O melhor jogador de basquetebol universitário dos últimos dois anos poderá nem entrar na primeira ronda do draft da NBA. Parece um contra-senso, mas é praticamente uma certeza: Zach Edey, que fez história ao tornar-se o primeiro a ganhar a distinção desde os anos 80, não está na lista de favoritos das equipas da NBA e terá de esperar muito até ouvir o próprio nome no próximo dia 25 de abril.

Os motivos são vários. Para os explicar, porém, é preciso explicar quem é Zach Edey. Atualmente com 21 anos, o pivô dos Purdue Boilermakers da Purdue University recebeu o John R. Wooden Awards nos últimos dois anos: ou seja, foi eleito o melhor jogador universitário do ano em 2023 e 2024, um feito que ninguém alcançava desde Ralph Sampson, no início dos anos 80. Com médias de 25 pontos, 12,2 ressaltos e 2,2 turnovers por jogo, o canadiano tem a particularidade de ter 2,24 metros, sendo um dos jogadores mais altos da história do basquetebol universitário dos Estados Unidos.

Uma característica que, claramente, herdou da mãe. Nascido em 2002 em Toronto, no Canadá, Zach Edey é filho de Julia Edey — canadiana filha de pais chineses que tem 1,91 metros e que também jogou basquetebol. Zach esteve sempre ligado ao desporto, praticando lacrosse, futebol, ténis, hóquei no gelo e principalmente basebol, que só deixou quando se tornou demasiado alto para a modalidade. Comprometeu-se com o basquetebol aos 12 anos, começando a treinar mais a sério numa academia, e demonstrou talento suficiente para saltar para os Estados Unidos.

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Deu os primeiros passos na IMG Academy, na Flórida, e acabou por aceitar o convite da Purdue University para jogar basquetebol. Não conseguiu ser campeão universitário, perdendo a final da March Madness para a UConn no mês passado, mas resgatou desde logo a renovação do prémio de melhor jogador do ano que o levou a anunciar que iria declarar-se elegível para o próximo draft da NBA. Pelo meio, tornou-se internacional pelo Canadá e esteve no último Campeonato do Mundo, arrecadando um terceiro lugar.

Ora, chegando ao draft, a verdade é que Zach Edey não convence as equipas da NBA. O canadiano está muito longe das previsões das primeiras escolhas e é interpretado como um jogador quase banal que consegue retirar vantagem da altura para se superiorizar — com os especialistas a recordarem que, na NBA, a média de alturas é muito superior à do basquetebol universitário, o que tornará a diferença muito menor e menos relevante. Nas últimas semanas, um comentário menos simpático até se tornou viral nas redes sociais, com um adepto a defender que o canadiano estaria a “virar hambúrgueres” se não tivesse mais de dois metros.

Comentários à parte, e mesmo com o treinador da Purdue University a defendê-lo e a dizer que é “um alce em campo”, Zach Edey não será mesmo um dos primeiros a ser escolhido no draft da NBA. Para a CBS Sports, será o 22.º e vai cair nos New Orleans Pelicans; para o USA Today, será o 26.º e irá cair nos Washington Wizards; e para o Bleacher Report será mesmo o 30.º, a cair nos Boston Celtics de Neemias Queta — ou seja, sempre entre o fim da primeira ronda e o início da segunda. Todos, porém, concordam com a ideia de que a nova primeira escolha do draft, que pertence aos Detroit Pistons, será o francês Zaccharie Risacher, que joga atualmente no JL Bourg de França.