O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, saudou esta quarta-feira o seu homólogo ruandês, Paul Kagame, pela reeleição ao cargo de Presidente da República, que vê como “uma recompensa pela sua dedicação altruísta” ao Ruanda.

“Por ocasião desta vitória eleitoral, em nome do povo, do Governo da República de Moçambique e no meu próprio, gostaria de endereçar a vossa excelência, ao partido no poder e ao povo ruandês as nossas mais calorosas felicitações, fazendo os melhores votos de êxitos ao assumir o novo mandato no cargo esmagadoramente confiado pelo povo do Ruanda”, afirma Filipe Nyusi, citado num comunicado emitido esta quarta-feira pela Presidência moçambicana.

Na sua mensagem, o chefe de Estado moçambicano sublinha que a reeleição de Kagame “surge como uma recompensa pela sua dedicação altruísta e amor pelo povo de Ruanda, que viu nele um líder verdadeiro para materializar as suas aspirações de uma nação ruandesa forte, pacífica, próspera e unida, onde todos os ruandeses gozam de iguais oportunidades para realizar os seus sonhos e bem-estar”.

Os resultados parciais das eleições de segunda-feira no Ruanda confirmam a vitória esperada de Paul Kagame, no poder desde 2000.

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Resultados parciais confirmam vitória esperada de Paul Kagame no Ruanda

O Presidente Nyusi, refere o comunicado, termina a mensagem de saudação “manifestando a sua disponibilidade para continuar a trabalhar estreitamente” com o Presidente Kagame, para “fortalecer ainda mais as excelentes relações de amizade, solidariedade e cooperação que prevalecem” entre os dois países, povos e Governos em “benefício mútuo”.

Uma força de mais de 2.000 militares do Ruanda, que começou a ser reforçada desde abril, combate os grupos terroristas que operam há quase sete anos na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, protegendo nomeadamente a aérea em que francesa TotalEnergies tem um empreendimento para explorar gás natural, após acordo entre os dois governos.

Na terça-feira, quando estavam apurados 80% dos boletins, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) do Ruanda anunciou que Kagame contava com 99,15% dos votos, enquanto os dois únicos candidatos que concorreram contra o atual Presidente não conseguiram, entre si, atingir 1% do total de votos.

Frank Habineza, 47 anos, candidato do Partido Verde Democrático do Ruanda (DGPR), obteve 0,53% dos votos, enquanto o jornalista e candidato independente Philippe Mpayimana, 54 anos, conseguiu apenas 0,32%.

Ambos os candidatos já enfrentaram Kagame nas eleições presidenciais de 2017, onde juntos obtiveram apenas 1,2% do apoio popular.

Habineza já declarou aceitar o resultado das eleições, tendo felicitado Kagame.

A CNE tem até dia 20 para publicar os resultados provisórios completos e até dia 27 para divulgar os resultados finais, que permitirão ao Presidente revalidar o seu quarto mandato de cinco anos.

O partido de Kagame lidera o país desde que tomou o poder em 1994 como um grupo rebelde, depois de derrubar o Governo extremista da etnia hutu que desencadeou o genocídio desse ano, no qual foram mortos cerca de 800.000 tutsis e hutus moderados.

De uma população total de pouco mais de 13,2 milhões de habitantes, cerca de 9,5 milhões de eleitores recenseados foram chamados às urnas na segunda-feira, num dia de eleições marcado pela calma e longas filas.

Dois opositores, Victoire Ingabire e Diane Rwigara, que criticam fortemente a administração de Kagame, foram proibidos pelas autoridades eleitorais de participar nas eleições.

Nos últimos anos, as organizações de defesa dos direitos humanos têm denunciado a redução do espaço democrático no país, bem como as detenções arbitrárias e os desaparecimentos de dissidentes às mãos do Governo.

Os ruandeses também elegeram na segunda-feira 53 membros da Câmara dos Deputados (câmara baixa do parlamento) por sufrágio direto, sendo os restantes 27, dos quais 24 devem ser mulheres, escolhidos indiretamente por entidades locais e nacionais.