O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) exortou esta terça-feira o novo conselho de administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Viseu Dão Lafões a resolver problemas destes profissionais que estão identificados desde 2018.

Em dia de greve, meia centena de enfermeiros da ULS Viseu Dão Lafões concentrou-se em frente ao hospital de Viseu onde, segundo o SEP, o bloco operatório e a cirurgia de ambulatório pararam entre as 8h00 e as 12h00 por falta destes profissionais.

Em declarações aos jornalistas, Alfredo Gomes, da direção do SEP, explicou que em causa estão problemas como a não contabilização de pontos para efeitos de progressão na carreira e o facto de haver mais de 70 enfermeiros com vínculo precário.

“Vamos abordar o conselho de administração no sentido de lhe solicitar uma reunião para transmitirmos aquilo que já transmitimos aos anteriores e tentar encontrar soluções para todos estes problemas”, frisou.

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Alfredo Gomes referiu que a não contabilização de pontos tem prejudicado muitos enfermeiros que acabam por ficar “duas ou três posições remuneratórias atrás” de colegas, uma situação que já está identificada desde 2018.

No que respeita à precariedade, acrescentou, há mais de 70 enfermeiros nessa situação, “alguns já do tempo da Covid, que a instituição teima em não transformar em contratos sem termos”.

O dirigente sindical considerou que “a culpa não é só da administração, é também do Ministério da Saúde”, que aprova os planos de desenvolvimento organizacional, “mas com reticências”.

“Quando vêm os planos aprovados para os conselhos de administração há lá sempre uma vírgula e um ponto final no que diz respeito à contratação, o que impossibilita o conselho de administração de proceder à contratualização”, sublinhou.

Alfredo Gomes disse ainda que na ULS Viseu Dão Lafões se verifica uma desigualdade de tratamento dos enfermeiros: “temos aqui enfermeiros que, com contrato de trabalho de funções públicas, têm mais um dia de férias por cada dez anos de serviço e temos outros que trabalham no mesmo serviço e só porque têm contrato de trabalho individual de trabalho não têm direito a esse dia”.

Os responsáveis do SEP esperam sensibilizar o conselho de administração que foi nomeado na semana passada pela direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e tem como presidente António Sequeira.

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O anterior conselho de administração da ULS Viseu Dão Lafões tinha pedido a demissão no dia 13 de junho, por “manifesta quebra de confiança política” da ministra da Saúde na “atual equipa do órgão de gestão” da Unidade.

“Face à falta de confiança manifestada no nosso desempenho enquanto líderes e gestores, vimos apresentar a vossa excelência o nosso pedido de demissão”, justificou, na altura.

Alfredo Gomes disse que o SEP tem um plano de luta delineado para este mês, “do Minho ao Algarve, com dez dias de greves marcadas em várias instituições e concentrações”.

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“A única garantia que podemos dar aos enfermeiros que aqui estão é que o SEP não baixa os braços. Que tempo é que isto vai demorar? Não sabemos, porque já andamos há seis anos com isto, mas vamos continuar até conseguir aquilo que achamos justo”, garantiu.