O primeiro-ministro português reafirmou, usando metáforas desportivas, que este Governo vai cumprir a legislatura até ao fim e lembrou que o primeiro mês de governação da AD só termina no domingo.

“Este Governo só ficou investido na plenitude das suas funções no dia 12 de abril. Portanto só faz 30 dias no domingo. Eu sei que parece que já tínhamos a obrigação de fazer aquilo que devia ter sido feito em 30 anos, mas mesmo assim assumimos a responsabilidade”, disse Luís Montenegro, durante o jantar do 21.º aniversário da Associação de Atletas Olímpicos de Portugal (AAOP), na sexta-feira, em Espinho, no distrito de Aveiro.

Estas declarações surgiram depois de, há uma semana, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, ter feito um balanço negativo dos primeiros 30 dias de governação AD, considerando ser o pior arranque de governação de que tem memória.

Perante uma plateia de atletas olímpicos de várias gerações, o primeiro-ministro disse ainda estar preparado para “uma corrida de fundo”.

“Eu sei que há aqui especialistas no ‘sprint’, mas nós somos mais da maratona, somos mais corredores de fundo. Preparem-se para a corrida de fundo. Nós estamos aqui para correr até ao final e para atingir o objetivo”, afirmou.

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Montenegro comparou ainda a sua vida atual com os atletas olímpicos que “têm de estar concentrados em fazer o melhor, para ganhar”.

“A vida que me trouxe até às funções que hoje desempenho é mais ou menos a mesma coisa. Entrei no campo, entrei na pista e já não olho para o lado, nem olho para trás, só olho para a frente. Ao ver o vosso espírito, eu inspiro-me e quero que o povo português se inspire convosco, na vossa capacidade”, concluiu.

Montenegro quer desporto num patamar diferente

O primeiro-ministro disse que pretende colocar o desporto num patamar diferente do que havia no passado e prometeu criar condições legislativas para ajudar os atletas olímpicos nacionais após o final da carreira desportiva.

“É nossa pretensão colocar o desporto num patamar diferente do que aquele que teve”, afirmou, na sexta-feira à noite, Luís Montenegro, para quem o desporto “merece ter uma política mais ativa e um destaque nas políticas públicas”.

O primeiro-ministro falava durante o jantar do 21.º aniversário da Associação de Atletas Olímpicos de Portugal (AAOP), em Espinho, no distrito de Aveiro, reunindo mais de uma centena de atletas olímpicos nacionais de várias gerações, entre os quais Fernanda Ribeiro e os gémeos Domingos e Dionísio Castro.

Montenegro anunciou ainda que o Governo já está a trabalhar na criação de condições legislativas e operacionais para haver “um período de pós-carreira desportiva mais acautelado” para os atletas olímpicos nacionais, tendo em conta que “o desgaste e exigência das carreiras desportivas de alto nível inviabilizam que em simultâneo as carreiras profissionais possam ter o mesmo percurso”.

“Quem como nós vibra com a vitória e com os desempenhos daqueles que em nome da vitória e dos desempenhos abdicaram dessa componente das suas vidas tem a obrigação moral de não abandonar aqueles que o fizeram”, afirmou.

O primeiro-ministro respondeu assim ao apelo feito momentos antes pelo presidente da AAOP, Luís Alves Monteiro, que alertou para o problema do pós-carreira dos atletas olímpicos portugueses.

“Há 800 atletas olímpicos vivos em Portugal, dos quais 10% estão no ciclo olímpico e 90% no pós-carreira. Estes atletas acabam cada vez mais tarde a competição e chegam cada vez mais tarde ao mercado de trabalho. Eles têm as ‘hard skills’ e são capazes, mas falta-lhes a habituação e a educação para estarem no ambiente de trabalho”, observou.

Um dos momentos altos da noite foi a entrega da medalha de mérito desportivo do Governo a quatro atletas olímpicos, designadamente o ginasta Joaquim Granger, os jogadores de voleibol de praia Miguel Maia e João Brenha e o atleta José Carvalho.

Na mesma ocasião foram ainda homenageados vários olímpicos espinhenses.