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epa08785980 Travelers queue up in terminal 4 at Adolfo Suarez-Barajas airport in Madrid, Spain, 30 October 2020. Some 3,350 national and local police as well as Civil Guards are on guard to avoid people leaving or entering Madrid region during All Saints bank holiday, after the regional Government announced the region would be closed over the long weekend to avoid non-essential traveling in or out the territory, in a bid to stop the coronavirus spread.  EPA/FERNANDO VILLAR
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O certificado de vacinação pretendia facilitar as viagens, mas ainda há situações que ainda não têm solução

FERNANDO VILLAR/EPA

O certificado de vacinação pretendia facilitar as viagens, mas ainda há situações que ainda não têm solução

FERNANDO VILLAR/EPA

Quantas doses preciso no certificado de vacinação? E preciso de fazer quarentena? O labirinto das viagens internacionais

O Reino Unido aceita o certificado digital europeu, mas não totalmente, causando problemas a quem viaja. E nem todos os países aceitam a vacina da Janssen ao fim de 14 dias. Conheça algumas exceções.

Teresa Colaço tem viagem marcada para o Reino Unido e Alberto Magalhães quer assistir ao casamento da irmã no Canadá. Ambos estiveram infetados com SARS-CoV-2 e receberam uma dose da vacina depois disso, mas estes países de destino não consideram que isso seja um esquema vacinal completo. Por isso, até aqui, eram obrigados a cumprir quarentena, como contaram ao Jornal de Notícias. Depois de muitas queixas, nas últimas horas passou a haver uma solução.

Depois de um período de escassez de vacinas, em que os recuperados da infeção nem sequer eram contemplados na campanha de vacinação, Portugal decidiu vacinar também quem tinha estado infetado. Se a infeção tiver ocorrido antes de ter tomado qualquer vacina contra a Covid-19, uma dose ao fim de três meses do teste positivo será suficiente para ficar com esquema vacinal completo (mesmo nas vacinas que, normalmente, requerem duas doses), tal como definido na norma da Direção-Geral da Saúde (DGS). Mas, este sábado, acabaria por chegar o anúncio da alteração que vai permitir a Teresa Colaço e a muitos outros portugueses não ficarem impedidos de viajar — podem pedir para levar a segunda dose.

Recuperados da Covid-19 que precisem da segunda dose para viajar já podem ser vacinados

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Portugal não era até aqui caso único na Europa a permitir apenas uma dose a infetados. Do levantamento feito pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo da Doença (ECDC), em setembro, havia mais 13 países nesta situação, incluindo Alemanha, Espanha e França. Dos países que reportaram o esquema adotado, 12 davam duas doses aos recuperados da infeção, nomeadamente Bélgica, Dinamarca e Suécia.

A Estónia, no grupo dos países que só dão uma dose, prevê uma exceção: dar uma segunda dose a pessoas recuperadas caso lhes seja exigido para entrar em algum outro país.

14 países recomendam uma dose após infeção

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Os países que recomendam uma dose após infeção com o coronavírus são: Alemanha, Áustria, Croácia, Eslovénia, Espanha, Estónia, França, Irlanda, Islândia, Itália, Letónia, Noruega, Países Baixos e Portugal.

Os países que recomendam duas doses para quem esteve infetado antes de ser vacinado são: Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Finlândia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, República Checa, Roménia e Suécia.

Qual a diferença entre tomar uma ou duas doses?

Primeiro, foi a falta de vacinas que excluiu os recuperados da campanha de vacinação. Depois, a evidência de que uma dose, após a infeção, funcionava tão bem ou melhor que duas doses para conferir proteção justificou o uso de uma única dose nos recuperados.

DGS. Quem esteve infetado com coronavírus só toma uma dose da vacina

Agora, vacinas não faltam, mas a DGS mantém a recomendação — ainda que nos últimos dias tenha aberto uma exceção para quem precisa viajar. Além disso, a Comissão Técnica de Vacinação está incumbida de avaliar a necessidade de terceiras doses e reforços nas pessoas com o esquema vacinal já completo.

Podemos, no entanto, voltar atrás uns meses, a março de 2021, para perceber que as recomendações vão mudando à medida que se vai reunindo mais informação.

Nessa altura, quem tivesse sido infetado depois de tomar a primeira dose, já não tomava a segunda  — agora, a recomendação é que a segunda dose seja dada três meses depois da infeção. Por outro lado, em março ainda se estava a analisar se as pessoas infetadas antes da vacinação deveriam tomar uma dose ou duas — optou-se por uma.

"Há alguma evidência que, para aqueles indivíduos que já estiveram infetados com SARS-CoV-2, uma única dose da vacinas atualmente disponíveis com um esquema de duas doses podem conferir imunidade suficiente."
Relatório Técnico, ECDC, 23 de setembro de 2021

Para que serve o certificado digital de vacinação?

A União Europeia, e os respetivos Estados-membros, criaram uma forma de reconhecimento padronizado para todas as pessoas que precisassem de atestar o seu estado de vacinação, a recuperação da infeção com SARS-CoV-2 (até 180 dias depois do primeiro teste positivo) ou, pelo menos, terem testado negativo para o vírus. Quer isto dizer que, em aspeto e elementos pedidos, os certificados digitais são equivalentes dentro da União Europeia e nos países aderentes (incluindo Islândia, Noruega, Suíça, Marrocos, Turquia e outros 11 países ou territórios).

O que não é equivalente é o uso que cada Estado pode fazer desses certificados e que regras pode estabelecer de entrada no país. E muito menos quando os cidadãos ou residentes nos Estados-membros ou países aderentes tentam viajar para países terceiros, como o Reino Unido.

10 respostas sobre como pedir e usar o certificado digital Covid-19

“Ao viajar, o titular do Certificado Covid Digital da UE deve, em princípio, estar isento de restrições à livre circulação: os Estados-membros devem abster-se de impor restrições adicionais de viagem aos titulares de um Certificado Covid Digital da UE, a menos que sejam necessárias e proporcionais para salvaguardar a saúde pública”, lê-se no site da Comissão Europeia.

Que regras aplicam os países a quem usa o certificado digital europeu?

A Comissão Europeia diz que os Estados-membros só têm de admitir os certificados de vacinação referentes a uma das quatro vacinas aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento (EMA), mas admite que cada países reconheça outras vacinas, como aquelas autorizadas pela Organização Mundial de Saúde.

Em Portugal, o certificado de vacinação fica válido 14 dias depois do esquema vacinal completo — tal como é recomendado pela Comissão Europeia —, mas as regras mudam entre países. (Se quer conhecer todas as regras nos países da UE ou que aceitam o certificado digital faça a simulação de viagem aqui).

Em França, as pessoas vacinadas com duas doses ou recuperados que tomaram uma dose podem ter o certificado digital ao fim de sete dias, mas quem tomou a vacina de dose única da Johnson & Johnson (Janssen) tem de esperar 28 dias.

Na Dinamarca, basta terem passado 14 dias desde a primeira dose para conseguir ter acesso a um certificado — desde que não tenha passado mais de 42 dias sem tomar a segunda dose. A Dinamarca também admite um certificado de recuperação da infeção que tenha até 12 meses — em Portugal, são apenas seis meses e na Grécia nove meses a contar do vigésimo dia após o primeiro teste positivo.

Certificados de vacinação emitidos por países terceiros reconhecidos para viagens aéreas

No Luxemburgo e na Suíça nem sequer é preciso esperar. O certificado de vacinação é válido no próprio dia da vacinação com a Moderna, Pfizer/BioNTech ou AstraZeneca, mas apenas passados 14 ou 22 dias da vacina da Johnson & Johnson (consoante o país).

No Luxemburgo, para qualquer uma das vacinas, os recuperados nos últimos seis meses, só precisam de esperar duas semanas após a primeira (e única) dose para apresentarem o certificado digital. Na Suíça, a regra para os recuperados que tomam uma dose é a mesma que para os vacinados (em cima).

Na Áustria, é tudo um pouco mais complexo: as duas doses têm de ter sido dadas com um intervalo de 14 dias e o certificado é válido por quase um ano (360 dias), mas apenas por 270 dias se for uma vacina de dose única. Para as vacinas de dose única são precisos 21 dias para se poder pedir o certificado de vacinação. E, no caso dos recuperados, a dose única de vacina tem de ter sido dada pelo menos 21 dias depois do teste positivo.

A Bélgica, que segundo o ECDC dá duas doses mesmo aos recuperados da infeção, aceita que os cidadãos da UE ou espaço Schengen entrem mesmo tendo tomado uma única dose após a infeção.

Alguns países europeus, como a Alemanha, exigem uma quarentena de 10 ou 14 dias ao viajantes que nos 10 dias anteriores tenham estado numa zona de elevada incidência ou numa zona com variantes de preocupação, respetivamente.

E quem viaja para fora destes países?

Teresa Colaço todos os dias consultava o site do Governo britânico à espera que as regras mudassem antes da viagem, uma vez que tem tudo pago, como contou ao Observador. Mas as regras parecem ser tão claras que não lhe deixavam com outra hipótese se não conseguir uma segunda dose da vacina, o que a partir do último sábado passou a ser possível.

Quem foi vacinado com Moderna, Pfizer/BioNTech ou Oxford/AstraZeneca tem de ter tomado as duas doses para se considerar que tem o esquema vacinal completo.

"Isto aplica-se em todos os casos, mesmo se recuperou recentemente da Covid-19 ou tem imunidade natural."
Governo do Reino Unido

“Aqueles que tiveram Covid-19 e só tomaram uma dose de uma vacina com um esquema de duas têm de seguir a regra dos não vacinados”, lê-se no site. Ou seja, quem viajar para Inglaterra terá de fazer uma quarentena de 10 dias — mais tempo do que Teresa Colaço planeava ficar no país.

No entanto, na mesma página, o governo britânico indica que tipo de certificados são aceites, entre eles, o certificado digital europeu, incluindo para viajantes com origem em Portugal. O site tem mesmo o link para o site da Comissão Europeia onde se pode ler:

Pessoas totalmente vacinadas na posse de Certificado Covid Digital da UE devem ser isentas de testes relacionados com a viagem e quarentena a partir de 14 após receberem a segunda dose. Isto também deve cobrir as pessoas recuperadas que só tomaram uma dose de uma vacina com um esquema de duas”.

O próprio site do governo contradiz-se, mas Teresa Colaço não quer arriscar. Já tentou junto do centro de saúde e autoridade de saúde local receber uma segunda dose, invocando que a viagem é inadiável (no sentido que já está tudo pago), mas da DGS o centro de saúde terá recebido a resposta que os recuperados só tomam uma dose, contou ao Observador.

O Observador questionou na última sexta-feira a DGS sobre esta situação e se estavam a considerar dar duas doses aos recuperados, mas não recebeu qualquer resposta. Sendo que no sábado, a diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, anunciava a possibilidade de uma pessoa que fora infetada antes da primeira dose tomar a segunda.

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O Canadá, tal como reportou Alberto Magalhães, também só considera que as pessoas estão totalmente vacinadas quando tomaram as duas doses de uma vacina que assim o exigia.

“Se recuperou da Covid-19, ainda precisa da série completa de uma vacina aceite ou de uma combinação das vacinas aceites”, lê-se no site do governo canadiano. “Se só tomou uma dose de uma vacina aceite, que não a da Janssen (Johnson & Johnson), não se qualifica para as exceções previstas para os viajantes totalmente vacinados.”

Quem está totalmente vacinado, segundo as regras do Canadá, não precisa de realizar quarentena nem um teste ao oitavo dia, mas quem não se inclui nesta lista pode nem sequer conseguir entrar no país. Para quem não é canadiano e não está totalmente vacinado, o melhor é verificar se pode viajar para o país aqui.

Para cada país o melhor é consultar as regras específicas. Os Estados Unidos vão exigir que os viajantes internacionais estejam vacinados a partir de 8 de novembro, o Brasil não exige vacina nem quarentena à chegada ao país e a China pode exigir 14 ou 21 dias de quarentena mesmo a quem está totalmente vacinado e fez uma série de testes de diagnóstico para poder entrar no país.

Texto atualizado dia 17 de outubro de 2021 às 13h50, depois de a diretora-Geral de Saúde ter anunciado a possibilidade de pessoas que já estiveram infetadas tomarem a segunda dose para viajarem.

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