Marta Temido esteve esta terça-feira na Escola Náutica Infante Dom Henrique para ver o resultado e as obras decorrentes dos investimentos previstos no Plano de Recuperação e Resiliência nesta área (3250 milhões — “em 50 anos não houve investimentos desta dimensão na escola”, explicou o presidente, Vítor Correia). E, assumindo o leme num simulador de navios que a colocou a enfrentar uma tempestade, a candidata gracejou: “A grande vantagem do Ministério da Saúde é que nos prepara para qualquer coisa na vida”.

No Centro de Simulação Marítima inaugurado em julho de 2022 pelo ex-ministro António Costa Silva, Temido visitou assim as salas que permitem simular a casa das máquinas de “todos os tipos de navio” e treinar a navegação nas mais diversas condições, além de ter visto as obras que resultarão na construção de uma simulação de um navio com três pisos, e onde se treinará também a resposta a emergências e incêndios.

Foi neste contexto que Temido, “mais terrestre do que marítima”, experimentou ainda assim pegar no leme com um cenário virtual que mostrava um rio Tejo afetado por uma grande tempestade. Identificaria, minutos mais tarde, o fenómeno dos populistos, as dificuldades na coesão do projeto social europeu e a guerra na Ucrânia como as principais “tempestades” que terá para enfrentar na Europa.

No barco simulado como na campanha, o que importa é que se saiba “o rumo” e “para onde se conduz”, diz (“para Bruxelas!”, gritaria alguém da comitiva, embora ali a paisagem fosse dar à Margem Sul do Tejo). “Sinto-me sempre confortável ao leme, sinto é sempre preocupação com os que viajam comigo”, diz aos jornalistas.

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No final da visita, a candidata socialista quis destacar a importância do Mar, uma área de formação em que Portugal “tem grande qualidade” e pode ajudar à diferenciação da economia e à retenção de jovens. “Estão a decorrer investimentos do PRR que permitem que a escola se continue a diferenciar”, destacou.

Depois, de volta às metáforas marítimas: “Não basta saber pilotar o navio, é preciso saber por onde vamos. Sabemos por onde ir para conduzir a UE”, assegurou, apontando para as prioridades da Habitação, emprego e políticas sociais e garantindo que em tempos de guerra e de investimento em Defesa e Segurança o PS é o “único” que consegue garantir que os investimentos sociais não ficam para trás. E justificou que a capacidade de pilotagem em tempos adversos não vem só da experiência como ministra:  “Seria injusto não dizer que 20 anos de administração hospitalar são também capacitação para lidar com imprevistos, necessidades das pessoas, contactar com elas e gerir contextos de recursos escassos”.

Já sobre a apresentação do plano de emergência para a Saúde e se este poderá ser ainda um ajuste de contas com os seus tempos no Governo, respondeu:  “Não me parece que na política se possam fazer ajustes de contas, não creio que isso leve a lado nenhum. Estou atenta”. É agora uma “observadora interessada”, mas focada na Europa.

Quanto à visita de Zelensky, que acontece esta terça-feira, Temido frisou a importância de a UE continuar “empenhada” também na resposta “estratégica” à Ucrânia, ou seja, ao alargamento: “Todos temos de fazer ajustamentos, outros países fizeram quando Portugal entrou”, avisou.

Da campanha, Temido diz “esperar que não haja grandes tempestades”. Arranca assim o segundo dia, em que irá ainda debater com os restantes candidatos com assento parlamentar, à noite, nas televisões.