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5ª CONVENÇÃO NACIONAL DO CHEGA: Segundo dia de congresso do partido CHEGA. Intervenção da deputada, Rita Matias. 28 de Janeiro de 2022 CNEMA, Santarem TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

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Gabriel Mithá Ribeiro: "Temos que eliminar órgãos parasitários intermédios na educação como fez Javier Milei"

O deputado do Chega com a pasta da educação aponta uma estratégia à Javier Millei para e acredita que "eliminando órgãos intermédios parasitários" pode devolver o tempo de serviço dos professores.

Apesar de ter tido uma divergência pública com André Ventura, Gabriel Mithá Ribeiro garante que a situação está ultrapassada e que a continuidade como deputado não se vai decidir por causa disso. Ainda sobre o episódio acrescenta que “jogou a meu favor, da minha tranquilidade de estar e ser como deputado, mas creio que do próprio partido”.

Em vésperas do Congresso do Chega, Mithá Ribeiro diz que os três dias de trabalho vão ser importantes para “mostrar a maturidade do partido” e acredita que a convenção em Viana do Castelo vai ser um momento para mostrar o “crescimento e renovação social do Chega”.

O deputado que tem tido a cargo a pasta da educação acredita que vai ser possível devolver o tempo de serviço dos professores em quatro anos, mas quer aplicar uma estratégia como o presidente argentino, Javier Millei e fechar “órgãos parasitários intermédios” para acelerar essa recuperação.

[Ouça aqui o Sofá do Parlamento com Gabriel Mithá Ribeiro]

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Gabriel Mithá Ribeiro: “O Chega não vai ser o menino de coro”

O Chega foi forçado pelo Tribunal Constitucional a fazer uma nova convenção. Esta sucessão de erros não dá uma má imagem ao partido?
Não creio. Faz parte do jogo democrático. O Chega tem feito um percurso rumo à maturidade que é muito original. É natural que haja estes percalços, mas não é isso que me preocupa na convenção. A eleição dos novos órgãos do partido, as questões legais, tudo isso é fundamental, mas não é a minha praia principal. A minha praia é identitária. O Chega tem aqui um momento em que pode provar aquilo em que se transformou nestes dois ou três anos. A convenção é mesmo para isso. A forma de estar, de falar, de propor ideias, de apresentar programas. Vejo a convenção como absolutamente fundamental na relação entre o Chega e os portugueses. A nossa identidade é muito complicada porque foi imposta pelos outros de fora para dentro. Foram os outros que decidiram que nós éramos racistas, nazistas e antidemocráticos. Temos tido poucas oportunidades de nos definir por nós mesmos. Quando são os outros que decidem aquilo que nós somos chama-se violência simbólica. Isto é quase terrorismo identitário, até no limite, violação mental.

E é disso que o Chega está a ser alvo?
A Hanna Arendt a definir o pensamento totalitário tinha um conceito que era o inimigo objetivo, que é aquele grupo ou segmento que está condenado ao extermínio independentemente da conduta dos seus membros. Ela dizia que o inimigo objetivo do pensamento totalitário não é o pobre, que apanha por tabela, são sempre segmentos com algum poder e capacidade para ameaçar o regime. Num certo sentido, sinto sintomas de pensamento totalitário quando se faz tiro ao alvo ao Chega e isso quer dizer que o Chega é uma ameaça a sério ao poder instalado e nós temos que responder dando provas sucessivas de maturidade. Estou dentro do partido desde 2020 e neste tempo sinto que o Chega é um partido que cresceu por todo o país, é socialmente transversal. Para mim o Chega não é bem um partido, é mais do que isso, é um movimento social. Por isso é que faz confusão às pessoas recebermos antigos militantes do PCP, do PS, do PSD e até da IL. Claro, porque isto não é bem o partido a que as pessoas estão habituadas, com uma camisa ideológica. É um partido flexível que dá resposta a esse movimento social. Vejo neste congresso um crescimento e renovação social do Chega.

"Ser ou não convidado depende do presidente, da nova direção. Eu estarei disponível"

Tem a expectativa de voltar a ser convidado para a direção do partido?
Para mim não é fundamental. Cheguei a uma instituição que cresceu marcando diferenças entre o que se passa no interior do partido e o que vem cá para fora. As nossas questões internas são para ficar cá. Ser ou não convidado depende do presidente, da nova direção. Estarei disponível. Mas neste momento, o fundamental é cumprir bem o meu mandato de deputado, fazer o melhor possível pelo distrito da área pelo qual fui eleito. Se calhar estou a fazer um auto elogio injusto, mas de todos os 230 deputados sou o que tem mais preocupação de ir ao distrito. Essa é a minha missão e eu tento cumpri-la porque esta questão de ser deputado é uma coisa muito séria.

E tem por isso expectativa de continuar?
O presidente André Ventura é uma pessoa que joga pelas regras, ao contrário do que parece cá para fora, e é uma pessoa muito formal. Não fazia sentido dar a ideia de alguém continuar a ser deputado, ou vir a ser deputado, ou quem ele vai mudar ou quem ele não vai mudar, antes de ele ser reeleito presidente. Suponho que provavelmente já tem as ideias na cabeça sobre esta matéria mas provavelmente só decidirá isso no dia 15. Independentemente das decisões que o presidente tome, o fundamental é os 12 deputados que instituíram o primeiro grupo parlamentar do Chega saírem desta missão com a consciência tranquila que fizeram o melhor. O partido é um mero instrumento e nós temos que fazer o melhor pela sociedade portuguesa, pelos portugueses, pelas gerações que estão e que hão de vir.

Aquele episódio com André Ventura não terá peso na continuidade? Não será por aí?
Toda a gente sabe que tive uma pequena divergência com o presidente André Ventura e foi absolutamente ultrapassada. Quando digo que o Chega é um partido com maturidade é porque tem essa experiência na alma, na vida, dentro do partido. Provavelmente não foi só comigo, há pequenas coisas que acontecem dentro dos partidos, como numa família, que são para ficar lá dentro. Quando ficam lá dentro e não transpiram é porque as pessoas tiveram maturidade para perceber o que é que tinham que resolver. Na minha perspetiva, foi um episódio que jogou a meu favor, da minha tranquilidade de estar e ser como deputado, mas creio que do próprio partido. Quando vemos a Iniciativa Liberal, comparativamente a nós, tem essas questões que não me parecem bem resolvidas.

PSD. “Chega não vai fazer o trabalho de menino de coro”

O Chega parte para estas eleições isolado. O PSD diz que não faz acordos. Isto não pode prejudicar o partido e afastar algum eleitorado?
Não. Depende como nós vamos orientar a campanha, do programa que estamos a fazer com muito cuidado, mas também de outros fatores. Vou tentar nas próximas semanas publicar um livro que retrata a minha missão como deputado. Isto é, eu vim como deputado, mas como tinha algumas ideias arrumadas, por formação académica e gosto muito de Jordan Peterson, que tem as 12 regras para a vida e eu fiz as minhas 12 regras como deputado. Fui fazendo intervenções no plenário, na comissão de educação, onde estou, orientado por essas 12 regras. Uma coisa foi o meu trabalho, e no certo sentido o trabalho do nosso grupo parlamentar, no Parlamento e nas comissões. Outra coisa é como esse trabalho chegou à opinião pública pelo filtro da comunicação social e isso veio mostrar que há barreiras muito claras entre a direita e a esquerda. O nosso campo político pára onde é o PS. Não distingo a extrema esquerda da esquerda moderada que para mim, em termos de princípios, é a mesma coisa. Onde está essa confusão é mais na IL e no PSD. Eles ainda não perceberam onde é que vão colocar as linhas vermelhas.

"Se estamos a arrumar o campo político entre direita e esquerda, o PSD  e a IL têm que perceber que há pontos fundamentais de convergência que temos, que são morais, sociais, económicos"

Mas quando André Ventura diz que vai apresentar uma moção de rejeição a um Governo de direita que não tem o Chega, não se está a colocar ao lado da esquerda?
Está-se a colocar ao lado da única direita. Se estamos a arrumar o campo político entre direita e esquerda, o PSD  e a IL têm que perceber que há pontos fundamentais de convergência que temos, que são morais, sociais, económicos. Se querem colocar de lado a opção Chega é porque não estão do lado da direita. Não somos nós que estamos errados.

Não pode ficar o Chega com essa responsabilidade da esquerda continuar no poder?
Não, não, não. Se isso acontecer a responsabilidade é do PSD e da Iniciativa Liberal. Se há alguém que nunca fechou as portas ao PSD, foi o Chega. E não está disposto a fechar. Agora, o Chega não vai fazer o trabalho de menino de coro. O PSD faz os acordos que entender, se se quiser entender com o PS que se entenda, mas ai vão perceber que a orientação política deles é uma salada russa que nem eles entendem. Porque é que nós somos direita? Porque é que nós temos orgulho em ser direita? E porque é que conversas como a xenofobia, o racismo, a antidemocracia, tudo isso é um absurdo. Que o PSD caia nessa conversa é problema deles.

Mas se o Chega não fizer parte de uma solução de Governo, como é que um voto no Chega pode ajudar a direita a ser poder?
O voto no Chega é sempre uma solução, a não ser que nós estejamos a ver o futuro de um país com oito séculos, eleição a eleição. Há aqui questões civilizacionais e culturais a que só o Chega dá resposta.

Mas pode não se materializar num projeto de poder?
Mas isso é o partido Chega que já existe. Quem defende a identidade portuguesa sem ser o Chega? Quem defende a autoridade, a hierarquia e a ordem? Quando explicamos claramente que conseguimos conciliar a democracia, a participação cívica, a liberdade com a hierarquia, a autoridade e a ordem somos um partido político com um projeto claro.

Chega pode chegar ao poder sem o PSD? "É só deixarmos correr o tempo"

Mas depois, se não conseguirem materializar isso indo para o Governo ou fazendo parte de uma solução do Governo, o projeto não corre o risco de ficar esgotado?
Isso é uma ilusão que as pessoas têm. Se há projeto que vai crescer durante os próximos anos é o projeto do Chega.

E não precisar do PSD, por exemplo.
E não precisar do PSD. É só deixarmos correr o tempo. Os países têm a sua tradição de poder e Portugal tem a sua. Se começar no século XVIII, vai ver que as transições de poder em Portugal aguentam-se com a primeira geração e quando vem a segunda, normalmente os regimes caem. D. José chegou em 1750, morreu em 1777, veio aquela geração, depois veio a D. Maria I, teve a primeira geração, embora com o bloqueio e depois caiu em 1820.

E quando é que isso vai acontecer? 
No Estado Novo, quando Salazar faleceu veio a geração seguinte, que é a de Marcelo Caetano, e o regime caiu. Este regime que nós estamos a viver foi fundado por figuras carismáticas como Mário Soares, Álvaro Cunhal, Sá Carneiro, Freitas do Amaral. Toda essa geração desapareceu. Veio a segunda vaga, que já é a vaga do primeiro-ministro António Costa. Estas figuras de poder e os partidos que criaram estão em erosão. O Chega apanhou o declínio da geração anterior e a nova geração que está a nascer. Quando olha para a votação em Lisboa e vê que o Chega é o partido mais votado entre os mais jovens, vê que há um apoio crescente das novas gerações no Chega. Isso é porque o regime está a mudar a fundo. Não tenho dúvidas de que o Chega é a resposta a médio e longo prazo em Portugal, independentemente do resultado que tenha agora.

Professores. “Queremos recuperar tempo de serviço em 4 anos e fazer reforma dos currículos”

Na educação há um tema que vai marcar a campanha que é a recuperação do tempo de serviço dos professores. Para o Chega, é uma prioridade? Em quanto tempo?
É uma prioridade mas primeiro temos que resolver o desastre financeiro que é o Ministério da Educação, que é uma espécie de TAP que anda aqui todos os anos e tem que se resolver. E como é que isso se resolve? Os currículos escolares cresceram muito. Quando fiz o 12º ano, tinha 3 disciplinas, 4 horas cada uma. Neste momento, se for ver o currículo do 12º ano, os alunos podem ter 6 a 7 disciplinas, algumas com 6 horas. Isto disparou. Os currículos cresceram muito quer dizer que a despesa aumentou muito, mas por outro lado, a qualidade do ensino decaiu e porque os currículos cresceram muito teve que se sacrificar os direitos laborais dos professores. Vamos propor associar a recuperação do tempo de serviço, que estamos a prever para 4 anos, à reforma curricular e vamos ter margem, quase de certeza, para reduzir esses 4 anos. É que depois há outros aspectos como os órgãos intermédios dos ministérios que só servem para colocar pessoal político, consumir verbas, criar burocracia e fazer sofrer quem está no terreno. O Ministério da Educação está cheio disso. Se eliminarmos, como fez [Javier] Millei, uma série de órgãos parasitários, se reduzir os currículos, vai ver como há dinheiro de sobra para nunca ter feito sofrer os professores. Nós nunca vamos abandonar a escola pública, e que isso fique claro. Está na revisão do programa que fizemos em que defendemos primeiro a autorresponsabilidade, porque somos seres humanos, e em segundo, a solidariedade, porque vivemos em sociedade. Nisso somos muito diferentes da Iniciativa Liberal.

"Quando tem uma população autóctone que já é apenas 70 e tal ou 80% e a população imigrante é 10, 15, 20%, isto é sempre um risco"

André Ventura tem falado muito sobre imigração. O seu colega de bancada, Rui Paulo Sousa, partilhou até aquele vídeo com críticas ao número de imigrantes que estavam a festejar a passagem de ano em Lisboa. Este tipo de postura não dá razão a quem acusa o Chega de ser um partido racista?
Não dá razão absolutamente nenhuma. A imigração tem de ser controlada. A imigração é boa quando é controlada. Sei que os paralelos históricos às vezes são muito arriscados, mas 5% de população branca em África, por exemplo em Angola e Moçambique, 5% de portugueses vindos da metrópole, provocaram uma verdadeira revolução naqueles países. Uma transformação profunda a nível cultural, económico e identitário. Essa transformação com 5% da população branca e 95% negra acabou quase num banho de sangue. E no caso da descolonização portuguesa foi mesmo um banho de sangue que é escamoteado.

Acha que há esse risco em Portugal?
Quando tem uma população autóctone que já é apenas 70 e tal ou 80% e a população imigrante é 10, 15, 20%, isto é sempre um risco. E é um risco porquê? Porque está a querer colocar no mesmo espaço povos com identidades culturais e com princípios morais diferentes e está à espera de milagres. A forma de integrar bem a imigração é fazê-lo de forma regulada. O que estamos a assistir é uma desregulação que não beneficia nem quem está nem quem chega. Às vezes as pessoas não reparam detalhes dramáticos mas que são fundamentais. A escola pública ensinava com qualidade também porque tinha turmas coesas onde pelo menos toda a gente falava português. Hoje uma escola pública em zonas de imigração pode ter numa mesma sala de aula 6, 7, 8 línguas diferentes. Como é que se dá uma aula assim?

Mas essa também é uma forma de integração.
Mas uma integração desregulada, errada, disfuncional. Então se tem alunos que têm 3, 4, 5 línguas diferentes e tem mais os alunos portugueses, ou o professor dá atenção aos alunos portugueses ou dá aos outros. E dá aos outros aos bocadinhos. Estas pessoas que têm esta qualidade de ensino que não lhes vai ensinar quase nada, que tipo de membros de sociedade vai ser daqui a 10, 20, 30 anos? Se estas crianças não têm uma formação adequada vai querer tê-los cá só para limpar escritórios, serviços baixos e trabalhos duros? Não. Tem que ter uma imigração que chega cá na infância, é bem formada na escola pública e isso é impossível se tiver uma sala de aula com 30 alunos e 15 estrangeiros. Mesmo quando vêm de antigos espaços de língua portuguesa não quer dizer que dominem o português e também não quer dizer que o currículo de onde vêm é adequado ao nosso. O ensino é um exemplo mas também a habitação e outros setores. A desregulação da imigração é um desastre para todos e quando André Ventura toca nesse tema está a revelar uma responsabilidade face aos outros que tratam tudo a despachar e depois vão queixar-se de habitação, de criminalidade e isso é mau para todos.

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