Inscreveram-se 273 mil, mas “só” 4.400 pessoas foram selecionadas para participar no piquenique gigante gratuito que está este domingo a ocupar os Campos Elísios, em Paris. A iniciativa, organizada por um comité local de comerciantes, quer chamar mais parisienses para a avenida, que nos últimos anos se tornou um centro para turistas e lojas de luxo.

“É uma forma de dizer aos parisienses: ‘voltem aos Campos Elísios’, de lhes mostrar que a avenida não é só para compras de luxo”, disse ao Guardian Marc-Antoine Jamet, o líder do comité de 180 membros responsável pela organização do evento.

Cada um dos escolhidos podia levar até seis convidados para o evento. Com uma toalha gigante de piquenique aos quadrados de 216 metros, estendida até ao Arco do Triunfo, os parisienses equiparam-se a rigor com cestos e degustaram as iguarias típicas da capital. O piquenique gratuito contou com a participação de oito restaurantes parceiros, como a brasserie Fouquet ou os conhecidos macarons da Ladurée.

“Milhares de pessoas estão num piquenique numa das avenidas mais conhecidas do mundo, com vista para o Arco do Triunfo — é uma celebração popular e gourmet“, disse o antigo chefe do Palácio do Eliseu Guillaume Gomez ao jornal britânico.

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Nem todos os inscritos são residentes de Paris. À BFM TV, Fabien contou que mora fora de Paris mas que foi até um dos pontos mais conhecidos da capital de propósito para o piquenique. “O céu está azul, está sol, estamos sentados no meio dos Campos Elísios. Somos bastante sortudos, não?”

O comité comercial responsável pela organização do evento tem feito avisos constantes sobre como a afamada avenida “está a perder o seu esplendor” ao longo dos últimos 30 anos devido à alteração de hábitos dos consumidores.

Muitas das lojas e serviços que antes ocupavam os edifícios dos Campos Elísios têm encerrado para dar lugar a lojas de luxo ou de grandes grupos. O cinema UGC Normandie, que abriu em 1937, vai encerrar em junho devido “à significativa alteração” na demografia de quem frequenta os Campos Elísios e à queda da venda de bilhetes. É o terceiro cinema a fechar no espaço de alguns anos, nota o Guardian. 

As lojas e os locais que os parisienses costumam frequentar estão a ser substituídas por lojas de marca que basicamente se consegue encontrar em qualquer lado”, disse Ronan Guevel, residente da avenida há mais de 20 anos, à rádio France Info. “Os Campos Elísios estão a perder parte da sua alma.”