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Cerca de 150 mil palestinianos na Faixa de Gaza foram forçados a deslocarem-se em apenas dois dias após a ordem israelita de evacuação de bairros na zona oriental de Khan Yunis, declarou esta quarta-feira uma organização não-governamental (ONG).

Segundo o Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC, na sigla em inglês), algumas pessoas deslocaram-se para Al-Mawasi, uma zona a oeste de Khan Yunis (sul de Gaza) que, apesar de ter sido designada pelo exército israelita como “zona humanitária”, foi atacada em diversas ocasiões e onde as hostilidades “podem explodir” a qualquer momento.

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“A maioria das operações israelitas começa depois da meia-noite, por isso, as pessoas fogem para qualquer lado em busca de segurança”, disse a responsável da equipa de apoio do NRC em Gaza, Salma Altaweel, num comunicado.

A representante local do NRC recordou que muitos deslocados acabam em locais “piores do que onde estavam” e permanecem nesses lugares apenas semanas ou meses, sem se instalarem definitivamente, como é o caso da sua família, que já foi deslocada 11 vezes.

Acusou também Israel de “obstrução sistemática” à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, bem como de ataques contínuos às instalações, funcionários e pontos de distribuição das ONG, o que impediu a equipa do NRC no terreno de receber mantimentos desde 3 de maio.

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É a primeira vez que me vejo incapaz de oferecer ajuda aos outros. Como cooperante, dói-me não poder fazer nada”, lamentou a coordenadora humanitária.

Essa obstrução à entrada de ajuda humanitária fez-se sentir também no norte da Faixa, onde garantiu “não resta nada que se assemelhe à vida” e onde os preços continuam a subir.

“Quando se vê a debandada em torno dos dois únicos camiões de ajuda que chegaram há semanas, como as crianças não se conseguem levantar e andar, as mortes por subnutrição em menores, não se tem dúvidas do que se passa aqui”, afirmou.

Enfatizou ainda o efeito do conflito na educação das crianças de Gaza, uma geração que disse “estar a se perder” como resultado da destruição de escolas devido aos combates.

“Para retomar a educação vamos precisar de dois ou três anos”, disse.

Perante esta situação, o NRC lançou um programa de educação em eituações de emergência em quatro locais para deslocados internos em Deir al-Balah, no centro da Faixa, com o objetivo de satisfazer as necessidades educativas e psicossociais de 2.000 crianças.