O primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu nesta terça-feira ser “muito arriscado” o objetivo de investir mais 50% do que o anterior governo na área da cultura, mas garantiu assumir esse risco e defendeu a necessidade de “estimular o mecenato”.

Queremos chegar ao fim da legislatura e gastar na cultura mais 50% do que aquilo que se gastava. É muito arriscado o que estou a assumir, é o que está no programa do Governo, mas eu assumo esse risco”, afirmou Luís Montenegro.

O primeiro-ministro, que nesta terça-feira inaugurou o primeiro mural do projeto Murais da Liberdade, em São João da Madeira, destacou, contudo, que só a aposta do Estado na área da cultura “é insuficiente”.

“Também temos o objetivo de estimular mais o mecenato cultural, tendo regras que sejam mais favoráveis à possibilidade daqueles que fora da esfera do Estado estão disponíveis para alocar parte dos seus recursos precisamente à atividade cultural”, observou.

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Destacando que cabe ao Governo “colocar ao serviço de todos o potencial que já existe na sociedade” e não “impor nada a ninguém”, o primeiro-ministro assegurou que o Governo pretende explorar, nos próximos anos, a cultura como “elemento de riqueza individual, formativa, de educação e de riqueza económica do país”.

Na inauguração do primeiro de 14 murais, criados no âmbito dos 50 anos do 25 de Abril, Luís Montenegro disse ser obrigatório relembrar como o país estava oprimido e ficou livre com a Revolução dos Cravos, mas também ser obrigatório projetar o futuro.

“O 25 de Abril deve ser encarado não de uma perspetiva contemplativa apenas. É importante olhar para trás, é importante refletir, é importante pensar. A cultura também é isso, a reflexão, a ponderação, o pensamento, o conhecimento, a investigação, a conceção. Mas a cultura é depois uma outra coisa, que é a criação, ousadia, arrojo, o risco, a projeção. A cultura e o 25 de Abril estão intimamente ligados“, referiu.

Intitulado “Lápis azul nunca mais”, o mural inaugurado no bairro do Parrinho, em São João da Madeira, integra o roteiro de arte urbana “Murais de Liberdade”, criado pelo projeto Ruído.

Até ao final do ano, mais 13 cidades portuguesas, do continente e ilhas, vão ter a história do 25 de Abril de 1974 contada em murais que destacam temas e símbolos relacionados com a liberdade e democracia.