Tudo começou com uma decisão vinda de França, tudo acabou num autêntica bola de neve que todos tentam que fique por aqui mas que ninguém sabe ao certo como poderá acabar. Apesar da suspensão da venda dos bilhetes a adeptos visitantes por parte do Benfica, numa espécie de “retaliação” depois da mesma medida ter sido aplicada pelas autoridades francesas, existem centenas de pessoas do Marselha em Lisboa, em especial das duas claques da formação gaulesa, que deixa a polícia portuguesa em alerta especial esta quinta-feira. “Se tivermos que pular as vedações para ir ao jogo, é o que vamos fazer”, asseguram os franceses.

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As declarações foram feitas à rádio France Info, que se encontra na capital portuguesa para acompanhar o encontro da primeira mão dos quartos da Liga Europa entre Benfica e Marselha. “Compreendemos a decisão do Benfica, que se baseia no princípio da reciprocidade. É a Câmara de Bouches-du-Rhône que tem 100% de culpa, é incompreensível. Se não entrar no estádio na quinta-feira, talvez fique um pouco desiludido”, disse um dos adeptos marselheses, Antoine, que faz também as contas ao que gastou na viagem a Portugal: 350 a 400 euros mais três dias de férias. “Tirámos, gastámos centenas de euros. Vamos mostrar-lhes que não nos vamos curvar às suas regras. Estamos fartos de ver os adeptos serem proibidos de viajar. Eles não compreendem o que o futebol pode representar em França e em Marselha”, adiantou outro adepto.

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“Vamos para lá com a esperança de que as coisas mudem. Temos o custo do aluguer do veículo e dos lugares e todos os grupos estão zangados por serem tratados como nada. Tirámos tempo do trabalho, investimos dinheiro e nada disso é tido em conta. Haverá muitos mais problemas, com uma segurança que não está à altura. Iremos ao estádio aconteça o que acontecer. Não vamos mentir a nós mesmos, vai haver muita cotovelada… Se tivermos que pular as vedações, é o que faremos”, referiu à mesma rádio um adepto identificado como Grégory, que faz parte da secção OM Centre que marca presença em todos os encontros.

Ao todo foram 3.000 os bilhetes “anulados” pelo Benfica (irão apenas assistir à partida no Estádio da Luz 167 convidados pelo Marselha, numa zona que não aquela que estava destinado aos adeptos visitantes na caixa de segurança), sendo que centenas de adeptos já se encontravam em Lisboa ou a caminho de Portugal. É sobre esses que estão focadas todas as atenções das autoridades portuguesas, que esta quinta-feira reforçaram as zonas de policiamento em vários pontos de Lisboa, não apenas nos arredores do Estádio da Luz e também do Estádio José Alvalade mas também em locais onde poderão concentrar-se adeptos franceses.

De recordar que, esta quarta-feira, o presidente do Marselha, Pablo Longoria, admitiu mesmo falhar o jogo caso a decisão se mantivesse (como veio mesmo a acontecer). “Não posso aceitar que os nossos adeptos, que fizeram enormes sacrifícios para se deslocarem a Portugal, sejam impedidos de aceder à bancada para assistirem a um jogo que todos aguardamos com grande expetativa nesta época difícil. Não posso aceitar uma situação que seria tanto mais lamentável quanto contribuiria para aumentar o risco de segurança em torno dos milhares de adeptos do Marselha que se encontrariam à porta do Estádio da Luz. Se assim for, não estarei presente no jogo por solidariedade para com os nossos adeptos mas também porque não acredito que esta seja uma situação justa e pela qual todos devem ser responsabilizados”, destacou em comunicado.

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A questão teve como génese a proibição por parte da polícia de Bouches-du-Rhône de adeptos do Benfica em Marselha (eram estimados cerca de 3.000, tal como em Lisboa), com a justificação de que haveria um risco de segurança tendo em conta o que se passou nos recentes encontros com a Real Sociedad e com o Toulouse. Apesar dos apelos do Marselha e de várias autoridades, a decisão não foi revogada, o que fez com que os responsáveis encarnados tomassem a mesma medida. Nas habituais reuniões que foram mantidas esta semana antes da primeira mão dos quartos da Liga Europa, a PSP nunca deu a indicação de proibição aos adeptos franceses, alertando apenas para o facto de, perante a decisão da polícia de Bouches-du-Rhône, haver um maior receio de possíveis retaliações por parte de adeptos encarnados.