Afinal, não havia fumo sem fogo. Após a derrota em San Siro frente ao AC Milan numa partida onde esteve fora do banco por castigo, o lugar de José Mourinho começou a ser colocado em causa na imprensa italiana quase em contraponto com o que se escrevera umas semanas antes onde o tema da renovação estava em cima da mesa. Tudo mudou. De vez. E, esta terça-feira, o despedimento foi mesmo oficializado pela Roma, um pouco de surpresa mas com a explicação de que os giallorossi necessitam de mudanças a curto prazo.

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“Agradecemos ao José em nome de todos nós, da Roma, pela paixão e empenho que demonstrou desde a sua chegada aos giallorossi. Teremos sempre boas recordações da sua gestão, mas acreditamos que, no melhor interesse do clube, é necessária uma mudança imediata. Desejamos ao José e aos seus colaboradores o melhor para o futuro”, justificou o clube em comunicado assinado pelos proprietários, Dan e Ryan Friedkin. “Mais atualizações sobre a nova equipa técnica da equipa serão comunicadas em breve”, acrescentam.

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Nesta altura, a Roma afundou-se na classificação da Serie A até à nona posição depois de uma série com um triunfo nas últimas seis partidas, todas elas disputadas contra algumas das principais equipas da prova como a Fiorentina (1-1), o Bolonha (0-2), o Nápoles (2-0), a Juventus (0-1), a Atalanta (1-1) e o AC Milan (1-3). Apesar dessa fase menos conseguida, o conjunto romano encontra-se apenas a cinco pontos do quarto lugar que dá acesso à próxima fase de grupos da Liga dos Campeões, o principal objetivo da época. Em paralelo, a Roma foi eliminada nos quartos da Taça de Itália diante do rival Lazio, estando no playoff de acesso aos oitavos da Liga Europa, que será jogado apenas em fevereiro, tendo pela frente o Feyenoord.

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Sempre com mercados condicionados pelo fair-play financeiro, o que aumentou e muito as dificuldades de Tiago Pinto enquanto diretor geral (cargo que irá abandonar também no final de janeiro) para melhorar o plantel dos giallorossi, José Mourinho teve uma primeira época positiva com a conquista da Liga Conferência em 2021/22, naquela que foi a edição de estreia da nova competição da UEFA, acabando a Serie A no sexto lugar. Na última temporada, de 2022/23, a Roma voltou a uma final europeia mas acabou por perder com o Sevilha, falhando assim o acesso direto à Champions após terminar de novo a Serie A na sexta posição. Foi com esse objetivo que chegaram este verão ao Olímpico nomes como Romelu Lukaku, Leandro Paredes, Renato Sanches, Kristensen, Sardar Azmoun (todos emprestados), Evan Ndicka e Aouar (a custo zero) apenas com uma saída de peso (Ibañez para a Arábia Saudita), até agora sem resultados.

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A par dos resultados e das exibições menos conseguidas perante o leque de opções reforçado que tinha para 2023/24, outro dos fatores que terá pesado na decisão dos proprietários da Roma foi as constantes críticas do treinador português com as arbitragens, que levaram a uma sétima expulsão no encontro em casa frente à Atalanta e consequente suspensão na deslocação a San Siro para defrontar o AC Milan. Da parte dos adeptos, e sobretudo nos encontros em casa, foi possível ouvir sempre o apoio da Curva Sul do Estádio Olímpico ao português, sendo que o nome apontado à sucessão não ficará em nada atrás de José Mourinho a nível de empatia com os adeptos: Daniele De Rossi, antigo internacional italiano e capitão dos giallorossi que esteve com Roberto Mancini na seleção e passou pela SPAL, com apenas três vitórias em 17 jogos.

José Mourinho volta assim a deixar mais cedo um clube depois da saída do Tottenham a uma semana de jogar uma final da Taça da Liga, em 2021 – sendo que a hipótese de rumar à Roma começou a nascer numa mensagem enviada por Tiago Pinto para o técnico português depois dessa dispensa. Antes, o treinador que já ganhou por duas vezes a Liga dos Campeões e que tem todas as outras competições da UEFA passou como técnico principal por Benfica, União de Leiria, FC Porto, Chelsea (por duas vezes), Inter, Real Madrid e Manchester United, já depois de ter sido adjunto de Bobby Robson no Sporting, no FC Porto e no Barcelona, onde ficou também a trabalhar com o sucessor do inglês, Louis van Gaal, antes de rumar à Luz.