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NurPhoto via Getty Images

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Quando poderão os portugueses libertar-se das máscaras? Em breve (mas só só vacinados e com algumas condições)

Estados Unidos e Israel já aliviaram o uso de máscaras entre os cidadãos completamente vacinados; Portugal pensa fazer o mesmo. Os especialistas concordam, mas só com condições e vigilância.

Portugal pode adotar o alívio na utilização das máscaras que já foi anunciado nos Estados Unidos e Israel. Mas só para aqueles que já receberam todas as doses da vacina contra a Covid-19. E apenas se forem cumpridas algumas condições: a capacidade de realizar testes PCR não pode ser descurada; é preciso ensinar a população a avaliar o risco em cada situação; e não travar na velocidade da campanha de vacinação.

A questão colocou-se desde que o Governo pediu aos especialistas — os mesmos que traçaram o plano de desconfinamento do país a seguir à segunda quarentena — que esboçassem um plano de regresso à normalidade para quando toda a população com mais de 60 anos (1,2 milhões de pessoas) estivesse imunizada. A dispensa na utilização de máscara foi desde logo colocada em cima da mesa, mas apenas em alguns cenários e só para quem já recebeu a vacina.

Tiago Correia, professor e investigador de Saúde Internacional no Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) da Universidade Nova de Lisboa, concorda com a medida, mas deixa um aviso: “É importante que as pessoas compreendam que estamos numa nova fase da pandemia. Voltamos a não saber o que fazer porque é uma nova realidade. Estes são passos que damos pela primeira vez”.

É também por isto que Vasco Ricoca Peixoto, médico de saúde pública e especialista em saúde pública, defende que é necessário “dar às pessoas a capacidade de analisar o risco”, tal como entende o que se faz nos Estados Unidos: “Tendemos a ser muito normativos e perscritivos, agora é tempo de darmos às pessoas as recomendações sem terem peso de lei. As pessoas podem fazer alguma gestão de risco”, considera.

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Ainda assim, o médico entende que o país não está ainda em condições de permitir que não se utilizem máscaras em sítios públicos como supermercados, escolas ou nos locais de trabalho — até porque isso obrigaria cada cidadão a ter um certificado de vacinação e cada agente a verificá-lo. “Deve haver sensibilização para o nível de risco em função da vacinação”, advoga Vasco Ricoca Peixoto, “mas nos espaços públicos com muita gente é complicado abrir essa possibilidade”.

Rochelle Walensky, diretora do CDC, garantiu que a agência "seguiu a ciência" para anunciar essa suavização das regras para quem já cumpriu todo o esquema vacinal contra a Covid-19. E mencionou três aspetos que fundamentam a decisão: uma redução acentuada no número de novos casos, o alargamento do programa de vacinação para os mais jovens e a eficácia das vacinas contra as variantes em circulação.

A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) já se pronunciou sobre esta possibilidade. Michael Ryan, diretor do programa de emergências, pediu aos países que tomem em consideração “a cobertura de vacinas e a taxa de incidência local” quando estudarem a possibilidade de dispensar a utilização de máscaras, ainda que apenas às pessoas que já tomaram as duas doses da vacina contra a Covid-19.

Nos Estados Unidos, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) já anunciou um alívio das medidas relacionadas com a utilização de máscara entre as pessoas totalmente vacinadas contra a Covid-19. Já não é obrigatório utilizá-las ao ar livre (exceto se essa for a diretiva local), embora ela continue a ser mandatória em certos espaços fechados, como os transportes públicos.

Até mesmo o presidente norte-americano Joe Biden, totalmente vacinado contra a Covid-19, já discursou sem máscara na quinta-feira. “Se está totalmente vacinado e pode tirar a máscara, conquistou o direito de fazer algo por que os americanos são conhecidos em todo o mundo: cumprimentar os outros com um sorriso”, certificou o líder dos Estados Unidos, esboçando ele mesmo um.

Rochelle Walensky, diretora do CDC, garantiu que a agência “seguiu a ciência” para anunciar essa suavização das regras para quem já cumpriu todo o esquema vacinal contra a Covid-19. E mencionou três aspetos que fundamentam a decisão: uma redução acentuada no número de novos casos, o alargamento do programa de vacinação para os mais jovens e a eficácia das vacinas contra as variantes em circulação.

Em Israel, o mais veloz país no esforço para vacinar a população, a dispensa de máscara para quem já foi vacinado foi anunciada a 15 de abril num contexto ainda mais favorável que o dos Estados Unidos: 40,3 novos casos de infeção pelo coronavírus em duas semanas por 100 mil habitantes — ou seja, ligeiramente abaixo do que Portugal neste momento — e 57,3% da população imunizada. Os adolescentes já estão a ser vacinados.

O primeiro tópico verifica-se em Portugal. A 13 de maio, quando o CDC anunciou que as máscaras já não eram obrigatórias na maioria das ocasiões em pessoas totalmente vacinadas, os Estados Unidos registavam uma incidência de 170,3 novos casos de infeção por SARS-CoV-2 em duas semanas por 100 mil habitantes — a métrica mais comum para comparar situações epidemiológicas entre países. Por cá, essa marca no mesmo dia era de 48.

Mas enquanto os norte-americanos já estão a vacinar adolescentes — quem tem a partir de 12 anos pode receber a  vacina da Pfizer/BioNTech —, em Portugal não há aprovação para administrar qualquer uma das soluções a menores de 16 anos. A Agência Europeia do Medicamento está a avaliar a possibilidade de também aplicar a vacina da Pfizer a crianças a partir dos 12, mas a recomendação só deve ser anunciada até junho. E, mesmo assim, a maioria dos países europeus está a vacinar pelo critério de idade e ainda pode demorar até chegar a tal faixa etária: Portugal entrou agora na fase em que as pessoas a partir dos 55 anos se registem para a vacinação.

Além disso, se os americanos têm 35,6% da população totalmente vacinada contra a Covid-19, os dados reportados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) indicam que a percentagem em Portugal se fica pelos 11,5%. As boas notícias são que a campanha de vacinação contra a Covid-19 está a acelerar nacionalmente e que 87% das pessoas com 80 anos ou mais já receberam as duas doses.

Em Israel, o mais veloz país no esforço para vacinar a população, a dispensa de máscara para quem já foi vacinado foi anunciada logo a 15 de abril num contexto ainda mais favorável que o dos Estados Unidos: 40,3 novos casos de infeção pelo coronavírus em duas semanas por 100 mil habitantes — ou seja, ligeiramente abaixo do que se regista em Portugal neste momento — e com 57,3% da população imunizada. E os adolescentes já estão também a ser vacinados.

Mas continuam a existir duas pontas soltas em qualquer um destes países, EUA e Israel: a eficácia das vacinas contra as variantes do SARS-CoV-2 (sobretudo a última e que mais preocupa agora a OMS, a indiana) e a capacidade de mitigar a própria transmissão do vírus. Começando pelo primeiro aspeto, há um “relativo sossego” em relação à variante britânica porque já há evidências de que as vacinas resultam contra ela, mas as dúvidas em relação à estirpe indiana prevalecem. “Precisamos de tempo”, entende Tiago Correia: “Com estas variantes e outras que venham a surgir”.

Tiago Correia considera que é preciso aligeirar as medidas para as pessoas que estão vacinadas, sobretudo nos circuitos familiares e de amigos. O especialista sugere que se vá "alargando a bolha" em função do número de vacinados e de pessoas mais vulneráveis no núcleo de convívio. 

É por isto que, para o perito em saúde internacional, a capacidade de testagem com PCR não pode ser colocada em xeque: é a partir dela que se pode fazer uma sequenciação genómica dos vírus detetados em quem testar positivo e assim sinalizar novas variantes de preocupação que possam escapar à resposta imunitária induzida pela vacina. Mas não só: a testagem será os olhos e ouvidos das autoridades de saúde para tirar o pulso à capacidade que a vacina tem de esfriar o próprio contágio.

Nos Estados Unidos, entende-se que a evidência em como a vacina pode diminuir a transmissão do SARS-CoV-2 de pessoa para pessoa é forte. Num contexto de encontro entre alguém vacinado e alguém não vacinado, se a pessoa que não está imunizada transmitir o vírus, haverá uma probabilidade inferior de a outra ser infetada; e que, se acontecer o contrário, a carga viral da pessoa vacinada será menor.

Mas nada disto é consensual porque não há estudos científicos que permitam retirar estas conclusões. É por isso que, apesar do otimismo do CDC, os norte-americanos mantêm uma política de cautela quanto à circulação internacional: as pessoas vacinadas que circulem entre estados não precisam de testes, mas quem queira entrar no país, mesmo que tenha como comprovar que está completamente vacinado, terá de ser testado na mesma.

Duarte Vital Brito refere-se ao "modelo do queijo suíço", tantas vezes partilhado para explicar como só várias medidas de proteção juntas — não só o uso de máscara, como o distanciamento físico por exemplo — podem surtir efeito. Todas têm defeitos e nenhuma é 100% eficaz, por isso, retirar uma das camadas implica adensar as outras: melhorar a capacidade de testagem (tal como Tiago Correia também defendeu), estar mais atento aos sintomas da Covid-19 e continuar a proteger quem é mais vulnerável e ainda não recebeu a vacina.

Tiago Correia considera que é preciso aligeirar as medidas para as pessoas que estão vacinadas, sobretudo nos circuitos familiares e de amigos. O especialista sugere que se vá “alargando a bolha” em função do número de vacinados e de pessoas mais vulneráveis no núcleo de convívio. Se isto não se refletir num aumento do número de casos, avançar depois para um alívio do uso de máscara nas ruas e, a seguir, para outros espaços públicos. Sempre ao ritmo que a velocidade de vacinação o permitir. E sem medo de regressar atrás se não correr bem.

Já Duarte Vital Brito, membro da direção da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, acredita que avançar com o alívio das máscaras sob o perigo de ela resultar num problema para o controlo da epidemia torna a emenda pior que o soneto. “Em termos de comunicação seria complicado de gerir”, acredita o médico de saúde pública.

Em Israel, o alívio na utilização de máscaras para quem já recebeu todas as doses necessárias da vacina contra a Covid-19 não resultou num aumento do número de casos. Nos Estados Unidos, é muito cedo ainda para saber. Mas o especialista defende a “cautela” e pouca ansiedade em “ir atrás de outros países”. Mais: afirma que só faz sentido aliviar nessa medida se as autoridades de saúde mantiverem rédea curta nas outras. A boa notícia é que os números da pandemia estão a correr bem em Portugal.

Duarte Vital Brito refere-se ao “modelo do queijo suíço”, tantas vezes partilhado para explicar como só várias medidas de proteção juntas — não só o uso de máscara, como o distanciamento físico por exemplo — podem surtir efeito. Todas têm defeitos e nenhuma é 100% eficaz, por isso, retirar uma das camadas implica adensar as outras: melhorar a capacidade de testagem (tal como Tiago Correia também defendeu), estar mais atento aos sintomas da Covid-19 e continuar a proteger quem é mais vulnerável e ainda não recebeu a vacina.

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