O primeiro-ministro da Escócia, Humza Yousaf, anunciou esta segunda-feira que se vai demitir do cargo, na sequência do fim do acordo com os Verdes.

Cheguei à conclusão que reparar a relação nesta divisão política só pode ser feito com outra pessoa no leme”, afirmou em conferência de imprensa o líder do Partido Nacional Escocês (SNP na sigla original).

Em causa está a crise em que o governo do SNP mergulhou depois de ter rompido a aliança parlamentar que mantinha com os Verdes. O parceiro minoritário havia criticado fortemente o executivo escocês depois de este ter anunciado que não iria cumprir algumas das metas de redução de emissão de gases com que se tinha comprometido. Outro tema que provocou divisões entre os dois partidos foi a decisão do governo de suspender a atribuição a menores transgénero da medicação usada para travar o processo de puberdade.

Após a decisão de Yousaf de romper o acordo com os Verdes, o primeiro-ministro tencionava avançar com um governo minoritário, esperando que o antigo parceiro de coligação mantivesse um apoio mínimo. Mas o partido acusou o primeiro-ministro de estar a “trair as gerações futuras” e deixou claro que iria votar contra a sua continuação à frente do governo. Esta segunda-feira, o primeiro-ministro disse na sua declaração de demissão que não se arrepende de ter rompido o acordo com os Verdes: “Continuo a acreditar que foi a melhor decisão para o SNP”, disse.

Perante uma moção de censura anunciada pelo Partido Conservador — que muito provavelmente seria aprovada e provocaria a queda imediata do governo — o líder do SNP anunciou que opta por sair do cargo. A possibilidade de evitar a aprovação da moção de censura, negociando com alguns partidos, era, na opinião do primeiro-ministro “absolutamente possível”. Contudo, Yousaf anunciou que não estava disposto a ceder ao que lhe era pedido: “Não estou disponível para trocar os meus valores e princípios ou fazer acordos com qualquer um só para me manter no poder.”

Desta forma, o partido continuará no poder por agora, mas o cargo de primeiro-ministro será depois ocupado pelo futuro líder dos nacionalistas escoceses, que irá ser eleito. Na despedida, Humza Yousaf garantiu que o partido continua comprometido com a promessa de realizar um novo referendo à independência da região, que está “frustrantemente perto”, segundo o primeiro-ministro. “Os últimos metros da maratona são sempre os mais difíceis”.

A demissão é particularmente relevante porque sublinha a tendência de queda do SNP na Escócia, particularmente desde o afastamento da antiga primeira-ministra Nicola Sturgeon (cujo marido está judicialmente acusado de corrupção). Isso abre a porta à possibilidade de o Partido Trabalhista vir a reconquistar o poder político na Escócia, estando à frente nas sondagens naquela região pela primeira vez numa década.

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