O BPI afirma que a OPA de que foi alvo pelo Caixabank ainda “está de pé” e “viva”, apesar de chumbada a exigida desblindagem dos estatutos, tendo o banco catalão informado que “comunicará a sua posição o mais depressa possível”.

“A oferta está de pé, está viva”, afirmou o presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, no final da assembleia-geral de acionistas que hoje decorreu no Porto, salientando que na reunião “não se esteve a tratar da oferta, mas da alteração dos estatutos” do banco.

Na assembleia-geral de acionistas do BPI, que hoje decorreu no Porto com 81,73% do capital social presente ou representado, o fim da blindagem dos direitos de voto a 20% foi votado favoravelmente por apenas 52,45% dos votos expressos, quando essa alteração carecia de aprovação de 75% dos votos.

Esta alteração estatutária era uma condição central imposta pelo Caixabank na Oferta Pública de Aquisição (OPA) que lançou em fevereiro sobre a totalidade do capital do BPI, a 1,329 euros por ação, mas mereceu, desde logo, a oposição da acionista Santoro, da angolana Isabel dos Santos, que deixou clara a sua oposição à oferta dos catalães e avançou como proposta alternativa uma fusão entre o BPI e o BCP para criação da maior entidade bancária portuguesa.

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Questionado sobre se, face ao chumbo de hoje, a OPA do Caixabank tem o fim anunciado, o presidente do Conselho de Administração do BPI, Artur Santos Silva, remeteu quaisquer informações para o banco catalão.

“Uma das condições que Caixabank tinha posto não está preenchida e, portanto, agora é ao Caixabank que cabe definir o que fazer. A OPA tem condições que o oferente pode vir a alterar, mas sobre isso não sei, tem que perguntar [ao Caixabank]”, afirmou.

De acordo com Santos Silva, hoje, “ainda antes da votação, apenas foi dada informação à assembleia por um representante do Caixabank que, se votação não conseguisse reunir a [necessária] maioria qualificada, o mais depressa possível o Caixabank ia comunicar a sua posição”.

“Logo que assembleia-geral se reiniciou o representante da Caixabank reexpressou que este não era este o momento oportuno para decidir sobre este assunto, só depois de obtidas todas as autorizações [para publicação do prospeto da OPA], mas recomendou que os acionistas votassem de imediato porque não podia continuar a ficar à espera e a comprometer-se” com algo que o ultrapassa, afirmou Santos Silva.

Segundo Fernando Ulrich, “tem sido fácil de lidar na gestão corrente do banco” com a OPA do Caixabank, pelo que, se a operação “dura mais ou menos tempo, é uma questão dos acionistas” e “não cria qualquer questão adicional nem aos gestores, nem aos clientes” do BPI.

“E assim continuaremos, seja qual for o desfecho que a OPA terá”, acrescentou.

Os atuais estatutos do BPI limitam os direitos de voto dos acionistas a 20%, independentemente do número de ações detidas, o que significa que o seu maior acionista, o CaixaBank, com 44% do capital, só pode votar com 20%.

Por esta razão, os catalães colocam como condição de sucesso da OPA a desblindagem dos estatutos do BPI, de modo a poderem controlar o banco liderado por Ulrich.

Contudo, esta alteração dos estatutos teria de ser aprovada por 75% do capital presente em assembleia, o que significa que Isabel dos Santos, que tem 19% do capital, conseguiu vetar a desblindagem, ‘matando’ a OPA ou forçando uma revisão dos seus termos.

Na AG desta quarta-feira foram retomados os trabalhados iniciados a 29 de abril passado e que haviam sido suspensos para permitir que, entretanto, a OPA do CaixaBank fosse registada e os acionistas ficassem na posse todos os elementos sobre a operação, o que, contudo, acabou por não acontecer, por não terem ainda sido emitidas todas as autorizações necessárias para publicação do prospeto da operação.