É a primeira vez desde 1988 que o PCP não elege representação numas eleições regionais da Madeira. Desta vez, os comunistas conseguiram convencer apenas 2.217 dos eleitores (1,63%), ficando à porta da Assembleia Legislativa da Madeira, o que significa também que pela primeira vez não há nenhum partido à esquerda do PS que tenha deputados no arquipélago.

Depois de PCP e BE terem eleito dois deputados regionais cada um em 2015, o PCP viu o Bloco perder representação em 2019 mas conseguiu manter um deputado, e voltou a conseguir manter a representação há oito meses, em 2023. No entanto, estas eleições antecipadas trouxeram as piores notícias para os comunistas, que perdem assim representação pela primeira vez em mais de trinta anos.

Depois de, no princípio da noite, a CDU ter dito acreditar que elegeria Edgar Silva, Paulo Raimundo veio reconhecer que a coligação (PCP e PEV) perderia mesmo a representação, admitindo que este é um resultado “negativo” e justificando-o com acusações dirigidas ao PSD sobre a “utilização de instrumentos públicos para condicionar os eleitores”. Os sociais democratas, atirou, “procuraram esconder as injustiças e desigualdades” da população.

Independentemente de “acordos de ocasião”, a “política de injustiça” vai continuar, avisou Raimundo. E aproveitou para criticar a “projeção mediática” dada a outras forças com mensagens “demagógicas e populistas”, incluindo nisto o JPP, que acusa de ter aproveitado o sentimento de “revolta” do eleitorado — o partido conseguiu crescer significativamente e passar de cinco para nove deputados.

“A perda de representação da CDU é o fator que pesará mais negativamente na vida política da região”, sentenciou Raimundo, explicando o resultado com as “circunstâncias” em que as eleições aconteceram e com a “dispersão” de temas e da apreciação das políticas do Governo, tendo o PSD “aproveitado para se vitimizar” no contexto do caso judicial que envolve Miguel Albuquerque. Para o PCP, essa vitimização fez com que o PSD conseguisse travar uma descida que poderia ter sido ainda mais pronunciada. Ainda assim, para os comunistas, nada feito: a sua perda de 1460 votos foi suficientemente pronunciada para que não elegesse ninguém.

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