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A equipa que se perde na ilha quando vê uma bóia de salvação à frente (a crónica do Marítimo-Sporting)

Este artigo tem mais de 5 anos

Se Raphinha fosse titular, jogo era outro. Se houvesse eficácia, resultado era outro. Se não fosse a derrota em maio, contexto era outro. Sporting voltou à Madeira mas não saiu do condicional (0-0).

Bas Dost, aqui em disputa de bola com Edgar Costa, teve apenas uma boa oportunidade na primeira parte para chegar ao golo
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Bas Dost, aqui em disputa de bola com Edgar Costa, teve apenas uma boa oportunidade na primeira parte para chegar ao golo

GREGÓRIO CUNHA/LUSA

Bas Dost, aqui em disputa de bola com Edgar Costa, teve apenas uma boa oportunidade na primeira parte para chegar ao golo

GREGÓRIO CUNHA/LUSA

O futebol, como outros desportos, marginaliza uma série de palavras que não entram no dicionário de um fenómeno que, por mais lutas entre David e Golias que possa ter, nunca perde a sua ponta de aleatório. Uma delas, talvez a principal, é o “se”. Porque se aquele avançado não falhasse aquele golo, tudo seria diferente. Porque se aquele defesa estivesse mais à frente o lance poderia ser invalidado. Porque se o treinador tivesse lançado aquele médio o jogo ganharia outras características. A única coisa que pode diferir é a dimensão do “se”. Esta segunda-feira, o Sporting cruzava-se com o “se” que lhe mudou a história recente. De certa forma, ou no limite, com o “se” que lhe marcará o futuro. Por quanto tempo e de que forma, só o tempo conseguirá dizer.

Sporting volta a perder pontos com Marítimo (0-0) e não aproveita derrota do Sp. Braga

Se a equipa verde e branca tivesse ganho no Estádio do Marítimo a 13 de maio, na última jornada da Liga de 2017/18, tudo seria diferente. O resto da espiral, que teve como epicentro a bárbara invasão à Academia em Alcochete dois dias depois da derrota que privou os leões de disputarem o acesso à fase de grupos da Champions, é conhecida. E mudou por completo um clube que ainda não saiu da crise de identidade daí advinda, como se viu nos últimos dias em que, mais uma vez, no seguimento da eliminação da Liga Europa frente ao Villarreal, o foco esteve nos ajustes de contas com o passado sem se perceber como isso pode afetar o presente e condicionar o próprio futuro. O ruído existirá sempre. É uma sintomatologia crónica de um clube incapaz de sentir as suas doenças. O seu eco, esse sim, depende sempre dos resultados. E era também aí que entroncava a importância do jogo.

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Depois do empate em Espanha, muito marcado pela expulsão de Jefferson quando a eliminatória estava empatada no início da segunda parte, o Sporting sabia que ficava com 13 ou 14 jogos até final de maio, mediante o resultado na segunda mão da meia-final da Taça de Portugal frente ao Benfica, em abril. E ganhou um outro estímulo com a primeira derrota caseira do Sp. Braga no Campeonato frente ao Belenenses, o que abria uma janela de oportunidade para reduzir a desvantagem para o terceiro lugar para apenas um ponto (e com vantagem no confronto direto) – o que também tem influência, não só em termos desportivos mas no que toca a acordos publicitários e com demais parceiros, onde está previsto bónus mediante a performance na Primeira Liga. Tudo importante. Mas um bom resultado tinha relevância maior por outro aspeto paralelo.

Os primeiros encontros de Marcel Keizer tiveram o condão de evidenciar aquilo que parece hoje óbvio para todos: as “polémicas” e as trocas de palavras entre antigos, atuais e putativos futuros dirigentes só são realmente ouvidas quando o futebol não ganha. Mais do que a mola real do clube em termos financeiros, “a bola” funciona como termómetro para o ruído externo, congelando tudo o que se passe fora das quatro linhas quando ganha e promovendo um aumento de temperatura quando o resultado não sai. Entre meio de novembro e final de dezembro, com a cadência de triunfos consecutivos, esse “outro mundo” andou arrumado; a seguir aos dois desaires com o Benfica, mesmo depois da vitória na Taça da Liga, já não foi bem assim.

Ficha de jogo

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Marítimo-Sporting, 0-0

23.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Marítimo, no Funchal

Árbitro: Tiago Martins (AF Lisboa)

Marítimo: Charles; Nanu, Zainadine, Grolli, Renê, Rúben Ferreira; Edgar Costa, Pelágio (Fabrício, 61′), Vukovic, Barrera (Correa, 68′) e Getterson (Joel Tagueu, 78′)

Suplentes não utilizados: Pedro Mateus, Bebeto, Rodrigo Pinho e Gamboa

Treinador: Petit

Sporting: Renan; Ristovski, Ilori, Coates, Borja (Raphinha, 46′); Gudelj (Doumbia, 46′), Wendel (Luiz Phellype, 80′), Bruno Fernandes; Diaby, Acuña e Bas Dost

Suplentes não utilizados: Salin, André Pinto, Jefferson e Francisco Geraldes

Treinador: Marcel Keizer

Ação disciplinar: cartão amarelo a Barrera (29′), Borja (38′), Gudelj (39′), Edgar Costa (45+2′), Coates (51′ e 90+3′), Rúben Ferreira (67′), Getterson (67′), Correa (72′) e Acuña (90+4′); cartão vermelho por acumulação a Coates (90+3′); ordem de expulsão a Marcel Keizer (90+4′)

Esta noite, não foi falta de tentativa. Depois de uma primeira parte sem grandes motivos de interesse, o Sporting arriscou tudo, criou oportunidades, pressionou mas não conseguiu desfazer o nulo, não aproveitando a derrota dos bracarenses para colar no terceiro lugar e correndo o risco de ver o Benfica, o segundo classificado, ficar a dez pontos – uma distância quase irrecuperável. E o estado emocional da equipa ficou bem patente nos descontos, onde Coates viu o segundo amarelo por ter empurrado Charles e Keizer e Nélson Pereira receberam ordem de expulsão. Quando alguém tão calmo como costumar ser o holandês sai assim, fica quase tudo dito. Na Madeira, os leões voltaram a ficar pelo condicional – se tivessem conseguido transformar uma das chances, teriam ganho. Mas se não dessem 45 minutos “de borla”, podia ter sido diferente. E essa foi a grande razão para o nulo.

Com as alterações iniciais esperadas, trocando Renan Ribeiro por Salin na baliza e Acuña em vez de Jefferson na esquerda, o técnico holandês parecia manter o mesmo sistema de 3x4x3 que utilizara com Sp. Braga e Villarreal (que o próprio descreveu de forma mais pormenorizada como 3x4x2x1, ficando assim ainda mais complicado de perceber os terrenos que Diaby deve pisar) mas não demorou a desfazer essa disposição por um mais tradicional 4x3x3. Coates, ao contrário do que é normal, ficou como central do lado esquerdo para qualquer eventualidade mas a colocação de Borja aberto na esquerda permitiu que Acuña subisse e ocupasse a posição de ala com que começou (com sucesso) a última temporada. O Sporting tinha mais unidades nos últimos 30 metros de campo mas foi através da meia distância de Bruno Fernandes que deixou a primeira ameaça (5′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Marítimo-Sporting em vídeo]

Os leões assumiam o comando do jogo, o que nem sempre significou que tivessem o controlo do mesmo. Com mais de 75% de bola no arranque do encontro, jogavam, rodavam bola, tentavam desequilibrar sobretudo a partir do corredor esquerdo, mas as oportunidades foram raras. Mesmo muito raras. E antes de Bas Dost, a meias com um defesa dos insulares depois de uma jogada de envolvimento onde Diaby foi ao flanco contrário criar superioridade numérica para Acuña fazer o cruzamento, desviar ao segundo poste para grande defesa de Charles (23′), Getterson, na única iniciativa dos comandados de Petit com o mínimo de sentido em termos ofensivos na primeira parte, tinha desviado por cima em boa posição na pequena área (21′).

O Marítimo tinha como grande objetivo “secar” Bruno Fernandes. Nunca se mostrou muito incomodado com a falta de posse mas a estratégia passava sobretudo por evitar que a bola chegasse ao capitão leonino em terrenos adiantados, obrigando o médio a recuar para zonas onde não pudesse ameaçar com remates de fora da área. Perante esse posicionamento do opositor, o Sporting nunca teve a dinâmica e agressividade necessárias no último terço para criar aproximações que se transformassem depois em reais oportunidades. Contas feitas, teve os remates de Bruno Fernandes e Dost enquadrados com a baliza, o último a meio da primeira parte, e mais nada; os insulares, nem isso. Renan teve entrada de borla para marcar uns pontapés de baliza…

Ao intervalo, num misto de receio em ver uma situação repetida nos dois encontros com o Villarreal e coragem para assumir um jogo mais ofensivo, Keizer tirou os dois jogadores que tinham cartão amarelo (Borja e Gudelj), recuou Acuña para lateral e tentou dar uma outra vida ao lado direito do ataque com a explosão de Raphinha. A diferença, com o passar dos minutos, foi notória. Até porque o Sporting não tem mais nenhum jogador com as características do brasileiro ex-V. Guimarães: Diaby é um avançado de jogo interior e profundidade; Acuña destaca-se nas combinações ofensivas, a dois ou a três; Jovane Cabral (que nem no banco estava) funciona melhor em momentos verticais e com olhos na baliza. Foi muito pela ação individual do número 21 que os dois coletivos apresentaram uma nova dinâmica, com maior intensidade. E a qualidade aumentou, com Charles a ter uma fantástica intervenção a remate de Diaby logo a abrir (47′) e o Marítimo a aproveitar o balanceamento leonino para ter uma chance flagrante por Edgar Costa travada por Renan antes da recarga atrasada de Getterson (63′).

A meio da segunda parte, também pela incapacidade de ligar jogo entre setores, o Marítimo passou apenas a existir em termos defensivos perante um Sporting que tentou de todas as formas chegar ao golo, de bola parada (Bruno Fernandes, de livre, atirou a rasar o poste da baliza insular aos 68′) e ataques organizados que colocaram Raphinha (76′) e Bruno Fernandes (79′) na cara de Charles, para mais duas grandes defesas do brasileiro a guardar o empate numa partida que terminou de forma polémica, com Coates a ver o segundo amarelo nos descontos por ter empurrado o guarda-redes maritimista para acelerar a reposição de bola e Marcel Keizer a receber também ordem de expulsão aparentemente por protestos com Tiago Martins.

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