Dezenas de venezuelanos e luso-venezuelanos concentraram-se esta quinta-feira no Funchal, junto à Assembleia Legislativa da Madeira, onde o Comando Com Venezuela foi entregar ao presidente do parlamento regional atas que demonstram a derrota de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais.

O Comando Com Venezuela de Portugal entregou ao presidente da Assembleia Legislativa Regional, José Manuel Rodrigues, as atas obtidas dos diferentes centros de votação que demonstram “que o Presidente da República Bolivariana de Venezuela é Edmundo González Urrutia, com 7.173.152 votos, contra os 3.250.424 que obteve Nicolás Maduro“.

Falando aos presentes na concentração, antes do encontro com José Manuel Rodrigues, Ana Cristina Monteiro, uma das organizadoras, realçou que a iniciativa desta quinta-feira visa exigir que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) divulgue as atas das eleições de 28 de julho.

A também presidente Associação da Comunidade de Imigrantes Venezuelanos na Madeira (Venecom) apelou que os partidos com representação no parlamento regional aprovem uma proposta para que a Assembleia da República “exija à Venezuela uma resposta”. “É importante para a Venezuela ter o apoio político de todos os partidos democráticos”, afirmou, reforçando que é necessário “recuperar” aquele país da ditadura.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Lídia Albornoz, que leu o documento entregue ao presidente da Assembleia Legislativa Regional, destacou os problemas com que se deparam os venezuelanos, nomeadamente na área da saúde, com falta de cuidados e de medicação, assim como de segurança. “A comunidade venezuelana anseia por um país livre de repressão”, vincou, defendendo que “Nicolás Maduro tem de ser preso porque é um criminoso”.

No final da reunião, José Manuel Rodrigues (CDS-PP) saudou a iniciativa, manifestando admiração pela luta que a comunidade “tem travado na Madeira para que a democracia chegue à Venezuela e para que os resultados eleitorais […] sejam tornados públicos”. “Mas queria sobretudo enaltecer a luta daqueles que estão na Venezuela, que pacificamente estão a resistir com uma enorme coragem a um processo de perseguições e de outras maleitas que violam os direitos humanos”, acrescentou.

O presidente do parlamento regional desejou também que “exista um processo de reconhecimento internacional do processo eleitoral na Venezuela de verificação independente das atas“.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o CNE atribuiu a vitória a Nicolás Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um “ciberataque” de que alegadamente foi alvo.

A oposição venezuelana convocou um “grande protesto mundial pela verdade” no próximo sábado em mais de 100 cidades do mundo, incluindo Portugal. Na Madeira está prevista uma caminhada no centro do Funchal, às 10h30.