A concelhia de Viseu do Partido Socialista (PS) assumiu esta quinta-feira “total solidariedade” com o conselho de administração da Unidade Local de Saúde de Viseu Dão-Lafões (ULSVDL) que pediu a demissão por “quebra de confiança política” da tutela.

“A concelhia do PS Viseu manifesta a sua total solidariedade a todo o conselho de administração e reconhece o bom trabalho desenvolvido ao longo do seu mandato na defesa do SNS [Serviço Nacional de saúde] e da prestação dos melhores cuidados de saúde à população”, escreve o PS.

No documento enviado à agência Lusa, assinado pela presidente da concelhia, Lúcia Araújo da Silva, o PS “salienta que as limitações de autonomia da gestão hospitalar são muitas vezes uma barreira na procura das respostas que são essências ao bom funcionamento de uma unidade hospitalar”.

“A falta de recursos humanos, nomeadamente falta de médicos, é um problema estrutural do SNS e as responsabilidades não podem ser apenas imputadas ao conselho de administração do hospital de Viseu, mas sobretudo devem ser assumidas por quem tutela a saúde, ou melhor, o Ministério da Saúde. Foi sempre assim ao longo dos vários governos e este não poderá ser diferente”, sustentou.

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O PS destaca o “excelente trabalho” da administração demissionária em diferentes situações, entre as quais, a pandemia de Covid-19, as obras de ampliação do hospital e a criação do laboratório de miologia molecular.

“Um investimento superior a 24 milhões de euros e que vai incluir unidade de radioterapia e hospital de dia hemato-oncológico e o projeto para a construção do novo hospital psiquiátrico de Viseu. Projeto que conta com investimento de 8,2 milhões de euros e o apoio do PRR” (Plano de Recuperação e Resiliência)”, referiu.

O conselho de administração da ULSVDL pediu hoje a demissão por “manifesta quebra de confiança política” da ministra da Saúde na “atual equipa do órgão de gestão” da Unidade, depois de declarações desta, na quarta-feira, numa audição parlamentar.

Ana Paula Martins disse que “não é aceitável ter em janeiro hospitais com profissionais já com o valor de horas extra anuais obrigatórias atingido” e considerou que as lideranças em saúde são “fracas”, e, nesse sentido, defendeu que “tem de haver escrutínio, tem de haver avaliação de desempenho para os gestores”.

“Não basta que os administradores venham dizer que não têm condições. É preciso perceber de que condições precisam”, sustentou Ana Paula Martins, sublinhando que “nestas unidades, três IPO e 39 ULS [Unidades Locais de Saúde], estão 15 mil milhões de euros de impostos dos portugueses”.

Em duas cartas da administração da ULSVDL a que a agência Lusa teve acesso, à ministra com o pedido de demissão e aos profissionais a justificar a decisão, o conselho considerou ter havido “quebra de confiança política na atual equipa” que foi nomeada ” a 07 de março de 2024 para desenvolver um projeto complexo de integração das instituições de saúde”.

As duas cartas terminam de igual maneira, com o conselho de administração a afirmar que deixa funções “com a consciência tranquila e com a certeza de que o trabalho realizado fala” pelos administradores.

A administração da Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões ativou em 1 de março o plano de contingência, por falta de médicos, que implicou o encerramento exterior das urgências pediátricas de sexta-feira a domingo no período noturno.

Segundo a administração da ULSVDL, a saída de dois médicos e a chegada do período de férias “agravaram” a situação levando ao encerramento das urgências pediátricas, desde 1 de junho, todas as noites da semana, entre as 20h00 e as 08h00.