Era um sonho, tornou-se uma vontade, transformou-se com o passar dos anos quase numa obsessão. O Sporting teve duas oportunidades para conseguir o tetracampeonato de futsal mas não alcançou essa meta. Ganhou em 1993, 1994 e 1995, não impediu a vitória do Correio da Manhã em 1996. Ganhou em 2016, 2017 e 2018, não impediu a vitória do Benfica em 2019 numa final com epílogo polémico e muito contestado. Até quando os leões ganhavam duas vezes seguidas, a ideia passava sempre pela quarta ainda antes de chegar a terceira. Agora, pela primeira ocasião na história, estava a 40 minutos desse objetivo. E ninguém passava ao lado desse dado histórico, a começar pela própria formação verde e branca que jogava em casa.

Há Guitta que faz mesmo a diferença: Sporting vence Benfica na Luz e sagra-se (de novo) tricampeão de futsal

“Estamos a uma vitória de conquistar algo inédito e é com esse pensamento que nos estamos a preparar, sabendo que vamos ter um adversário que tem qualidade. Em todos os três Campeonatos anteriores que o Sporting venceu ficámos em primeiro na fase regular, não me parece que estejamos só talhados para as fases finais. Estamos todos ansiosos, não só os jogadores. Aquilo que podemos controlar são as nossas ações no jogo, a estratégia, a forma como podemos marcar, os sítios certos para onde devemos correr, as linhas de passe que precisamos de fechar. Não há como desvalorizar, é um jogo muito importante para nós. Isso era um erro da nossa parte. Não é só mais um jogo, é o jogo que poderá dar algo que nunca ninguém alcançou, algo que é inédito, algo que é um recorde, algo que perseguimos e que vamos ficar nessa história, caso aconteça”, apontara Nuno Dias, treinador do Sporting, a projetar o possível tetracampeonato.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O primeiro Paçó rumo ao tetra: Sporting vence Sp. Braga no Jogo 1 com mais golos de sempre

“Vamos procurar ser a equipa que temos sido durante toda a época e durante mais minutos, uma equipa consistente, com qualidade, objetiva e muito solidária do ponto de vista defensivo. É isso que vamos procurar ser, desde o primeiro até ao último segundo. Temos de continuar a insistir e a persistir para conseguir a primeira vitória. É um jogo de tudo ou tudo, de ganhar ou ganhar e esse é o nosso estado de espírito e a nossa mentalidade”, salientara Joel Rocha, que tinha saído do jogo 2 com muitos elogios à capacidade que a equipa tinha demonstrado lamentando apenas a falta de eficácia até quando estava com mais uma unidade.

Depois da chuva, a seca de golos com a mesma colheita: Sporting ganha em Braga e fica a um triunfo do tetracampeonato

Os dois primeiros jogos da final tinham sido quase paradoxais nos seus filmes. A abrir, no jogo 1, houve um festival de golos na primeira parte (oito) antes do 4-0 nos 20 minutos finais do Sporting que selou o triunfo em 8-4. Depois, no jogo 2, golos foi algo que rareou e muito mas bastou aos leões um remate certeiro de Sokolov antes do 2-0 de Wesley a dez segundos do final para carimbar novo triunfo. O Sp. Braga, que até aqui não tinha perdido com os lisboetas (uma vitória e um empate na fase regular da Liga, mais um triunfo na final da Taça de Portugal), estava encostado às cordas sem margem de erro mas o Sporting não iria dar hipóteses, somando a terceira vitória consecutiva para a conquista do 19.º Campeonato e o inédito tetra.

Ainda com a bancada dos adeptos visitantes praticamente vazia no início do encontro, ao contrário do que tinha acontecido no jogo 1 da final, a partida começou com o Sporting mais confortável apesar da ausência por castigo de Pany Varela (também Robinho continuava de fora por lesão nos minhotos) e a não demorar a adiantar-se no marcado, com Alex Merlim a jogar 1×1 com Fábio Cecílio na esquerda, a fazer a diagonal para o meio e a rematar sem hipóteses para Dudu (5′). Os leões estavam melhores no encontro e aumentaram essa vantagem pouco depois, com Diogo Santos a conseguir fazer o remate possível na área após canto de Merlim e Fábio Cecílio a desviar para a própria baliza (9′). Ainda assim, seria sol de pouca dura: menos de um minuto depois, Tiago Brito aproveitou uma bola parada para rematar forte e rasteiro para o 2-1 (10′).

70 minutos depois, o Sp. Braga voltava a marcar. Tinham sido 20 minutos da segunda parte do jogo 1, mais 40 minutos de todo o jogo 2, agora mais dez minutos do jogo 3. Essa quase maldição tinha sido quebrada, com os adeptos minhotos que entretanto tinham entrado no Pavilhão João Rocha a puxarem pela equipa em busca do empate. Tudo ficou apenas pelas intenções: com maior capacidade de gerir tempos de jogo, os verde e brancos estabilizaram após o golo sofrido, voltaram a ter qualidade nas ações ofensivas e chegaram mesmo ao 3-1 a cinco minutos do intervalo com Zicky a fazer a recarga à boca da baliza após defesa incompleta de Dudu (15′). Não ficaria por aí, com Henrique a sair para a frente após fazer uma defesa a lançar o ataque rápido e Pauleta a trabalhar bem isolado frente a Dudu para o 4-1 que desequilibrava mais o jogo (19′).

O Sp. Braga tinha muito para mudar para o segundo tempo mas foi o Sporting que voltou a entrar por cima do jogo, tendo uma bola ao poste por Zicky (26′) antes do 5-1 do pivô, em mais um trabalho individual com remate a fuzilar Dudu (27′). Começava a sentir-se a festa no Pavilhão João Rocha, que se preparava para festejar um dos poucos objetivos que estava ainda por alcançar pelos leões, com quatro títulos consecutivos, depois de terem alcançado duas Ligas dos Campeões e também uma temporada a ganhar todos os troféus. E o Sp. Braga não demorou a arriscar o 5×4 com Tiago Brito como guarda-redes avançado, num momento que foi aproveitado por Alex Merlim para fazer o 6-1 (32′). Ygor Mota reduziu na parte final (35′), antes do 6-3 de Fábio Cecílio quando o jogo já tinha “acabado” dentro daquilo que tinha sido até aí.