O presidente da RTP defendeu esta terça-feira que é preciso olhar para o contrato de concessão da empresa e analisar se os oito canais de televisão e os sete de rádio “fazem sentido hoje em dia”.

Nicolau Santos falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, no âmbito da audição dos membros indigitados para o Conselho de Administração da RTP.

Na sua intervenção inicial, o presidente do Conselho de Administração da RTP destacou a atual “mudança brutal e rápida no setor dos media em todo o mundo”, com as audiências a cair na televisão e na rádio linear, com os públicos a fugirem para o digital. O gestor sublinhou que “nenhum operador em Portugal escapa” a esta tendência.

É necessário olhar para o contrato de concessão [que está para ser revisto] (…) para sabermos se os oitos canais que temos de televisão e os sete de rádio fazem sentido hoje em dia, se devem ser esses, se devem ser outros, se podemos agregar conteúdos, se podemos mudar eventualmente aquilo que estamos a fazer”, considerou o responsável.

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Isso passa também por olhar para a rede de delegações do país e nas ilhas, como também a rede de delegações em África. “Penso que este é um exercício que todos deveríamos fazer para saber se hoje em dia uma RTP adaptada a estes tempos necessita fazer algumas mudanças”, prosseguiu.

O contrato de concessão “é essencial”, sublinhou, afirmando que a administração espera que seja possível concluir a renovação do mesmo nesta legislatura.

Nicolau Santos disse ainda que “é obrigatório manter a sustentabilidade da empresa”, que tem tido resultados positivos nos últimos 14 anos e “uma dívida perfeitamente controlada”.

Apontou ainda os “encargos elevados” que a televisão digital terrestre (TDT) acarreta para a empresa, servindo “cada vez menos pessoas”, mas há um contrato até 2030.

A transição digital está no “centro” da ação da administração — composta por Nicolau Santos, Hugo Figueiredo e Sónia Alegre – neste próximo mandato.

Durante a sua intervenção, Nicolau Santos salientou a necessidade de uma nova organização da empresa, mais transversal, com “muitas sinergias em diferentes áreas” e crescimento nas plataformas digitais.

Considerou que é preciso que “haja uma maior utilização” dos conteúdos produzidos pela RTP em todas as áreas, nomeadamente dos Açores, da Madeira, da RTP África, “não só na parte linear da RTP e da RDP”, mas também “presente nas plataformas digitais”.

O presidente da RTP reiterou a necessidade de requalificação do quadro pessoal da RTP, onde tem “trabalhadores excelentes, muito dedicados”, mas é preciso “constatar” que o nível etário ultrapassa os 50 anos, referindo que muitas pessoas e os sindicatos gostariam que houvesse um plano de saídas voluntárias, contratando sobretudo nativos digitais.

O modelo de contratação de pessoas “existe desde 2013”, recordou, o que limita a RTP a contratar sem autorização das tutelas, nomeadamente das Finanças, pelo que tem que recorrer ao contrato de prestação de serviços.

“Não temos capacidade de contratar”, reiterou, referindo que a administração tem insistido com os ministérios das Finanças, Assuntos Parlamentares e com o Trabalho para se resolver esta situação.