma participação de alto nível, com alguns chefes de Estado e de Governo, bem como de ministros”, especialmente de pastas do Turismo, indicou ainda o diplomata da Trinidad e Tobago.

Em relação a medidas práticas adotadas pela ONU para esta “Semana da Sustentabilidade”, Francis destacou a eliminação gradual de painéis publicitários da Assembleia-Geral, que normalmente são deitados fora após os eventos, e a sua substituição por painéis LED de longa duração e energeticamente eficientes.

De acordo com o Relatório de Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável de 2024, que resultou da colaboração entre mais de 60 agências internacionais, serão necessários mais 4,2 triliões de dólares (3,87 biliões de euros) por ano até 2030 para alcançar os Objetivos Globais, um valor acima dos 2,5 triliões de dólares (2,30 biliões de euros) estimados antes de 2019.

“É o maior défice de financiamento de sempre”, sublinhou a ONU, destacando que muitos países em desenvolvimento têm dívidas paralisantes, que remontam aos níveis do ano 2000.

O relatório frisa ainda que cerca de 3,3 mil milhões de pessoas — 4 em cada 10 da população mundial — vivem em países onde os governos gastam mais em pagamentos de juros do que em educação ou saúde, mas também que 300 milhões de pessoas em todo o mundo necessitarão de assistência humanitária em 2024, quase o dobro dos 168 milhões em 2019, embora reforçando que não se trata de um problema de falta de dinheiro.

“A fragmentação económica impõe custos significativos e a inação face aos desafios globais significa um futuro muito mais perigoso e menos próspero para todos nós. Estamos a assistir a essas frustrações, em que não conseguimos manter a estabilidade e os conflitos multiplicam-se continuamente”, lamentou a vice-secretária-geral da ONU Amina Mohammed, sublinhando que, neste ritmo, a agenda 2030 estará destinada a falhar.

“A mensagem do relatório sobre Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável de 2024 não poderia ser mais clara: devemos escolher agora se teremos sucesso juntos ou fracassaremos juntos”, declarou.