A Mesa Nacional do BE reuniu-se este sábado para “debater a situação política” e analisar o resultado das eleições europeias, sendo as conclusões divulgadas no domingo pela coordenadora do partido, Mariana Mortágua.

No entanto, os eleitos pela moção E, opositora da direção de Mariana Mortágua, enviaram este sábado à comunicação social aquele que foi o projeto de resolução que apresentaram, estando entre estes nomes os ex-deputados Pedro Soares e Carlos Matias.

“O mau resultado do Bloco prolonga para este novo ciclo eleitoral as derrotas do ciclo anterior, desde 2019, numa preocupante linha de continuidade que exige ser explicada”, apontam estes críticos.

Para estes bloquistas, “não é um resultado pontualmente negativo que possa ser assacado à cabeça de lista ou inteiramente explicado pela conjuntura nacional”.

“Há, necessariamente, uma responsabilidade ligada à linha política seguida desde o período da geringonça. Esse é o balanço que importa fazer e que tem sido evitado ou protelado”, criticam.

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Particularmente para setores mais jovens, na opinião destes opositores, “o Bloco tornou-se significativamente indistinto ou apendicular do PS” e “trocou a radicalidade com que nasceu e se afirmou, pelo conforto da adaptação ao sistema”.

“Como se torna evidente nas posições sobre a guerra, na colagem às posições armamentistas do governo e da NATO, na ausência de crítica ao regime de Zelensky, na ambiguidade e falta de iniciativa sobre a Palestina, na ausência de crítica à construção neoliberal da UE, na ligação utilitarista aos movimentos sociais e ambientais, na desvalorização da intervenção local, na ausência de um projeto de sociedade, na omissão de um projeto ecossocialista”, exemplifica.

Tendo em conta a derrota, “a eleição de uma eurodeputada foi o aspeto positivo que permitiu ao BE ter representação no Parlamento Europeu”.

“Mas, não pode ser motivo para euforias ou servir para fugir a um balanço aprofundado que conduza às mudanças necessárias, sob pena de perda de identidade e declínio irreversível”, alerta.

As conclusões dos eleitos desta moção são ainda que o “PS consegue ganhar com um crescimento percentual de votos em relação às últimas legislativas, aproximando-se do resultado das europeias de 2019, apesar da intervenção direta do governo AD na campanha”.

“A extrema-direita tem uma perda importante de votos, comparativamente às recentes legislativas antecipadas, que configura uma derrota política e eleitoral”, refere, apontando que a IL e o Livre (este que não elegeu) “crescem em relação às anteriores europeias e legislativas”.

Os críticos internos da atual direção do BE apontam ainda que bloquistas e PAN “são os partidos que mais votos perdem, em termos relativos e absolutos, em comparação com as europeias de 2019 e legislativas deste ano”.

De acordo com dados da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI), com 99,91% dos votos contabilizados, o BE foi a quinta força política mais votada nas europeias, com 4,26% dos votos, o equivalente a cerca de 168 mil votos.

Os bloquistas elegeram a cabeça de lista e antiga coordenadora, Catarina Martins, mas perderam a dupla representação que tinham conquistado nas europeias de 2019, com Marisa Matias e José Gusmão.

Esta reunião ocorre também depois de, no final de maio, o BE ter perdido a representação que tinha na Assembleia Legislativa Regional da Madeira, eleições nas quais conquistou 1,41% dos votos, correspondente a 1.912 boletins.