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Seleção realizou o último estágio antes do Europeu em Coimbra, antes de voltar a Lisboa e entrar na "bolha" criada pela organização
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Seleção realizou o último estágio antes do Europeu em Coimbra, antes de voltar a Lisboa e entrar na "bolha" criada pela organização

Fernando Fontes

Seleção realizou o último estágio antes do Europeu em Coimbra, antes de voltar a Lisboa e entrar na "bolha" criada pela organização

Fernando Fontes

"2008 foi extraordinário com quatro medalhas, 2011 o melhor com três finais. Tentamos sempre bater esses números", destaca Ana Hormigo

Selecionadora Ana Hormigo lança Europeu de judo que arranca esta sexta-feira no Altice Arena e acredita que, mesmo sem público, é possível Portugal ter uma das melhores participações de sempre.

O espaço é o mesmo de 2008, onde Portugal alcançou quatro medalhas. Alguns nomes são os mesmos de 2011, onde Telma Monteiro e Joana Ramos chegaram à final (e o já retirado João Pina sagrou-se campeão). O contexto, esse, pode não ser o ideal mas Portugal aposta forte num Campeonato da Europa que volta a organizar na cidade de Lisboa e que, mesmo sem apoio do público, espera que possa terminar com uma das melhores participações da Seleção Nacional com 18 atletas portugueses que misturam gerações descritos como “uma equipa de ouro” pela selecionadora Ana Hormigo, de regresso ao Altice Arena noutra função depois do bronze em 2008.

Europeus de Judo: Telma Monteiro a uma medalha de números ainda mais históricos

Em entrevista ao “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador, a antiga judoca hoje treinadora fez uma antevisão do que se pode esperar de um Campeonato da Europa que, por contar ainda para a qualificação olímpica mas sendo muito próximo do último Europeu, não terá mais de metade dos campeões em título mas que, em contrapartida, trará a Lisboa vários líderes mundiais de diferentes categorias de peso, num evento que ficará também marcado pela homenagem no sábado a Telma Monteiro, que tenta a 15.ª medalha na prova.

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[Ouça aqui a entrevista de Ana Hormigo no “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador]

Judo: “Queremos ter uma prestação histórica”

Rodrigo Lopes (-60 kg), João Crisóstomo (-66 kg), André Diogo (-66 kg), João Fernando (-73 kg), Anri Egutidze (-81 kg), Manuel Rodrigues (-81 kg), Jorge Fonseca (-100 kg), Diogo Brites (-100 kg) e Vasco Rompão (+100kg) serão os nove atletas no quadro masculino, ao passo que Catarina Costa (-48 kg), Maria Siderot (-48 kg), Joana Diogo (-52 kg), Joana Ramos (-52 kg), Telma Monteiro (-57 kg), Wilsa Gomes (-57 kg), Bárbara Timo (-70 kg), Patrícia Sampaio (-78 kg) e Rochele Nunes (+78 kg) estarão no lado feminino, numa equipa que sofreu uma alteração de última hora com a entrada de Rompão para o lugar de Bernardo Tralhão (-60kg), que testou positivo à Covid-19 – algo que, de acordo com a próprio Ana Hormigo, acontece em praticamente todas as competições, levando assim ao reforço do pedido para que todos os atletas olímpicos possam ser vacinados antes dos Jogos de Tóquio.

Telma Monteiro ganhou a medalha de prata no último Europeu realizado em Praga, perdendo apenas na final com a húngara Hedvig Karakas

Com que expetativas é que Portugal parte para este Europeu de judo, numa altura em que a preparação está também focada nos Jogos Olímpicos?
A preparação correu bem, finalizámos o último estágio de preparação para o Campeonato da Europa na passada quinta-feira, onde estivemos reunidos com a equipa toda, e com a realização da prova em casa os atletas estão todos muito motivados. Esperamos que seja memorável e que possamos fazer história.

A organização deste Campeonato da Europa já estava decidida antes da pandemia mas houve uma série de alterações, incluindo a data deste Europeu que sofreu uma ligeira antecipação. Isso alterou também de alguma forma a preparação ou as únicas alterações foram mesmo de organização?
Inicialmente o Campeonato da Europa era em 2021, com a pandemia até ganhámos um Campeonato da Europa a contar para a qualificação olímpica para os Jogos, que inicialmente não era e passou a enquadrar as provas de apuramento olímpico. Tivemos também que antecipar um pouco devido ao calendário mas correu como nós planeámos e correu bastante bem. Todas as provas têm que funcionar em bolha, temos de ser todos testados duas vezes antes de entrarmos na bolha do Europeu e também durante a prova temos de realizar dois a três num total de cinco a seis testes que temos de fazer em cada prova devido à pandemia. É o registo no qual agora funcionámos, também não temos público como nas provas que temos vindo de fazer. Claro que esperamos que o fator casa motive os atletas mas será um pouco diferente daquilo a que estamos habituados.

O facto de não haver público no Altice Arena também vai pesar ou o facto de haver já o hábito lá fora de estar sem público ou com adeptos reduzidos acaba por mitigar essa ausência de apoio?
Agora já estão todos habituados, os treinadores e os voluntários acabam por ser o público reduzido nas provas também lá fora. Espero que aqui em Lisboa tenhamos esse pequeno público a puxar por nós, vamos ter todos os voluntários que serão da casa, serão portugueses, e esperamos que possa também fazer a diferença.

Temos entre a nossa equipa um destaque inevitável que é a Telma Monteiro, que vai tentar a sua 15.ª medalha noutros tantos Europeus depois de cinco ouros, duas pratas e sete bronzes. Como é que uma atleta consegue manter um rendimento regular durante tantos anos sem nunca ter falhado um pódio?
Realmente é uma atleta extraordinária e é como se fosse a capitã desta comitiva. Só mesmo a Telma para manter este nível, não só em Portugal como atleta portuguesa mas também no estrangeiro, onde é apontada como uma das mais medalhadas. Chegar aqui com 14 medalhas é um feito inédito. Tem sempre esta motivação, infelizmente não competiu em Lisboa no ano de 2008 quando também fizemos cá o Europeu mas vai sempre com essa motivação de sempre de ser um Campeonato da Europa, que é um campeonato continental não só com muita quantidade mas também qualidade de atletas. No lote de atletas que vai participar temos líderes de ranking mundial, a Europa é muito forte em todas as categorias mas isso é algo que motiva mais a Telma, exatamente por essa competitividade. Vamos ver como vai correr, ela não compete desde o Masters em janeiro, esteve a gerir um pequena lesão que está controlada e agora quer participar no Campeonato da Europa em casa.

"Só mesmo a Telma para manter este nível, não só em Portugal como atleta portuguesa mas também no estrangeiro, onde é apontada como uma das mais medalhadas. Chegar aqui com 14 medalhas é um feito inédito (...) Vamos ver como vai correr, ela não compete desde o Masters em janeiro, esteve a gerir um pequena lesão que está controlada e agora quer participar no Campeonato da Europa em casa".

A Telma Monteiro vai ter uma homenagem durante este Campeonato da Europa [no sábado], por tudo o que conseguiu e por tudo o que ganhou e fez pelo desporto. É também um ato importante para o próprio judo, pelo reconhecimento à modalidade?
É importante ela ver reconhecido o trabalho desenvolvido, que leva o nome de Portugal além fronteiras. É uma atleta extraordinária, que tem elevado muitas vezes a bandeira portuguesa e é uma homenagem mais do que merecida, ainda mais no Campeonato da Europa porque havia a interrogação se ela ainda estaria em 2021 e é mais do que merecido fazer esta homenagem no dia a seguir à sua prova.

A Ana Hormigo regressa a um espaço que em 2008 era ainda Pavilhão Atlântico e onde ganhou uma medalha [de bronze] em -48kg, tivemos também o João Dias campeão europeu em -81kg e os bronzes de Pedro Dias em -66kg e da Yahima Ramírez em -78kg. Olhando para esse judo português e para o que é hoje, que diferenças é que encontra e qual é a principal evolução?
O judo sofreu muitas alterações, até a nível de técnicas que podem ser utilizadas em competição, mas agora temos aqui outro lote de atletas… Em 2008 era ano de Jogos, era a última prova de apuramento para os Jogos de 2008 [em Pequim], íamos com uma excelente equipa e marcámos história ao fazermos quatro medalhas num Campeonato da Europa. Realmente o fator casa ali contou mas agora não temos uma equipa abaixo dessa, arrisco mesmo dizer que temos uma equipa ainda com maior qualidade. Vamos levar 18 atletas, num misto de uma equipa mais jovem que já estamos a apontar para os Jogos de 2024 e uma equipa de atletas que têm vindo a marcar o circuito internacional, os nossos oito atletas já qualificados para os Jogos em 2021 e muitos deles serão cabeças de série nesta competição. É um Campeonato da Europa, é um campeonato com muita qualidade mas temos algo a mostrar e uma equipa que digo que é uma equipa de ouro.

Ana Hormigo ganhou o bronze no último Europeu realizado em Lisboa, em 2008, numa categoria de -48kg que foi ganha pela romena Alina Alexandra Dumitru

AFP via Getty Images

Desde esse Europeu de 2008 que Portugal não mais conseguiu ganhar quatro medalhas, tendo três em 2011 com João Pina, Joana Ramos e Telma Monteiro e na última edição com Telma Monteiro, Jorge Fonseca e Rochele Nunes. É possível com esta equipa voltar a ambicionar o patamar das quatro medalhas?
Espero bem que sim. O nosso Campeonato de 2008 foi extraordinário com quatro medalhas mas o de 2011, com três finais, ficou como o nosso melhor Campeonato da Europa, conseguimos uma medalha de ouro e duas pratas. Claro que tentamos sempre bater esses números e queremos aqui num espaço curto fazer mais um feito e lutar pelas medalhas. É esse o nosso objetivo e que apareçam em Lisboa.

Olhando para o quadro feminino, e além da Telma Monteiro, temos aqui uma série de atletas que têm conseguido medalhas lá fora, a Joana Ramos que também voltou recentemente aos pódios em Tbilissi, a Rochele Nunes, a Bárbara Timo ou a Catarina Costa. Como é que tem visto o crescimento do judo feminino, até em categorias em que Portugal não tinha muita história como -70kg ou +78kg?
Das nove atletas femininas que irão competir agora no Campeonato da Europa temos várias que têm dado provas do seu valor, cinco delas serão cabeças de série. Ou seja, mesmo com várias atletas internacionais, elas serão das oito melhores das suas categorias entrando como cabeças de série e até a Joana Ramos, que ganhou a medalha em Tbilissi mas não entra como cabeça de série, é décima do ranking mas pode chegar longe como as outras. Combate a combate, tudo é possível. Depois temos de facto atletas em categorias onde não tínhamos tanta história, com o reforço da Bárbara Timo e da Rochele Nunes e mesmo da jovem Patrícia Sampaio que vai fazer o regresso no Campeonato da Europa depois de uma lesão que teve, grave, logo no início da pandemia.

A Joana Ramos voltou aos pódios internacionais mais de dois anos depois, no Grand Slam de Tbilissi. Que significado é que teve essa medalha de uma atleta já com 39 anos que continua a ser um exemplo?
A Joana é um exemplo não só em Portugal mas a nível internacional porque esse resultado foi muito falado. Apesar de não ter tido antes medalhas andou sempre ali perto do pódio, conseguiu alguns quintos lugares. Ela está dentro da qualificação olímpica, da qualificação direta, e pode sempre surpreender. Já conseguiu medalhas em Europeus, no circuito internacional tem muitas medalhas e vê-se que a idade é apenas um número para ela.

"Das nove atletas femininas que irão competir agora no Campeonato da Europa temos várias que têm dado provas do seu valor, cinco delas serão cabeças de série. Ou seja, mesmo com várias atletas internacionais, elas serão das oito melhores das suas categorias."

Olhando para a questão dos Jogos Olímpicos, o facto de ser em Tóquio terá também outro peso para o judo, por ser a pátria da modalidade. Até por isso, há uma vontade ainda maior de chegar longe?
Para nós tem um significado especial ser em Tóquio, porque é o berço do judo e tivemos um grande teste, o test event que foi o Campeonato do Mundo na mesma Arena que nos correu bastante bem com o Jorge Fonseca a ser campeão, a Bárbara Timo a ser vice, o quinto lugar da Joana Ramos, a Patrícia Sampaio ali pelas medalhas. É sempre um teste de fogo porque o Japão é uma das equipas mais fortes do judo e provámos que conseguimos estar ao nível das melhores equipas internacionais. Vai ser assim, num país que já conhecemos também [pelos estágios que foram lá realizados] e numa Arena onde já estamos também habituados a competir.

Até pelos estágios que foram sendo feitos no Japão ao longo dos anos, temos por exemplo a Telma Monteiro que já consegue falar japonês. A Ana Hormigo também já fala japonês?
Acho que qualquer atleta consegue dizer umas palavras em japonês porque estamos muito familiarizados com esses termos e com as palavras, para nós já se acaba por tornar fácil…

epa07804285 Jorge Fonseca of Portugal celebrates after defeating Niyaz Ilyasov of Russia to win the men's -100kg category final at the Judo World Championships 2019 in Tokyo, Japan, 30 August 2019.  EPA/KIMIMASA MAYAMA epa08206337 Rochele Nunes of Portugal (blue) reacts after winning the women's +78kg bronze medal match at the Paris Grand Slam judo tournament, in Paris, France, 09 February 2020.  EPA/CHRISTOPHE PETIT TESSON

Joana Ramos (-52kg), Telma Monteiro (-57kg), Jorge Fonseca (-100kg) e Rochele Nunes (+78kg): todos têm medalhas em Europeus, todos estarão em ação em 2021

ANTONIO COTRIM/LUSA

E quando olha para estes Jogos Olímpicos em Tóquio consegue pensar na primeira medalha de ouro no judo, o que seria também histórico para Portugal que só ganhou quatro vezes sempre no atletismo?
Sabemos que os Jogos Olímpicos são aquela prova que só temos de quatro em quatro anos, este ano até serão cinco anos depois. É sempre a prova das provas, a competição rainha. Sabemos a qualidade dos atletas que lá estão, sabemos que é uma prova não vou dizer difícil mas aquela para a qual nos preparamos mais como grande evento. Tudo pode acontecer. Esta equipa tem provado que consegue estar a um nível de topo das outras equipas e queremos mesmo é chegar aos Jogos Olímpicos e dizer que estamos lá para lutar por medalhas, o que vier depois de lá, dia para a dia, logo veremos. É uma competição bastante dura, compete um rapaz e uma rapariga por dia ao longo de oito dias, sete individual e um de equipas que é também o nosso objetivo, conseguirmos a qualificação para essa prova que vai ser uma estreia mas ainda não temos equipa completa. Queremos estar no máximo nessa altura para tirarmos também o máximo rendimento dos nossos atletas.

Há aqui um outro ponto que tem sido muito falado nos últimos dias e que tem a ver com a vacinação dos atletas, de ser um fator de menor ansiedade e de maior garantia. É uma situação que ao nível do judo também já foi abordada, é algo que preocupa, garantir esse reforço antes da prova?
É uma preocupação que está na ordem do dia porque pode pôr em causa todo o trabalho que temos estado a desenvolver no ciclo olímpico. Não cabe a nós decidir se devemos ou não ser vacinados, cabe ao Estado perceber se faz sentido. Para nós, faz. Se calhar as pessoas não compreendem mas cada vez que temos de sair para o estrangeiro temos de fazer cinco a seis testes de Covid-19 e em todas as competições em que participámos houve casos de Covid-19, atletas que ficaram fora das competições. Acredito que nos Jogos existirão atletas que podem ficar fora das competições e se pudermos minimizar esse risco vamos tirar ansiedade aos atletas. Nós temos de nos prevenir, porque vai acontecer, e cabe ao Estado perceber se o investimento que foi feito nestes atletas ao longo destes cinco anos, em que se estão a preparar e que são profissionais, vale a pena correr o risco de poder estar positivo na prova e com isso não pode entrar. Se formos vacinados, vamos tirar esta pressão extra, num contexto que é completamente diferente de todos os Jogos Olímpicos, e temos de tentar contornar sem ter esta preocupação de cima dos atletas. Só temos a ganhar com isso.

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