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A balada de José Almada: um prodígio da canção portuguesa esquecido no Douro

Na década de 70 foi do céu ao inferno, do sucesso repentino aos 18 anos à Guerra Colonial e internamento numa ala psiquiátrica. Agora, o cantautor mistério conta pela primeira vez a sua história.

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O ponteiro desliza sobre as frequências, no caminho da roldana que gira suavemente entre interferências e rumores. As válvulas cintilam e fazem deslocar no ar uma onda média, o murmúrio converte-se no dedilhar de uma viola. Silêncio. “Eles não sabem que o sonho/ É uma constante da vida”. No centro da sala, qualquer família portuguesa conhece os restantes versos, à volta da rádio a ouvir novamente “Pedra Filosofal”, a canção de Manuel Freire que roda perpetuamente no aparelho. A voz esperançosa clama liberdade, exige que o sonho comande a vida. A canção seguinte, neste mesmo ano de 1970, arranca com outra viola dedilhada, mas a voz é desgostosa, não clama por liberdade nem sonhos, é uma cantiga feita vagabundo, cabisbaixa de sacola aos ombros:

“Mendigo, meu amigo vem
Vem sentar-te à minha mesa
Não te envergonhes da pobreza
Contigo, pobre, é que eu me sinto bem”

Quem ouve pela primeira vez “Hóspede” certamente fantasia um ancião solitário na montanha, um cantor de alguma terra distante, veja-se este sotaque bizarro, timbre de uma longa vida sofrida. No entanto, a voz era a de um jovem de 18 anos, ainda no liceu, em Lisboa. “Mendigo, meu amigo vem/ Vem sentar-te à minha mesa”, canta ao Observador, mais de 50 anos depois, José Almada, uma das vozes mais misteriosas da música portuguesa. “Aquilo encaixou mesmo em mim. A minha mãe criticava que só me dava bem com pobres, mas ela não entendia que o que eu gostava era das coisas simples, da simplicidade”, justifica, a partir da reclusão de sua casa, em Ovar, a recordar o seu maior sucesso. “Não consigo mudar a minha forma de ser. Eu sou o que sou”.

[“Hóspede”, de José Almada:]

José Almada é uma lenda da nossa canção, um cantautor brilhante da década de setenta, contemporâneo de José Mário Branco e Sérgio Godinho, que lançou uma obra-prima em 1970 — Homenagem — e ressurgiu estranhamente apenas cinco anos depois, noutro álbum que mais desconcertou do que esclareceu: Não, não, não me estendas a mão. Hoje, tornou-se um segredo de aficionados e colecionadores de raridades, uma discografia em resguardo para surpreender quem não conhece os cantos à música popular portuguesa. “Agora o motivo desta entrevista. Já sei porque estamos aqui”, interrompe José Almada. “Porquê tanto sucesso e depois entrar no declínio, desaparecer do mapa?”.

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Aldeia de Cima, Armamar: o Douro e os primeiros acordes

José Almada nasceu em Guimarães, dia 6 de setembro, em 1951. O pai era natural do Porto, funcionário do Banco de Angola, na Rua da Prata, em Lisboa, e o jovem músico cresceu na movida da capital. Mas o seu sotaque não seria de Guimarães, do Porto ou de Lisboa. “Os períodos de férias eram no Douro, em casa da minha avó, em Aldeia de Cima, Armamar. Chegava a juntar doze netos no verão. E foi aí que comecei a dar os primeiros toques na viola.” O universo era o gira-discos da avó, singles espalhados pelo chão, o pai bancário a puxar uma guitarrada, enquanto a mãe acompanha em fado menor. O irmão mais novo, Gin, segue atrás na viola, e ensina as posições elementares a José Almada, do Dó-Ré-Mi aos acordes maiores e menores. “A minha avó tinha um single do Joan Manuel Serrat, que estava praticamente no início, e gostei de tal maneira da canção que decidi começar a fazer música daquela forma”. A banhar no Douro, nasce um compositor. Mas o seu sotaque também não seria a dos socalcos.

“A primeira vez que toquei em público foi quando estava na Escola António Arroio. Montaram um festival de música pop, no Centro Paroquial da Ajuda, fui a alguns ensaios, e o José Barata Moura era um dos júris. Ele gostou muito de duas canções minhas e disse que estava apurado. E venci o festival: ‘Anda Madraço’ ficou em terceiro, e ‘Hóspede’ em primeiro lugar.”

Nos Estúdios da Nacional Filmes, em Lisboa, os responsáveis da editora Zip-Zip — a saber, Carlos Cruz, Raul Solnado e José Fialho Gouveia — aguardam a gravação de um jovem de 18 anos, à experiência em estúdio. José Almada prova, à primeira, porque era absolutamente dissemelhante dos outros cantores de viola a tiracolo, de Manuel Freire a Francisco Fanhais, os ditos baladeiros. Naquele momento, José Almada inventa um dialeto próprio. “É a influência do sotaque espanhol”, reflete sobre a pronúncia particular de “Hóspede”, a sua primeira gravação em estúdio. “Achei que ficava giro carregar nas palavras, nos ‘esses’, e não atrapalhava, as pessoas percebiam. Foi de propósito. Pensei que ia ser diferente de tudo”. O sotaque de José Almada, motivo de tanto debate posterior entre aficionados, foi uma completa invenção, e meros meses após iniciar-se em palco, ainda no liceu. “A primeira vez que toquei em público foi quando estava na Escola António Arroio. Montaram um festival de música pop, no Centro Paroquial da Ajuda, fui a alguns ensaios, e o José Barata Moura era um dos júris. Ele gostou muito de duas canções minhas e disse que estava apurado. E venci o festival: ‘Anda Madraço’ ficou em terceiro, e ‘Hóspede’ em primeiro lugar”.

“O vento nos traz as palavras e a necessidade de transmutação”, anuncia o jovem locutor Vitor Soares, na Emissora Nacional, à medida que a agulha cai sobre a faixa “Hóspede” do EP Mendigos. O locutor apresenta a canção e urge a tal “transmutação”, mero eufemismo da época à sublevação popular. Mas José Almada não era propriamente político, sequer estava interessado em revoluções, conservava uma empatia de extrema sensibilidade com os miseráveis que o rodeavam, naquele Portugal empobrecido de 1970 — “Mendigo meu amigo, meu irmão”. “O Carlos Cruz, Fialho Gouveia e Raul Solnado disseram-me que o disco era um estrondo, que ia tocar a todo lado, e a verdade é que esgotou em poucas semanas”, recorda, a confirmar o sucesso inverossímil do EP com duas canções dedicadas a mendigos. “Eles são um tema obcecante nos seus versos, nas suas conversas, nas suas preocupações. José Almada conhece mendigos. Muitos”, garante o texto de apresentação. “É importante ouvir cantar José Almada com o coração”.

José Almada nasceu em Guimarães, dia 6 de setembro, em 1951. O pai era natural do Porto, funcionário do Banco de Angola, na Rua da Prata, em Lisboa. Os períodos de férias eram no Douro

O segundo EP de José Almada, ainda a cantar com o coração, de certo escangalhado, é Vento Irado, com a canção-título baseada num poema do pai, o bancário guitarrista que ainda arranhava poemas.

“Sacodem-me o pensamento
os silvos do vento irado
que a porta está batendo
E como um cedro ruído
quanto abate em silêncio
minha alma está sofrendo”

[“Vento Irado”:]

O panorama é dramático: um jovem de 18 anos desolado diante do “vento gelado” de reminiscências, a cantarolar gentilmente que a alma está sofrendo, qual Nick Drake português. O desalento era de tal forma que a censura proibiu a canção de transmissão radiofónica. “Nunca percebi a censura, é uma poesia muito simples, que repete: ‘Minha alma está sofrendo’. É claro que me prejudicou, o disco saiu e não podia passar na rádio depois do sucesso do EP anterior. O regime não gostava de queixumes, que eu estivesse a sugerir que aquele sistema era horrível.”

“Uma voz e uma balada com personalidade diferente”

Um ano antes de José Mário Branco e José Afonso, entre outros, revirarem a música popular, o miúdo José Almada antecipou-se e deixou um vestígio do que seria a transformação na canção portuguesa. Homenagem é uma excentricidade ao lado dos restantes baladeiros que acreditavam que bastava uma viola e um poema meticulosamente declamado; José Almada trapaça o ouvinte, canta de modo esdrúxulo e compõe galantes melodias, orquestradas por Pedro Osório — “o melhor orquestrador de todos os tempos”, garante José Almada, e quem somos nós para contestar. Ouça-se “Eh! Vizinho Porco”. Esta última é uma letra de José Gomes Ferreira, o seu poeta predileto, a par de Fausto José, um primo da família, naquela altura ainda a viver em Aldeia de Cima, Armamar.

“Rufaram tambores
Canhões graves troaram
E pálidos senhores, em volta desfilaram”

“A Sassetti comprou a Zip-Zip, e os grandes valores da Sassetti, como o José Mário Branco e o Sérgio Godinho eram a prioridade”, revela José Almada. “Eu caí no completo anonimato, não divulgavam a minha música, nem me arranjaram mais contratos. Fui abandonado”.

O poema de Fausto José “Homenagem” abre a marcha fúnebre de doze canções a declamar sobre mendigos, ovelhas e campas rasas. No auge da Guerra Colonial, “Prece” invoca os abandonados de “campa rasa sepultados”, e os homens celebram a missa, já que os anjos nos deixaram à sorte — “Os anjos cantam/ não cantam / canto eu que me apetece/ e quando a voz do homem canta/ a voz do céu humedece”. “Uma voz e uma balada com personalidade diferente”, analisa Tito Lívio, crítico de música na revista Mundo da Canção, a identificar de imediato uma distinção com o cenário musical da época. “Uma solidariedade assumida na carne, uma linguagem simples, quotidiana mas igualmente bela e eficaz (…) A voz de José Almada assume aqui uma personalidade própria, diferente, voz quási-dolorosa”.

O ano de 1971 seria de digressões por Portugal afora, desde qualquer associação popular, a festas de finalistas. No II Festival Musical da Juventude, em Almada, José Almada apresentou-se como habitualmente, sozinho em palco, afinal não havia orçamento para muito mais, e ao lado de camaradas no mesmo registo, como José Jorge Letria, José Barata Moura, ou Carlos Alberto Moniz — “encheu até às coxias o Salão de Festas da Filarmónica Incrível Almadense”, assegura a Disco, Música & Moda. Sem qualquer vínculo ao clandestino Partido Comunista Português, que dominava o cenário musical da balada, José Almada admite que não nutria extraordinárias amizades com os seus camaradas, à exceção de outro alienígena esquecido da canção portuguesa: Denis Cintra. “Musicalmente, eu gostava mais do Denis Cintra que do Zeca Afonso”. O filho de Lindley Cintra e irmão de Luís Miguel Cintra era outra voz discordante entre a maré de baladeiros. No entanto, o ano de 1971 não seria a aclamação de José Almada, e muito menos de Denis Cintra, que exilou-se em Londres para escapar do serviço militar.

O ano de 1971 seria de digressões por Portugal afora, desde qualquer associação popular, a festas de finalistas. No II Festival Musical da Juventude, em Almada, José Almada apresentou-se como habitual

A boa nova adveio de Paris, onde José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho conceberam o futuro da música portuguesa em três álbuns insuperáveis: Cantigas do Maio; Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades; e Os Sobreviventes — estes dois últimos editados pela Sassetti. No ano seguinte, os três álbuns lideraram as tabelas de vendas portuguesas, e o Diário de Lisboa revelou uma informação bombástica: “A notícia surge inesperada para a grande maioria das pessoas, se não mesmo para todas: A Sassetti comprou o Zip!”. “A Sassetti comprou a Zip-Zip, e os grandes valores da Sassetti, como o José Mário Branco e o Sérgio Godinho eram a prioridade”, revela José Almada. “Eu caí no completo anonimato, não divulgavam a minha música, nem me arranjaram mais contratos. Fui abandonado”.

“Vi coisas que nunca mais esqueço”

Esse abandono de que nos fala agravou-se pela inevitabilidade do serviço militar. Por sorte, enquanto se especializava em enfermagem no Regimento de Serviço de Saúde de Coimbra, o Capitão Maestro Silvio Plena, responsável pelo programa de rádio “Alerta Está”, engraçou com o álbum Homenagem. “O Capitão Silvio Plena gostou do disco e disse que me ia requisitar para o ‘Alerta Está’. Foram dois anos maravilhosos, a tocar em todo lado, em aldeias por Portugal.” O programa da Rádio Voz de Lisboa atenuou o serviço militar de cantores como Paulo de Carvalho e Fernando Tordo, que percorriam o país num espetáculo de variedades acompanhado pelas bandas militares. Mas entre 1971 e 1973, o regime de Marcello Caetano, cada vez mais acuado por três frentes de guerra e uma oposição aguerrida, apertou os instrumentos de opressão. “O serviço era suposto ser dois anos cá, e dois anos no Ultramar. Mas o capitão disse-me que como estava no ‘Alerta Está’ nunca iria ser mobilizado para o Ultramar, assim como tinha acontecido com o Paulo de Carvalho e outros. Ao fim de dois anos liga-me a dizer que fui mobilizado, ia para a guerra…”.

Na Ilha do Sal, em Cabo Verde, menos mal, o enfermeiro José Almada intercalou o serviço hospitalar com pesca submarina e concertos no quartel, em cima da mesa de ping pong. Mas a solidão da guerra é uma trincheira imensa, e o cantor apelou à esposa que se mudasse com o filho em definitivo para Cabo Verde. “Nós fazíamos fila para receber o correio, e eu não recebia nada”, diz-nos, a precisar o instante em que compreendeu que a mulher não estava interessada na proposta, e o casamento condenado. “Foi um grande desgosto, um trauma. Fiquei mesmo afetado”. E ainda, contrabalançava a desgraça privada com a pública, as dezenas de feridos estendidos nas macas do hospital. “Eu estava a dar-me mal. A enfermaria era muito bruto, os maqueiros, o sangue, e comecei a ficar mal com aquilo tudo. E dá-se o 25 de abril. O Alferes Médico disse que eu tinha que ir no próximo avião para uma consulta para a Metrópole”.

A indústria musical ainda lhe estendeu a mão por uma última vez: o produtor da Orfeu, José Niza, ofereceu-lhe um disco feito à medida da editora. “Ele queria a minha voz, que gravasse sucessos que ele pretendesse, de outros autores. Eu disse que não me agradava, o que me dava prazer era fazer e interpretar as minhas músicas.”

José Almada regressou em silêncio, com a alma em sofrimento. O Hospital Militar da Estrela ordena um internamento de dois meses numa ala psiquiátrica, em Campolide. “Vi coisas que nunca mais esqueço, colegas muito piores que eu, traumatizados da guerra. Os pesadelos eram impressionantes, berravam todas as noites. Foi uma coisa horrível”. Dois meses depois, um passou-bem e vá com Deus, está livre para enfrentar o mundo, que entretanto é um país irreconhecível, no fervor revolucionário do pós-25 de Abril. “Não voltei para a minha casa, que ficou para a minha mulher e o nosso filho”. Recolheu-se no único abrigo que conhecia: as canções. “Fui para casa dos meus pais desabafar com a viola e fazer umas músicas”.

“Estava praticamente abandonado”. O regresso foi inesperado: Mário Martins, A&R e produtor da Valentim de Carvalho, convence-o a romper o contrato com a Zip-Zip e a assinar pela editora de Amália Rodrigues e Carlos Paredes. Entre o final de 1974 e início de 1975, entra no célebre estúdio de Paço de Arcos, entregue aos braços de um músico ainda mais novo e desconhecido que José Almada: Jorge Palma. Não, não, não me estendas a mão, o segundo álbum de José Almada, é outra ocasião para apelidá-lo de Nick Drake português. A produção e os arranjos de Jorge Palma — de toques jazzísticos, country e latinos — é uma mirabolante união da desolação com um bem-disposto soft rock — a comparação aqui é com Bryter Layter, o segundo álbum de Nick Drake, que continha a sua boa dose de demónios.

[“Eh! Amigo Lagarto”:]

“Fui um bocado egoísta, dou a mão à palmatória”

Não, não, não me estendas a mão estava nas lojas em pleno Verão Quente de 1975, a história não podia ser menos oportuna, em período que a rádio passava canções como “Somos Livres”, a tal gaivota que voava e voava livre. Por sua vez, José Almada cantou sobre outro pássaro, em “Ah! Como Te Invejo”, a conter mais desamor próprio que inveja: “Ah como odeio/ Este sentir-me alheio a tudo quanto amo e creio”. O voo dos pássaros é enfim um belo embuste, um ninho de cucos: “Vives sem chão/ ao sol a cantar/ a grande ilusão/ da liberdade”. “E agora José?”, pergunta a si mesmo, num poema de José Gomes Ferreira, o que fazer diante deste cenário macambúzio? “Agora apodrecer.”

José Almada compôs sozinho três canções do segundo álbum: a valsa sinistra “Subi ao céu”; a sombra do hospício em “Ah! Se um dia o Pedro Louco”; e um “Cavalinho” já com um pé fora do desânimo da capital — “Aqui não há flores/ procura nas pedras/ dos jardins interiores”. José Almada continuava a cantar do coração. “A minha vida é feita do que vou cantando”, resume em “As aves choram”. “Por culpa minha comecei a baldar-me, a ir para o Douro, mas sempre com a viola”, desabafa, a refugiar-se progressivamente na mata apaziguadora, o primeiro berço das suas canções. “Foi uma perdição”, continua. “Fui um bocado egoísta, dou a mão à palmatória, as pessoas diziam que era uma pena eu não dar continuidade”. A indústria musical ainda lhe estendeu a mão por uma última vez: o produtor da Orfeu, José Niza, ofereceu-lhe um disco feito à medida da editora. “Ele queria a minha voz, que gravasse sucessos que ele pretendesse, de outros autores. Eu disse que não me agradava, o que me dava prazer era fazer e interpretar as minhas músicas.”

Décadas depois, os colecionadores de vinil começaram a valorizar a discografia de José Almada; e uma nova geração de cantautores, de B Fachada a Éme, declararam seguir os seus ensinamentos

A perdição no Douro foram os cogumelos. Uma fábrica encomendava-lhe cogumelos e José Almada percorria o campo a identificar os melhores fungos amanitas, que conservava numa câmara frigorífica no interior de um camião. Nunca abandonou a viola, e até hoje canta ocasionalmente pela zona de Ovar, mas a sua salvação estaria distante, nas técnicas de meditação do Guru Maharaj, também conhecido como Prem Rawat, o orador e professor indiano. “Há uma iniciação, mas a experiência prática nunca tem fim, permite experimentar coisas aqui dentro”, explica-nos entusiasmado o seguidor dos ensinamentos do Guru. “Isto deu-me muita paz interior, fez-me muito bem, e também começou a preencher-me mais que a música”.

A queda no esquecimento foi imediata, com um ou outro curioso, a lembrar-se vagamente, que outrora havia umas canções sobre mendigos. Décadas depois, os colecionadores de vinil começaram a valorizar a discografia de José Almada, a revista Blitz selecionou Homenagem como um dos melhores discos portugueses da década de setenta, e a nova geração mais afoita de cantautores, de B Fachada a Éme, declararam publicamente seguir os ensinamentos de José Almada — de resto, o próprio B Fachada utilizou um sample de José Almada em “Camuflado”. Continua a ser evidentemente pouco para a excelência do compositor, a merecer a celebração destas canções na boca do povo. Mas não se aflijam com este alegre miúdo de 71 anos, as mágoas são apenas nossas, que no recanto de sua casa, em Ovar, está sempre uma viola, à distância de um braço.

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