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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Montenegro com José Cid, Pedro Nuno na Academia e Santos Silva no Bloco. Rentrées a pensar no Orçamento (e já nas autárquicas)

Montenegro vai à festa do Pontal ainda em clima de pressão nos serviços de Saúde. Pedro Nuno estará no encerramento da Academia Socialista. Santos Silva estará na rentrée do Bloco.

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Num ano em que se começam a preparar as eleições autárquicas de 2025 e a poucos meses da decisão sobre o Orçamento do Estado, os partidos cumprem a tradição e rumam a diferentes locais do país para retomar a normal vida política após as férias de verão. Ainda antes do arranque dos trabalhos parlamentares, o PSD faz a rentrée a dois tempos, mantendo a tradição – Festa do Pontal em Quarteira e Universidade de Verão em Castelo de Vide. Já o PS ruma a Tomar, onde decorre a Academia Socialista. Chega e Iniciativa Liberal também rumam ao Algarve, o Bloco de Esquerda segue para Braga e o PCP cumpre a tradição no Seixal.

Addio, adieu verão. Olá, Orçamento (e autárquicas)

A Festa do Pontal de 2024, que celebra também os 50 anos do PSD, decorre no dia 14 de de agosto, em pleno calçadão de Quarteira. Começa às 19 horas, é de entrada livre e tem como ponto alto da parte lúdica da festa o concerto de José Cid. Antes, o momento político da noite: o discurso de Luís Montenegro, que vai pela primeira vez à rentrée do PSD como primeiro-ministro, numa altura em que os problemas nas urgências hospitalares têm colocado o Governo sob pressão – e já depois de ter estado ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa na renovada Maternidade do Hospital Santa Maria, em Lisboa.

Luís Montenegro deverá começar a dar os primeiros recados com vista ao Orçamento do Estado: o Governo não se demite em caso de chumbo, mas não tem medo de eleições; vai negociar o Orçamento, mas não abdica do seu programa; e há problemas na Saúde, mas a culpa é do anterior executivo. Estas vão ser as linhas de ação do presidente do PSD. Mais difícil de acontecer são surpresas como a ida relâmpago de Pedro Passos Coelho em 2022 à Festa do Pontal. O ambiente entre os dois, neste momento, não parece propício a um reencontro público desse género.

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Por outro lado, e mesmo que ainda não tenha confirmado uma recandidatura à Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas vai marcar presença no Pontal, à semelhança do que fez no ano passado (para assistir e não para discursar). Com a aproximação das autárquicas, acaba por ser relevante a presença do homem que construiu uma alternativa à direita para Lisboa— e que deverá fazer tentativas para a estender à IL. Já no ano passado o autarca foi um dos mais aplaudidos da noite, mesmo sem fazer qualquer intervenção, mas na altura era visto pelos opositores de Montenegro como uma possível solução para o partido se o PSD falhasse as europeias. No entanto, a queda precipitada do Governo de Costa mudou todos os planos e Montenegro chegou a primeiro-ministro.

Se no ano passado Montenegro usou o Pontal como pontapé de saída para um tema que pretendia que marcasse o ciclo político — ao usar a expressão “esbulho fiscal” atribuída ao PS e ao anunciar que o partido levaria ao Parlamento a diminuição em 1.200 milhões de euros no IRS das famílias portuguesas —, a questão dos impostos acabou por fazer ricochete: já depois de liderar o Governo, Montenegro viu o PS a unir-se à esquerda e ao Chega que, através de uma abstenção, permitiu que a proposta dos socialistas levasse a melhor.

O regresso político pós-Verão do PSD não termina no Algarve e ruma a Castelo de Vide, onde decorre anualmente a Universidade de Verão, e onde também Luís Montenegro vai marcar presença na sessão de encerramento, no dia 1 de setembro. O programa não foi tornado público, mas é expectável — como acontece sempre que o partido está no poder — que haja um autêntico desfile de ministros divididos pelos vários dias de Universidade de Verão.

[Já saiu o segundo episódio de “Um rei na boca do Inferno”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de como os nazis tinham um plano para raptar em Portugal, em julho de 1940, o rei inglês que abdicou do trono por amor. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no YouTube. Também pode ouvir aqui o primeiro episódio. ]

PS opta por Tomar, IL e Chega também apostam no Algarve

No mesmo dia em que Montenegro encerra o segundo ato da rentrée em Castelo de Vide com jovens, é num modelo parecido que o PS vai regressar das férias de verão. Pedro Nuno Santos, que é pela primeira vez o rosto da rentrée socialista enquanto secretário-geral, aponta ao regresso na Academia Socialista, que decorre pelo terceiro ano consecutivo, desta vez em Tomar. Inicia-se no dia 28 de agosto e termina a 1 de setembro. O programa ainda não foi divulgado, mas assenta em painéis temáticos com vários oradores convidados. O ponto alto será mesmo o discurso do líder socialista no último dia.

O secretrário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, discursa na sessão de encerramento das jornadas parlamentares do PS a decroorer em Castelo Branco, 09 de julho de 2024. MIGUEL PEREIRA DA SILVA/ LUSA

Pedro Nuno Santos é pela primeira vez o rosto da rentrée socialista enquanto secretário-geral. Vai estar em Tomar de 28 de agosto a 1 de setembro

MIGUEL PEREIRA DA SILVA/LUSA

Aos candidatos a alunos, dos quais devem ser selecionados 80, são prometidas pelo PS, “masterclasses com alguns dos melhores oradores nacionais e internacionais”, “workshops sobre temas estruturantes nas áreas de política e comunicação, liderados por especialistas”, “visitas privilegiadas a locais marcantes da história do país” e “muito tempo para conviver e tirar partido da grande atmosfera da Academia.”

O Chega vai até ao Algarve, como já é tradição no partido, para marcar a rentrée política com um jantar em Olhão, no Restaurante See Sea Sim, onde André Ventura fará o habitual discurso que marcará o novo ano político. O Observador sabe que o Orçamento do Estado vai ser um dos temas em que André Ventura se vai focar no discurso que marca a rentrée, já que o partido pode ser uma das peças-chave para a aprovação. Mas o Chega pretende ainda dar o pontapé de saída do novo ano político com a recuperação dos temas da insegurança e criminalidade e com a atual situação da saúde, relativamente à qual Ventura tem sido bastante vocal e crítico do Governo — optando por colar Montenegro aos anteriores governos do PS.

Este é mais um regresso ao Algarve, que é importante por ser uma das regiões onde há mais portugueses em agosto, mas também por ser uma região-bandeira para o Chega, já que o distrito de Faro foi vencido pelo partido de André Ventura nas eleições legislativas. Além desse já habitual jantar para marcar o início de uma nova temporada política, o Chega tem ainda a quarta Academia Política do partido, dedicada aos jovens, entre os dias 13 e 15 de setembro, em São Pedro do Sul, Viseu, com o mote “Contra tudo e contra todos. Como pode a direita vencer eleições?”

O socialista Augusto Santos Silva, ex-Presidente da Assembleia da República que não exclui uma candidatura a Belém, é um dos convidados da rentrée do Bloco de Esquerda, para falar sobre o tema “Como mobilizar e unir a cidadania no combate à extrema direita?”

A Iniciativa Liberal também tem o regresso marcado para o Algarve. Depois de Albufeira, Portimão e Armação de Pêra, os liberais mantêm-se a sul, desta vez na Praça do Mar, em Quarteira, no dia 24 de agosto, para a 4.ª edição da festa intitulada A’gosto da Liberdade, que terá como ponto alto a intervenção de Rui Rocha. O resultado nas europeias deixou Rui Rocha mais confortável, mas também será um dos pontos de interesse perceber se a oposição interna — que tem em Tiago Mayan Gonçalves o seu rosto mais visível — vai aparecer na festa que marca o início da época política.

Quanto ao foco dos liberais, o Observador sabe que se recusam a abandonar o tema dos impostos e a tese de que o Governo está a apostar numa “discriminação” no IRS ao descer significativamente o imposto para quem tem até 35 anos, considerando essa opção um “castigo” para quem tem mais do que essa idade — esta é, aliás, como o Observador escreveu, uma das propostas que pode pesar (e muito) no voto da IL no Orçamento do Estado. Mais do que isso, apesar de o Governo ter mudado de cores no último ano político, a IL promete continuar a ser um “watchdog muito atento na execução das medidas com que o Governo se comprometeu”, não dando tréguas a Montenegro — que em tempos esteve próximo de ser um parceiro de Governo. Sem compromisso, a IL sente-se livre para fazer oposição e recusa aparecer como uma muleta do Governo, pelo que provas disso não devem faltar na rentrée liberal.

Santos Silva na rentrée bloquista para falar do combate à extrema-direita

Segue-se o Bloco de Esquerda, que depois do Acampamento Liberdade em S. Gião, entre 25 e 29 de julho, fará a rentrée no Fórum Socialismo, de 30 de agosto a 1 de setembro, em Braga, com o tema “Socialismo: debate para a alternativa”. No programa já divulgado estão previstas intervenções de várias figuras bloquistas, como Francisco Louçã, Catarina Martins, José Soeiro, Pedro Filipe Soares ou Marisa Matias.

A destoar está o socialista Augusto Santos Silva, que é um dos convidados para falar sobre o tema “Como mobilizar e unir a cidadania no combate à extrema direita?”, também Daniel Oliveira vai abordar a “Agenda mediática e crescimento da extrema-direita”. Do feminismo ao idadismo, passando por sindicatos, privados na saúde, inteligência artificial e Palestina, são mais de 30 os temas a abordar durante os três dias.

A abertura será, precisamente, com o tema da Palestina, que contará com a antiga ministra da Igualdade de Espanha e candidata derrotada por Metsola à presidência do Parlamento Europeu, Irene Montero, num painel que contará também com a ex-líder e eurodeputada Catarina Martins. O encerramento é feito pela líder bloquista, Mariana Mortágua,  no dia 1 de setembro, às 16h00.

O PCP regressa à vida política com várias iniciativas antes do ponto mais relevante: a Festa do Avante. É mais um ano na Quinta da Atalaia, nos dias 6, 7 e 8 de Setembro, em que o secretário-geral, Paulo Raimundo, discursa no habitual comício de encerramento, no domingo. Até lá, tem prevista presença em vários comícios, onde discursará para militantes e simpatizantes comunistas. No espaço mundo vai continuar a ser possível encontrar bancas do Partido Comunista Cubano ou do Partido Comunista da China.  Quanto ao cartaz musical, a Festa conta com artistas como Dino d’Santiago, Sérgio Godinho e Capicua, The Legendary Tiger Man, Branko ou Bruno Pernadas.

O PAN marcou a rentrée para o dia 14 de setembro,no Jardim do Morro, em Vila Nova de Gaia, onde serão comunicados novos destaques do partido para a causa ambiental e a causa animal e Inês Sousa Real discursa. O Livre ruma a Ílhavo, em Aveiro, para dois dias, 14 e 15 de setembro, para o evento intitulado Os Setembristas. O CDS, até ao momento de publicação deste artigo, ainda não tinha comunicado os moldes da sua rentrée política.

Saúde ainda quente a motivar um coro de críticas da oposição

O verão aumentou a tensão nas urgências em vários locais do país e é com esse peso nos ombros que o Governo enfrenta uma rentrée agitada e com a oposição alinhada, pelo que dificilmente escapará a um coro de críticas neste arranque do novo ano político.

Depois de um fim de semana marcado pelo encerramento de mais de 10 urgências de obstetrícia em todo o país, Pedro Nuno Santos realçou que “com inúmeros serviços de Ginecologia e Obstetrícia encerrados, é evidente que o Plano de Emergência e Transformação na Saúde da AD está a falhar“, acrescentando que “o processo que está em curso é de degradação, não é de transformação”.

Montenegro tem nas próximas semanas e meses um dos maiores desafios desde que chegou a primeiro-ministro: a apresentação e negociação do Orçamento do Estado para que este passe na Assembleia da República. O Governo já veio a ser ultrapassado por coligações negativas em vários temas e terá a necessidade de se sentar à mesa com PS e Chega, sendo suficiente conquistar um dos dois para que o documento seja aprovado

Também André Ventura reagiu a “notícias perturbadoras” no setor da saúde, frisando que o que existe atualmente é “explosivo”. “Não houve reorganização dos serviços, não houve acordos com os profissionais que os satisfaçam e estamos com uma afluência turística grande a juntar à afluência de imigrantes”, sublinha, realçando que “há desde grávidas a quem é negada assistência nas Caldas da Rainha a pessoas que esperam horas e horas nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto”. “É momento para dizer que este plano falhou” rematou o líder do Chega.

Por outro lado, Montenegro tem nas próximas semanas e meses um dos maiores desafios desde que chegou a primeiro-ministro: a apresentação e negociação do Orçamento do Estado para que este passe na Assembleia da República. O Governo já veio a ser ultrapassado por coligações negativas em vários temas e terá a necessidade de se sentar à mesa com PS e Chega, sendo suficiente conquistar um dos dois para que o documento seja aprovado.

As autárquicas marcadas para 2025 também serão um teste às várias lideranças partidárias, com vários presidentes de câmara em fim de mandato. Apesar de serem 308 lutas personalizadas, acaba sempre por haver uma leitura nacional dos resultados e nem a oposição quererá dar sinais de perder força, nem o Governo quererá receber uma votação que possa ser vista como um cartão vermelho do eleitorado — como sentiu António Guterres quando se demitiu da chefia do Governo em 2001, alegando o “pântano” da situação política nacional e abrindo caminho à vitória do PSD de Durão Barroso em 2002.

 
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