O Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil (SinFAP) decidiu criar uma equipa multidisciplinar para apoiar as intervenções de recuperação pós-incêndio que serão levadas a cabo pelas entidades da Madeira.

Em declarações à Lusa, André Morais, técnico de proteção civil e dirigente do SinFAP, sublinhou que é preciso “olhar para o pós-incêndio o mais rápido possível”.

Para tal, o sindicato criou uma equipa “com seis, sete elementos, dois deles da Região Autónoma da Madeira”, especializados em florestas, gestão de emergência, climatologia e ordenamento do território.

Mal o incêndio foi dado como controlado, o SinFAP enviou um email a todas as autarquias da Madeira, à Associação de Municípios da Região Autónoma e ao próprio governo regional a oferecer a sua ajuda, sem custos diretos, sublinhou André Morais.

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Esta segunda-feira, a Proteção Civil da Madeira declarou “totalmente extinto” o incêndio rural que deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana.

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.045 hectares de área ardida.

O SinFAP assinala que “não quer apontar o dedo, de forma destrutiva, quer melhorar, quer criar sinergias para que, na verdade, a ilha da Madeira possa ser mais e melhor”.

A equipa multidisciplinar está apta para apoiar a avaliação de danos causados pelo incêndio, bem como a avaliação dos solos que foram afetados.

André Morais destaca que é necessário proceder a uma “estabilização de emergência”, controlando as encostas, as zonas de elevação que possam provocar movimentos de vertente, para evitar o desprendimento de matéria orgânica ardida e também de zona rochosa.

Simultaneamente, é preciso monitorizar as linhas de água, de forma a manter água potável para pessoas e para animais.

O SinFAP propõe-se ainda elaborar um programa de reflorestação e um plano de gestão florestal “que seja amplo”.

Criar um mapa de riscos da ilha é outra das propostas do sindicato. “Sabendo que a orografia da Madeira é muito específica e muito complexa, há sítios que arderam onde é possível fazer aceiros, (…) pontos de acesso a meios terrestres, sejam ligeiros, sejam pesados, e também a criação de pontos de água ao longo das encostas”, que funcionem como reservatórios de água, “até porque as condições meteorológicas na ilha permitem isso”, afirmou.

Destacando que a Madeira tem “grandes profissionais”, com a “competência e qualidade” necessárias, o SinFAP considera que pode ajudar a criar sinergias para “fazer algo mais abrangente”.

Em comunicado, o SinFAP recordou que, “nos últimos anos, a Região Autónoma da Madeira tem sido severamente afetada por diversos eventos, resultando em perdas significativas para o meio ambiente, a economia local e as comunidades”.

Em resposta, o SinFAP quis “fazer de outra maneira” e decidiu mobilizar “recursos e conhecimentos” para apoiar a recuperação.

“É muito fácil falar dos problemas sem apresentar soluções ou então até apresentar soluções sem dar o primeiro passo”, assinalou André Morais.