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A assembleia geral do Sínodo dos Bispos começou esta quarta-feira em Roma

Mondadori Portfolio via Getty Im

A assembleia geral do Sínodo dos Bispos começou esta quarta-feira em Roma

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Primeiro dia do Sínodo no Vaticano. Grupo de trabalho rejeita, para já, a possibilidade de ordenação de mulheres

No início do Sínodo, grupo de trabalho encarregado de estudar a questão da ordenação de mulheres disse que não há ainda condições para a Igreja dar esse passo, mas deixou a porta aberta para o futuro.

O Papa Francisco já tinha baixado as expectativas, retirando da agenda oficial do Sínodo dos Bispos (que arrancou esta quarta-feira em Roma) os temas mais fraturantes, como a ordenação de mulheres ou as questões do celibato dos padres, e remetendo-os para grupos de trabalho paralelos. Contudo, o primeiro dia da reunião magna dos bispos católicos trouxe um balde de água fria para os que mantinham a esperança de algum avanço concreto nestas matérias. O grupo de trabalho a quem foi confiado o estudo da possibilidade de ordenar mulheres como diaconisas, ou seja, admiti-las ao primeiro grau do sacramento da ordem, revelou na quarta-feira a sua conclusão: para já, não há margem para introduzir essa inovação na Igreja Católica.

A revelação foi feita na tarde do primeiro dia de trabalhos do Sínodo dos Bispos pelo cardeal Victor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé e principal responsável pelo grupo de trabalho que ficou com a missão de estudar esta matéria. “Gostaríamos, desde já, de partilhar que, com base no estudo realizado até agora — que também tem em conta o trabalho desenvolvido pelas duas comissões criadas pelo Papa Francisco sobre o diaconado feminino —, o Dicastério considera que ainda não há espaço para uma decisão positiva, por parte do Magistério, relativamente ao acesso das mulheres ao diaconado, entendido como um grau do sacramento da ordem”, disse Fernández aos membros da assembleia sinodal.

Na intervenção, o cardeal argentino recordou que esta conclusão está em linha com o posicionamento recente do Papa Francisco sobre o assunto. “O próprio Santo Padre confirmou esta consideração em público recentemente”, disse Fernández. O cardeal estaria, muito provavelmente, a referir-se à entrevista que o Papa Francisco deu ao canal de televisão norte-americano CBS em maio, na qual se posicionou contra a possibilidade de se avançar já para a ordenação de mulheres. “Compreendo que já disse ‘não’ à ordenação sacerdotal de mulheres, mas está a estudar a possibilidade de ordenar mulheres como diaconisas. É algo a que está aberto?”, perguntou a jornalista Norah O’Donnell. “Se forem diaconisas com as ordens sacras, não”, respondeu o Papa. “Mas as mulheres sempre tiveram, diria eu, a função de diaconisas sem serem diaconisas, certo? As mulheres têm um grande serviço como mulheres, não como ministras com as ordens sacras.”

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O Papa Francisco está a presidir à assembleia geral do Sínodo dos Bispos, que decorre num formato inovador, com os participantes divididos em pequenos grupos de discussão

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A ordem é um dos sete sacramentos da Igreja Católica (os outros são o batismo, a confirmação, a eucaristia, a reconciliação, a unção dos enfermos e o matrimónio) e é por meio desse sacramento que a instituição confia numa pessoa a missão de continuar o trabalho que os católicos acreditam ter sido confiado por Jesus Cristo aos apóstolos e aos seus sucessores. Existem três graus no sacramento da ordem: diáconos, presbíteros (ou padres) e bispos.

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Atualmente, o acesso ao sacramento da ordem é exclusivamente reservado a homens, uma tradição que a Igreja Católica diz ter as suas raízes no facto de Jesus Cristo apenas ter escolhido homens como discípulos. Porém, nas últimas décadas, tem-se consolidado entre os teólogos a ideia de que, em teoria, não há qualquer impedimento teológico para o acesso das mulheres ao sacramento da ordem. Na verdade, noutras denominações cristãs — com destaque, por exemplo, para a Igreja Anglicana e para várias igrejas protestantes do centro e norte da Europa — as mulheres já têm acesso ao sacramento da ordem, sendo comum encontrar diaconisas, sacerdotisas e até bispas nessas igrejas.

Afinal, porque não podem as mulheres ser padres?

Nos últimos anos, à boleia das lutas pela igualdade de género e pela emancipação feminina, também na Igreja Católica começaram a organizar-se os movimentos em defesa da ordenação de mulheres, que conseguiram pelo menos uma vitória: abrir, finalmente, espaço para a discussão teológica ao mais alto nível sobre o assunto. Em 2016, o Papa Francisco criou uma comissão teológica para estudar a possibilidade de admitir as mulheres ao primeiro sacramento da ordem, olhando para o assunto a partir de uma perspetiva histórica: a raiz grega da palavra “diácono” significa “servidor” e acredita-se que, nos primeiros séculos da era cristã, ainda antes da formalização dos graus do sacramento da ordem, as mulheres tenham tido um papel importante nas comunidades cristãs primitivas, comparável ao dos atuais diáconos. Por isso, o Papa Francisco quis saber se a ordenação diaconal de mulheres respeitaria a herança histórica do cristianismo ou não.

"Ainda não há espaço para uma decisão positiva, por parte do Magistério, relativamente ao acesso das mulheres ao diaconado, entendido como um grau do sacramento da ordem."
Cardeal Victor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé

Contudo, essa comissão terminaria o seu trabalho com resultados inconclusivos, bem como uma segunda comissão que o Papa Francisco criou depois para o mesmo efeito. Apesar do insucesso das comissões em chegar a alguma conclusão, o tema nunca desapareceu verdadeiramente da agenda da Igreja Católica — e, ao longo do seu pontificado, o Papa Francisco foi dando alguns sinais contraditórios, nomeando um número crescente de mulheres para cargos de liderança ao mesmo tempo que não se comprometia com o acesso das mulheres ao sacramento da ordem. O assunto voltou a surgir no contexto do atual Sínodo dos Bispos, dedicado ao tema da sinodalidade, no qual muitos viram a esperança de mudanças concretas.

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Tema foi retirado da agenda do Sínodo e confiado a grupo de trabalho

Em 2020, o Vaticano anunciou os planos para uma edição inédita do Sínodo dos Bispos, um órgão consultivo do Papa representativo dos bispos de todo o mundo, que se reúne periodicamente para aconselhar o chefe da Igreja em diferentes temas. Esta edição tem como tema a “sinodalidade”, conceito difícil de definir que sintetiza o modo de tomar decisões em conjunto dentro da Igreja. Ao contrário das edições anteriores do Sínodo — uma assembleia geral de três semanas em Roma na qual participaram apenas bispos —, desta vez Francisco trocou as voltas à Igreja e impulsionou um processo sinodal de três anos, que incluiu um processo de auscultação das bases católicas, incluindo paróquias, grupos, movimentos, dioceses e conferências episcopais. Seriam os resultados dessa consulta a moldar as discussões em Roma, a decorrer não numa assembleia geral, mas em duas (começou esta quarta-feira a sessão final), com uma novidade fundamental: desta vez, além de bispos, estão a participar na assembleia sinodal também várias dezenas de leigos, incluindo cerca de meia centena de mulheres, que pela primeira vez têm direito de voto num Sínodo.

O objetivo do Sínodo sobre a Sinodalidade era conduzir a Igreja Católica a uma reflexão interna sobre como envolver todos os crentes nos processos de tomada de decisão dentro da própria Igreja, a todas as escalas, desde a mais pequena das paróquias até à própria Santa Sé, ultrapassando fórmulas antigas de clericalismo que centram nos sacerdotes todo o poder e autoridade. Formalmente aberto em 2021, o Sínodo dos Bispos termina no final deste mês, depois de três anos de discussão. Desde o Concílio Vaticano II, na década de 1960, que a Igreja Católica não passava por um tão longo e detalhado processo de reflexão interna. Numa entrevista ao Observador em 2023, a teóloga espanhola Cristina Inogés Sanz, uma das mulheres chamadas pelo Papa Francisco para participar no Sínodo, classificava-o como “o acontecimento eclesial mais importante desde o Concílio Vaticano II”.

“O acontecimento eclesial mais importante desde o Concílio Vaticano II.” Oito perguntas e respostas sobre um sínodo inédito

Contudo, a fase de auscultação das bases fez emergir as fortes preocupações do mundo católico com alguns dos temas mais fraturantes e com os quais a Igreja tem tido maior dificuldade em lidar. Os documentos produzidos após as consultas aos católicos dão conta de uma Igreja estagnada no tempo, fortemente hierarquizada, pouco transparente, que discrimina as mulheres, os pobres e os homossexuais, que é incapaz de acompanhar o mundo contemporâneo, que se foca de modo obsessivo em questões da moral sexual com o objetivo de discriminar em vez de acolher, que não é capaz de se afirmar como relevante para os jovens, que insiste numa discriminação de papéis entre homens e mulheres e que continua excessivamente focada na autoridade do clero. Basta olhar para as conclusões do processo sinodal em Portugal para ter uma amostra.

O tema da discriminação das mulheres foi especialmente polémico na fase de consulta sinodal e, quando os membros da assembleia geral do Sínodo dos Bispos se reuniram em Roma para a primeira sessão, em outubro do ano passado, esse era um dos principais temas no centro da discussão.

A organização do próprio Sínodo dos Bispos deu algumas pistas sobre o assunto. Em 2021, o Papa Francisco nomeou a irmã Nathalie Becquart, uma religiosa francesa, para o lugar de subsecretária da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos. Foi a primeira vez que uma mulher foi nomeada para aquele cargo e, uma vez que o subsecretário tem, por inerência, direito de voto no Sínodo, Nathalie Becquart tornou-se na primeira mulher a poder votar num Sínodo dos Bispos. A imprensa internacional chamou-lhe “a mulher mais poderosa do Vaticano” e “a freira que está a transformar o papel das mulheres dentro do Vaticano”. Numa entrevista ao Observador em 2023, Nathalie Becquart foi taxativa ao garantir que a cúpula da Igreja Católica “já não é apenas um mundo de homens”.

A Igreja Católica “já não é apenas um mundo de homens”. Quem o diz (entre muitas outras) é uma das mulheres mais poderosas do Vaticano

Com Nathalie Becquart, viriam mais meia centena de mulheres, incluindo religiosas e teólogas que foram escolhidas para participar na assembleia do Sínodo dos Bispos, integrando o lote de membros que entram por nomeação direta do Papa.

Nos anos anteriores, a nomeação de várias mulheres para cargos importantes em Roma — incluindo seis economistas para o Conselho para a Economia do Vaticano ou a diretora dos Museus do Vaticano — levou à especulação de que o Papa Francisco estaria a abrir caminho para que, no futuro, fossem dados passos mais significativos. O facto de, por duas vezes, Francisco ter criado comissões para estudar a possibilidade de as mulheres acederem ao primeiro grau do sacramento da ordem mostrou que o Papa não deixou cair o tema; em contrapartida, o facto de ambas as comissões terem terminado sem conclusões também deu sinais claros de que o consenso em torno do assunto estaria ainda muito longe.

Papa Francisco nomeou seis mulheres para o Vaticano. Mas a Igreja continua longe da igualdade de género

Estudo da ordenação de mulheres envolto em secretismo

No final de outubro de 2023, contudo, a primeira sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade terminou com um documento vago em relação à questão das mulheres, fruto de uma busca de consensos que acabaria por resultar em declarações genéricas. Por outro lado, o Papa Francisco decidiu criar dez grupos de trabalho com o objetivo de estudar dez temas que emergiram durante o processo sinodal. O objetivo era impedir que o Sínodo ficasse refém daqueles temas fraturantes, permitindo que a reunião se focasse no seu tema concreto — a sinodalidade —, ao mesmo tempo que era reconhecida a importância de continuar a estudar aqueles temas.

Sínodo dos bispos católicos. Procura de “consenso” resultou em documento vago que “reafirma o status quo”

Um dos grupos de trabalho — o grupo de trabalho número 5 — ficou encarregado de estudar “assuntos teológicos e canónicos relativos a formas ministeriais específicas”, uma expressão onde couberam vários assuntos relacionados com o papel contemporâneo dos ministros consagrados, incluindo a possibilidade de ordenação diaconal de mulheres. Desse grupo de trabalho fazem parte vários elementos do Dicastério para a Doutrina da Fé, o principal organismo da Santa Sé para a definição da doutrina católica.

Estes grupos de trabalho têm até junho de 2025 para continuar as suas investigações, mas foi-lhes também pedido que apresentassem, nesta segunda sessão do Sínodo dos Bispos, uma síntese sobre o andamento dos trabalhos.

No primeiro dia, o cardeal Victor Manuel Fernández tomou a palavra para apresentar o trabalho do grupo e para garantir que a equipa está a planear redigir um documento sobre “a especificidade do poder sacramental”, as “funções e ministérios eclesiais que não requerem o sacramento da ordem” e ainda os “problemas que emergem de uma conceção errónea da autoridade eclesial”. De acordo com Fernández, o grupo de trabalho planeia debruçar-se sobre a questão das mulheres na Igreja, pegando nas conclusões das duas comissões que já estudaram o assunto — mas o cardeal avisou à partida que “ainda não há espaço para uma decisão positiva” sobre o diaconado feminino.

Ainda assim, o cardeal fez questão de não encerrar definitivamente a questão: “De qualquer dos modos, o dicastério julga que se mantém aberta a oportunidade de continuar o trabalho de estudo aprofundado.”

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O cardeal Victor Manuel Fernández é o atual prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé e foi ele quem anunciou as conclusões do grupo de trabalho

Anadolu Agency via Getty Images

Na sua intervenção, Fernández parece ter seguido uma linha de pensamento que o Papa Francisco tem procurado enfatizar: a de que o poder não tem de estar ligado ao sacramento da ordem. Na última reforma da Cúria Romana, por exemplo, o Papa Francisco colocou como uma das prioridades a possibilidade de os leigos poderem assumir papéis de liderança anteriormente reservados a clérigos (como os cargos de prefeito dos dicastérios romanos), o que significa que, com essa decisão, as mulheres também passam a poder assumir esses papéis. Para o Papa, tem sido mais importante garantir que o poder não está reservado aos padres do que permitir a ordenação sacerdotal de mulheres. Admitir as mulheres à ordenação sacerdotal, argumenta o Papa, não resolveria o problema central, que reside no facto de o poder estar concentrado numa elite fechada; apenas colocaria algumas mulheres dentro dessa elite.

O grupo de trabalho liderado pelo cardeal Fernández pretende “analisar em profundidade as vidas de algumas mulheres que, tanto na história antiga como na história recente da Igreja, exerceram uma autoridade e um poder genuínos apoiando a missão da Igreja”, uma autoridade que “não estava ligada à consagração sacramental, como seria o caso, pelo menos hoje em dia, com a ordenação diaconal”. Fernández garante que a equipa vai “dar a atenção adequada ao assunto urgente da participação das mulheres na vida e liderança da Igreja”, o que “inclui a questão do acesso das mulheres ao diaconado”.

Apesar de o possível acesso das mulheres ao sacramento da ordem estar a ser debatido há vários anos ao mais alto nível na Igreja Católica, todo o processo tem-se mantido, no geral, em segredo. A revista jesuíta America recorda que os documentos produzidos pelas duas comissões que já estudaram o assunto a pedido do Papa Francisco são confidenciais e que os membros dessas comissões estão proibidos de falar publicamente sobre as conclusões. Os documentos nem sequer foram disponibilizados aos membros da assembleia sinodal, diz a revista.

A aura de secretismo parece ter continuado também agora durante o Sínodo dos Bispos, conta a America. No primeiro dia do Sínodo, quando os vários grupos apresentaram as sínteses do seu trabalho, os membros de nove dos grupos foram apresentados individualmente, com as fotografias de cada elemento a surgirem nos ecrãs. Porém, quando foi a vez do grupo 5, responsável pelo estudo da questão das mulheres, foi diferente: os nomes dos elementos do grupo não foram divulgados (e continuam por publicar) e apenas surgiram nos ecrãs, por breves segundos, duas fotografias de grupo, onde os jornalistas especializados conseguiram reconhecer apenas os elementos mais famosos, incluindo o cardeal Victor Manuel Fernández e alguns outros responsáveis de topo da Congregação para a Doutrina da Fé.

Não há impedimentos teológicos à ordenação de mulheres

No arranque do Sínodo dos Bispos, esta quarta-feira, o Papa Francisco voltou a insistir na necessidade de repensar a relação entre clero e leigos e de atribuir mais responsabilidade a este segundo grupo. “A composição desta XVI Assembleia é mais do que um facto contingente. Ela exprime um modo de exercer o ministério episcopal coerente com a Tradição viva da Igreja e com o ensinamento do Concílio Vaticano II: o bispo, como qualquer outro cristão, nunca pode pensar em si mesmo sem o outro”, disse o Papa, dirigindo-se a uma assembleia composta por 368 membros com direito de voto, dos quais 272 são bispos e mais de 50 são mulheres.

Francisco pediu também aos membros do Sínodo que ajudem a refletir numa nova forma de os leigos se relacionarem com a hierarquia eclesiástica, mas sem que isso signifique um conflito entre os cristãos e os membros da hierarquia. “Não se trata certamente de substituir uns pelos outros, animados pelo grito: agora é a nossa vez. Isso não está bem”, afirmou o Papa, num discurso em que não tocou de forma explícita no tema da possibilidade de a Igreja admitir as mulheres ao primeiro grau do sacramento da ordem.

Os posicionamentos mais recuados do Papa Francisco na entrevista à CBS e do cardeal Victor Manuel Fernández na abertura do Sínodo dos Bispos contrastam com alguns posicionamentos teológicos recentes, mais favoráveis à ordenação de mulheres.

Uma das vozes mais ativas na defesa da ordenação de mulheres tem sido a teóloga espanhola Cristina Inogés Sanz, que foi convidada pelo Papa Francisco para participar no Sínodo dos Bispos, como membro com direito de voto integrado no lote de nomeação papal. Numa entrevista ao Observador em outubro do ano passado, antes do arranque da primeira sessão do Sínodo, Cristina Inogés Sanz descreveu-se como “partidária do sacerdócio feminino”.

Cristina Inogés Sanz, uma das primeiras mulheres a votar num Sínodo dos Bispos. “Não há razões teológicas que impeçam” ordenação de mulheres

“Não há razões teológicas que o impeçam. A partir do batismo, todos somos Cristos, portanto não há diferença alguma entre um homem e uma mulher para serem sacerdotes”, garantiu a teóloga. Contudo, Cristina Inogés Sanz deixou um alerta: antes de isso poder acontecer, é necessário que haja mudanças no modelo sacerdotal contemporâneo, que está “esgotado”.

Também o bispo português José Ornelas, um dos dois representantes da delegação portuguesa no Sínodo dos Bispos, concorda que “não há impedimentos teológicos” à ordenação das mulheres. Em declarações ao Observador antes da partida para Roma para esta segunda sessão, Ornelas assumiu, por outro lado, que há muitos dentro da Igreja que olham para os relatos bíblicos e concluem que, “se Jesus pudesse ter discípulas, tinha tido”. Um argumento que não convence Ornelas: “Isto tanto vale para dizer que sim como para dizer que não. Claramente, Paulo diz que não há homem nem mulher.”

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