Com Portugal apurado para os oitavos de final e com o primeiro lugar do Grupo F assegurado, as restantes equipas tinham a última jornada para decidir quem acompanhava a Seleção Nacional. As contas eram simples: a Turquia só precisava de um empate, a Geórgia tinha de vencer e a República Checa também tinha de ganhar.

Em Hamburgo, com um olho em Gelsenkirchen e no confronto entre Portugal e a Geórgia, República Checa e Turquia encontravam-se com várias alterações e mudanças nos respetivos onzes. Do lado checo, Ivan Hazek deixava Patrik Schick no banco, devido a problemas físicos, e lançava Jurásek, jogador do Benfica, no corredor esquerdo; do lado turco, Vincenzo Montella fazia sete mexidas, com Çelik e Kökçü como suplentes e Arda Güler a regressar à titularidade.

Numa primeira parte que terminou sem golos e que não teve grandes oportunidades, a República Checa até começou melhor e teve o primeiro lance de perigo, com Provod a rematar para defesa de Günok (10′). Aos 20 minutos, porém, os checos ficaram limitados: Antonín Barák viu dois cartões amarelos em menos de dez minutos e foi expulso por acumulação, condicionando desde logo todo o jogo.

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Ainda assim, e mesmo com a Turquia a passar todo o tempo até ao intervalo praticamente inserida no meio-campo adversário, a defesa checa foi conseguindo estancar as investidas e a única oportunidade até ao intervalo pertenceu mesmo a Jurásek, que atirou forte para nova defesa de Günok (45′). Com a Geórgia a vencer Portugal, porém, o Grupo F chegava ao intervalo com portugueses, turcos e georgianos apurados e os checos fora do Euro 2024.

Só Vincenzo Montella mexeu ao intervalo, acautelando o cartão amarelo de Salih Özcan com a entrada de Kaan Ayhan, e a Turquia criou desde logo a primeira oportunidade da segunda parte com um cabeceamento de Burak Yılmaz que Jindřich Staněk defendeu (47′). A resistência da República Checa, porém, durou pouco mais: com pouco mais de cinco minutos no segundo tempo, Çalhanoğlu aproveitou uma bola perdida na área e atirou cruzado e forte para abrir o marcador (51′).

Ivan Hazek fez três substituições logo depois — sendo até forçado a mudar o guarda-redes por lesão de Staněk –, e a República Checa acabou por rematar contra a maré do jogo para empatar. Num lance muito confuso, na sequência de um lançamento de linha lateral, Günok ficou mal na fotografia ao soltar a bola no ar e Tomáš Souček aproveitou para rematar (66′). 

Só ao quarto minuto de descontos, porém, é que o jogo ficou resolvido. Numa transição letal, Cenk Tosun entrou na área pela esquerda, puxou para dentro e atirou forte para carimbar a vitória e o apuramento da Turquia, que ficou no segundo lugar do Grupo F (90+4′). Por outro lado, a República Checa registou apenas um ponto e está eliminada do Euro 2024.

O joker

  • Cenk Tosun. Foi aposta aos 75 minutos, quando Vincenzo Montella mostrou que ainda queria ganhar o jogo, e correu até ao quarto minuto de descontos para carimbar a vitória da Turquia. Aos 33 anos e internacional desde 2013, o avançado do Besiktas é dos mais experientes da seleção turca e já justificou o regresso às convocatórias para os Europeus depois de não ter entrado nas contas no Euro 2020.

A pérola

  • Sem margem para dúvidas, Hakan Çalhanoğlu. O médio do Inter Milão estreou-se a marcar em fases finais, apesar de já levar 19 golos pela Turquia, e voltou a deixar claro que é o verdadeiro líder de uma seleção que mistura muita experiência com muita juventude. Foi o equilíbrio de uma equipa de Vincenzo Montella que teve de se esforçar para quebrar os muros da República Checa e mostrou que, sempre que a bola lhe chega, é para ser bem tratada.

A sentença

  • Com este resultado e a derrota de Portugal em Gelsenkirchen contra a Geórgia, a Turquia está apurada para os oitavos de final através do segundo lugar do Grupo F e vai defrontar a Áustria. Já a República Checa está eliminada do Euro 2024, com apenas um ponto, e a Geórgia segue em frente enquanto um dos melhores terceiros classificados, cruzando com Espanha na próxima fase.

A mentira

  • A Turquia não é carta fora do baralho. Apesar de uma fase de grupos complicada, com uma derrota pesada frente a Portugal e este confronto com a República Checa que só ficou definido nos descontos, os turcos jogam bem, são bem organizados e sabem utilizar a típica chama para os motivar quando algo não corre bem. Contra a Áustria, uma das equipas-sensação da fase de grupos, tem possibilidades de sonhar.