Pedro Pichardo, prata nos Jogos Olímpicos de Paris, tinha acabado de dizer à RTP que se sentia, antes da competição, desmotivado. O ano tinha sido difícil e não sentia apoio das instituições nem do Governo. Luís Montenegro, primeiro-ministro há quatro meses, não ouviu estas palavras, e assumiu apoio à alta competição no próximo ciclo olímpico, que termina em Los Angeles, em 2028, o mesmo ano, recorda, em que termina a sua legislatura.

“É um ídolo do desporto, um atleta magnífico, de entrega fantástica. E muitas vezes expressa gratidão a Portugal que justifica todo o percurso que o levou a adquirir nacionalidade e representar o país”, declarou Luís Montenegro, garantindo que Pichardo foi “bem acolhido em Portugal”.

“O orgulho que temos nele é igual a qualquer outro [foi questionado pelo facto de ser cubano]. Vestir aquela camisola, e levar o símbolo de Portugal ao peito é inexplicável independentemente do local de nascimento”.

Garantindo que ainda não tinha falado com Pichardo, o primeiro-ministro falou em “momento muito marcante destes Jogos Olímpicos”, com Pichardo a conseguir prata a seguir a um ouro em Tóquio.

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“Estamos muito satisfeitos com o desempenho dos nossos atletas. O balanço é positivo. Estes atletas que fazem percursos de grande sacrifício, de grande capacidade de sofrimento mesmo para atingir o topo são verdadeiros heróis, e exemplos para alimentar a juventude a encontrar talento desportivo e a dar passos que possam trazer aos novos Jogos Olímpicos, no futuro, novos atletas”.

Ainda assim falou de um resultado frustrante, até porque Pichardo ficou a dois centímetros da marca que deu ouro a Espanha. “Não há dúvida que é frustrante. Dois centímetros é uma coisa muito pequena, numa prova onde o resultado atingiu quase os 18 metros. As coisas são os que são. Podia ter sido ao contrário. Há sempre aquele amargozinho de boca”, até porque Pichardo, nesse salto, ficou a “23 centímetros, seguramente 20 centímetros” do limite da linha.

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“O apoio de todo o estádio foi uma grande motivação”, declarou o primeiro-ministro, recordando o último salto nos 17,81 metros. “Pensei que ia chegar”, até porque, disse, “ao longe” não conseguia “ter exatidão do que era o resultado. “Pichardo está de parabéns. O atletismo está de parabéns. O desporto está a oferecer esperança para o futuro”, para dentro de quatro anos “chegarmos a Los Angeles e superar os resultados bons”.

De manhã, tinha mostrado esperança de que as quatro medalhas que o comité olímpico traçou como objetivo possam ainda ser superadas. Portugal tem, neste momento, e nestes Jogos três medalhas: bronze no judo, prata no ciclismo de pista e prata no triplo salto.

Montenegro “orgulhoso” ainda espera que Portugal supere as quatro medalhas mas “sem pressão”. E promete apoiar o desporto

Tal como já tinha dito de manhã, Montenegro prometeu apoio ao desporto de alta competição.

“Estamos em funções há quatro meses, não vale a pena ignorar que o processo de preparação dos Jogos Olímpicos veio dos nossos antecessores, presumo que tenham feito todos os esforços possível”.

Mas para o próximo quadriénio, “que é o tempo que temos de governo, o nosso mandato acaba em 2028 [ano dos Jogos de Los Angeles], tudo faremos para impor em Portugal uma cultura de prática desportiva generalizada mais forte, queremos portugueses a fazer mais desporto, que os jovens procurem talento nas escolas e apoiar a alta competição”.

É que “aqueles que, como nós, ambicionam ter títulos têm de perceber que os títulos dão muito trabalho individualmente e por parte das organizações”. Prometeu, assim, “alocar os meios que podermos para termos na alta competição bons resultados”.

E isso traduz-se em “oferecer condições de treino, possibilidade de conciliar todos os interesses que os atletas têm de conciliar, preparação olímpica e realização de provas. Gosto muito de desporto, compreendo o fenómeno de forma próxima, mas não sou técnico. Naquilo que as políticas públicas e o governo poder ajudar nós faremos isso”.

“Tudo o que se puder acrescentar ao muito do que já se fez, faremos isso. Não vamos prometer mundos e fundos, mas a ajuda maior possível”. Essa é a forma, disse, de retribuir aos atletas. “É mesmo necessário em provas como esta uma calendarização que traga os atletas ao pico da sua forma neste momento, decisivo”.

O Governo, anunciou, está a preparar o plano estratégico para desporto, com reforço de instrumentos para clubes e federações.