O Governo da Colômbia e a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) comprometeram-se a incluir as vítimas do conflito armado no país nas negociações de paz, a decorrer na Venezuela.

“Comprometemo-nos a preparar e realizar um encontro onde as vítimas do conflito armado, da violência sociopolítica e estrutural, dos territórios e das populações, apresentem propostas que enriqueçam o modelo, o plano, as recomendações de participação e os seus desenvolvimentos futuros”, afirmaram no sábado.

As duas partes sublinharam que as organizações de vítimas têm gerado um movimento social e político “muito dinâmico” que, além de “lutar pela dignidade”, reconhecimento e reforço dos seus direitos, “têm propostas para as transformações do regime político, do modelo económico e política ambiental”.

“Sabemos que a paz não se constrói no esquecimento e na impunidade e que a voz das vítimas é fundamental neste processo e na legitimidade dos acordos”, sublinhou o comunicado conjunto, publicado na rede social X (antigo Twitter).

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O Governo da Colômbia e o ELN encerraram o mais recente ciclo de conversações na capital venezuelana, Caracas, com a assinatura de um acordo sobre a participação dos cidadãos na construção de acordos de paz.

“Isso já é um consenso para a mesa de diálogo e, portanto, na busca da maior participação possível para as transformações necessárias, estamos a avançar num processo histórico inédito”, disse Rodrigo Botero, membro da delegação do Governo.

A inclusão dos cidadãos representa o primeiro ponto dos seis que ambas as partes estabeleceram na agenda dos acordos de paz, cujo diálogo começou há cerca de um ano e meio.

“Este acordo é um avanço e um passo importante para uma aliança social e política, para um Grande Acordo Nacional, entendido como um caminho e uma rota para eliminar a violência da política na Colômbia e resolver os múltiplos problemas que o país enfrenta para avançar em direção à paz”, diz o documento.

O acordo foi assinado apesar de na segunda-feira passada o Alto-Comissário para a Paz colombiano, Otty Patiño, ter garantido que não haveria progresso nas negociações até que o ELN se comprometesse a abandonar os raptos.

A guerrilha anunciou a 07 de maio que iria voltar aos sequestros para fins de resgate, acusando o Governo de não ter cumprido a promessa de criar um fundo para a paz, com doações abertas a países estrangeiros.