Os encontros que encerram uma qualquer competição são marcados pelas muitas alterações que os técnicos costumam fazer a não ser que ainda exista algum objetivo concreto a ser atingido. Entram em campo muitos dos jogadores com menos minutos, existem duelos num estilo mais All Star Game em que os ataques têm o maior enfoque em comparação com as defesas, fazem-se as despedidas para quem esteja de saída no final da época. O Al Nassr de Luís Castro, que ainda tem a final da Taça do Rei saudita para disputar e não iria subir ou descer do atual segundo lugar do Campeonato, não foi exceção… à exceção dos seus avançados.

Com Talisca ainda lesionado, o técnico deixou Laporte e Alex Telles de fora, colocou Brozovic e Otávio no banco mas colocou de início Sadio Mané, Ghareeb e Cristiano Ronaldo na receção ao Al-Ittihad, também ele apenas com os “estrangeiros” Kanté e Jota no onze. Sem haver uma confirmação oficial para essa opção, um dado saltava à vista: na anatecâmara dessa partida que irá concluir a temporada na Arábia Saudita frente ao Al Hilal de Jorge Jesus, o português poderia igualar ou ultrapassar o maior número de golos numa só edição do Campeonato saudita. Ou seja, estava em causa mais um recorde e o português estava na luta por ele.

Os 33 golos que levava no Campeonato, mais seis do que Aleksandar Mitrovic, davam um primeiro feito que seria complicado de contornar: Ronaldo iria tornar-se o primeiro jogador da história a ganhar o prémio de melhor marcador em quatro Campeonatos diferentes entre Inglaterra (Manchester United), Espanha (Real Madrid), Itália (Juventus) e Arábia Saudita (Al Hilal). No entanto, havia mais, nomeadamente a hipótese de igualar ou ultrapassar os 34 golos de Abderrazak Hamdallah que eram o recorde numa época na Liga.

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Também por isso, e num encontro que deixou muito a desejar a nível de qualidade apesar de estar em campo o campeão da última temporada e o vice-campeão das derradeiras duas épocas, tudo girou à volta de Ronaldo na primeira parte. A primeira tentativa acabou mesmo em golo num remate de ângulo impossível dentro da área que bateu ainda na parte de dentro da trave mas foi anulado por fora de jogo (10′). A segunda tentativa também acabou em golo, neste caso a encostar ao segundo poste com um remate na diagonal depois de um cruzamento da direita mas foi anulado por fora de jogo (44′). À terceira foi mesmo de vez e, na sequência de um passe longo na profundidade, o avançado português recebeu com o peito de forma orientada, avançou para a baliza e rematou cruzado de pé esquerdo para o 1-0 já em período de descontos (45+2′).

A forma como foi buscar a bola à baliza para iniciar de forma rápida o encontro antes do intervalo e a boa oportunidade que teve ainda para bisar pouco depois num remate defendido por Al Mahasnah (45+3′) eram duas demonstrações de como não queria ficar por aí. Não ficou. A entrada do central Luiz Felipe ao intervalo para o eixo central do Al-Ittihad trouxe mais dificuldades ao português mas, na sequência de um canto após livre que levava selo de golo mas que bateu na barreira após a expulsão de Suwailem, o 35.º golo acabou por surgir mesmo num desvio de cabeça fulminante que lançou de vez a festa (69′) e fez com que Luís Castro poupasse o capitão da Seleção a pensar na Taça do Rei antes do 3-0 de penálti por Ghareeb (79′). Farhah Al Shamrani e Fabinho, suplentes lançados por Marcelo Gallardo, reduziram para 3-2 (88′ e 90+2′) mas Meshari Al-Nemer, que tinha substituído Ronaldo, fixou o 4-2 final de cabeça na pequena área (90+6′).