Joost Klein, concorrente dos Países Baixos à Eurovisão — que foi expulso do festival horas antes da final, no sábado — poderá enfrentar acusações por ameaças ilegais, avança a polícia sueca à Associated Press.

De acordo com Jimmy Modin, porta-voz da polícia sueca, a investigação sobre o caso do artista neerlandês já terminou, informando que a decisão chega “dentro das próximas duas semanas”. As autoridades, contudo, deixam de fora a natureza das alegadas ameaças.

Ainda assim, Emil Anderson, polícia responsável pelo caso, mencionou à emissora sueca SVT que é esperada uma ação judicial, e que “um processo que tem por volta de seis a oito semanas provavelmente está associado a um crime não grave”.

Apesar de algumas especulações terem apontado, inicialmente, para uma possível ligação entre a expulsão dos Países Baixos e o episódio que ocorreu com a candidata de Israel, os organizadores do evento, esclareceram ao The Guardian que o incidente “não envolveu nenhum outro artista ou membro da delegação”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A dúvida surgiu também porque, durante uma das conferências de imprensa realizadas ao longo da semana, foi feita a pergunta à candidata de Israel: “Ao estar aqui, é um risco para a segurança e um perigo para todos. Não se importa com isso?”, ao que o moderador relembrou que a artista não teria de responder à pergunta. Joost Klein refutou, questionando “Porque não?”. O momento tornou-se viral nas redes sociais.

Afinal houve ou não houve agressão?

As declarações entre a imprensa sueca e a imprensa neerlandesa dividem-se. Por um lado, o jornal sueco Aftonbladet, avançou na sexta-feira que Joost Klein teria admitido à polícia que ergueu o punho contra a fotógrafa da organização. Contudo, segunda-feira já indicava que o cantor neerlandês terá partido a câmara.

Mesmo dentro da comunicação social sueca, existem mais versões para o episódio de Klein. Um outro jornal, admite que Joost ter-se-á enervado, levantando o braço e fechado punho em direção à fotógrafa, mas não a agrediu.

De acordo com o mesmo jornal, o cantor terá pedido desculpas, ainda que não seja claro se se direcionaram à fotógrafa. A delegação neerlandesa também partilha esta visão sobre o “incidente”, acrescentando que Joosh apenas fez o gesto ameaçador.

Já a emissora neerlandesa AVROTROS considera que o confronto entre o concorrente dos Países Baixos e a fotógrafa foi apenas verbal.

Contra o acordo claramente feito, Joost foi filmado quando tinha acabado de sair do palco e teve que correr para os bastidores. Naquele momento, Joost indicou repetidamente que não queria ser filmado. Isso não foi respeitado. Isto levou a um movimento ameaçador de Joost em direção à câmara. Joost não tocou na mulher da câmara”, acrescentou o jornal.

Logo após a expulsão de Klein, a emissora AVROTROS tinha-se mostrado “chocada” com a decisão do festival, referindo ter proposto “várias soluções” à União Europeia de Radiodifusão (EBU), sem qualquer efeito.

[Já saiu o primeiro episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui.]

Segundo uma fonte próxima do festival, ao jornal sueco Aftonbladet, Joost Klein “era muito agressivo” nos bastidores. E adiantou que a fotógrafa está a receber “ajuda e apoio” psicológico.

Ainda não existem confirmações se o artista neerlandês partiu ou não a câmara da fotógrafa.

No dia da final, os Países Baixos não apresentaram a votação do país, tendo sido anunciada pelo Supervisor Executivo da Eurovisão Martin Österdahl.

Foi a primeira vez que um concorrente foi desqualificado entre a semifinal e a final em 68 edições do Festival Eurovisão da Canção.