A situação política francesa pareceu um pouco mais perto do desbloqueio na manhã desta sexta-feira, depois de os líderes da coligação de esquerda que ficou à frente nas últimas eleições terem saído “extremamente satisfeitos” de uma reunião com Emmanuel Macron. Ainda assim, e apesar da nota positiva à saída de uma ronda de reuniões classificada como “tensa” na imprensa francesa, ainda não há fumo branco — isto é, não se sabe quando é que França terá, finalmente, um novo governo.

Como conta o Libération, a reunião com os responsáveis da Nova Frente Popular, que ficou à frente nas eleições mas longe de conquistar a maioria dos deputados, durou duas horas e trouxe reações positivas. “Estamos extremamente satisfeitos por termos sido recebidos todos juntos e unidos. Tivemos uma discussão muito rica e ficamos satisfeitos por o Presidente da República ter reconhecido que os franceses quiseram mandar uma mensagem”, disse à saída a candidata a primeira-ministra da NFP, Lucie Castets.

“O Presidente está lúcido sobre isso, o que é uma notícia muito boa”. Ainda assim, segundo Castets, Macron continua a ter a “tentação” de “compor o seu próprio governo”, seis semanas após as eleições que levaram à demissão do primeiro-ministro centrista, Gabriel Attal, que continua a ocupar o cargo mas apenas de forma interina.

Com a solução para um novo governo em França ainda por encontrar, a candidata da esquerda disse-se “pronta” para começar a “construir alianças” nesse sentido. Também Manuel Bompard, responsável da França Insubmissa, disse ter visto “pontos positivos” na reunião, atirando. “Dois meses depois, o Presidente da República começa a perceber que perdeu as eleições” — mesmo que ainda conserve a tentação de ser mais um “selecionador” do que um “árbitro”, cita o Figaro.

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Os socialistas saíram da reunião assegurando que, apesar de não haver data para a nomeação do próximo primeiro-ministro, o calendário deverá ser “rápido” e que Macron terá reconhecido que a coligação das esquerdas tem toda a legitimidade para governar e falado numa futura “coabitação”. Já os ecologistas disseram esperar por uma resposta na terça-feira, estando o Palácio do Eliseu a avaliar a necessidade de voltar a marcar reuniões com os partidos na próxima semana, segundo conta o Le Parisien.

Durante o resto do dia prosseguiram as reuniões, com os representantes do partido centrista de Macron e os Republicanos a deslocarem-se também ao Eliseu — sendo que estes últimos já vieram ameaçar que avançarão com uma moção de censura se o novo governo incluir membros do França Insubmissa.

O bloqueio da situação política em França começou há seis semanas, com umas eleições em que o bloco das esquerdas ficou em primeiro lugar, o partido centrista de Macron em segundo e a União Nacional de Marine Le Pen em terceiro, sem que nenhum conseguisse formar maioria sozinho. Macron chegou a rejeitar o nome de Lucie Castets como primeira-ministra, defendendo que o novo governo precisará de reunir um apoio “amplo e estável” para conseguir contornar uma eventual moção de censura.

Esquerda vence em França com 182 deputados. Frente Nacional de Le Pen fica em terceiro com 143