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O que é a Web Summit?

É a maior conferência de empreendedorismo, tecnologia e inovação da Europa, que decorreu em Lisboa pela primeira vez no ano passado, de 7 a 10 de novembro. A segunda edição decorre de 6 a 9 de novembro de 2017.

Os locais escolhidos para a estreia do evento fora da casa mãe, em Dublin, foram a Feira Internacional de Lisboa (FIL) e o Meo Arena (agora Altice Arena), na zona do Parque das Nações.

A Web Summit nasceu em 2010, em Dublin, na Irlanda – onde se manteve até 2015 – , pelas mãos de Paddy Cosgrave, o rosto que ainda hoje lidera o evento. Na altura, Paddy conseguiu reunir 400 pessoas da comunidade tecnológica local no Chartered Accountants House, em Dublin. No ano seguinte, triplicou de tamanho e este ano, em Lisboa, a organização espera 60 mil pessoas com entradas para os quatro dias.

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Quantas pessoas estiveram presentes na edição de 2016?

Durante os quatro dias do evento, estiveram 53.056 pessoas nos quatro pavilhões da FIL e no Meo Arena. Só startups foram 1.490 e investidores foram 1.300. Nas 21 conferências que compõem a cimeira, houve 663 oradores que encheram os vários palcos e 2.000 jornalistas internacionais.

1.490 startups depois. O que ficou da Web Summit?

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É mesmo verdade que se comeram 97.000 pastéis de nata?

Sim. No final do evento, a organização da Web Summit divulgou os números que ajudam a contar a história dos três dias de evento:

  • Os vídeos em direto do Facebook tiveram mais de 4 milhões de visualizações
  • Os participantes trocaram 1,835 milhões de mensagens na app da Web Summit
  • Foram consumidos 97.000 pastéis de nata
  • Os cabos elétricos, que permitiram que o evento funcionasse, estendiam-se ao longo de 37.000 quilómetros
  • Para assegurar que a banda larga da Web Summit funcionava foram precisos 500 engenheiros portugueses
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E para a edição de 2017, quais são as estimativas?

Para a edição de 2017, a organização da Web Summit estima receber 60 mil participantes, 2.600 jornalistas e 1.400 investidores. Há 2.250 empresas que vão expor nos vários pavilhões da FIL e a segurança do evento vai estar sob a responsabilidade de dois mil agentes privados e da PSP.

Para montar o evento na FIL e no Altice Arena, Paddy Cosgrave contou com uma equipa de 4.000 pessoas. Durante o evento, há 160 colaboradores da Web Summit a garantir que tudo funciona.

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O que se vai passar na FIL e no Altice Arena?

São 21 conferências que decorrem em simultâneo. Além do palco principal, que recebe os nomes mais sonantes da comunidade tecnológica mundial, há palcos secundários para discutir temas específicos como a música, a indústria automóvel, a tecnologia financeira, saúde na era digital, marketing, robótica, desporto, entre outras. Pode conhecer as 21 conferências em detalhe aqui.

Além das intervenções e debates em palco, as startups escolhidas pela organização do evento “como as mais promissoras” vão poder exibir o seu produto durante um dia inteiro num espaço próprio para o efeito. É aqui que muitos empreendedores e investidores vão ter oportunidade para trocar contactos e darem-se a conhecer.

Simultaneamente, vai estar a decorrer um concurso de ideias de negócio, o Pitch, em palcos diferentes.

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Vai haver um concurso para startups?

Sim. Durante a Web Summit, há cerca de 200 startups que vão estar a disputar o Pitch 2017 em quatro palcos diferentes. Chegadas à reta final, as três finalistas sobem ao palco principal da Web Summit, no último dia do evento, para apresentarem a ideia. Os investidores que compõe o painel de jurados decidem, nesta fase, quem é o vencedor do concurso, ou seja, qual é o projeto que vence “os óscares das startups europeias”.

Só concorrem ao Pitch as startups que tenham recebido menos de 3 milhões de dólares de investimento e que não tenham sofrido nenhuma mudança de maior no seu modelo de negócio nos três anos anteriores. Dividem-se entre as que estão na fase Alpha e as que estão na fase Beta.

Entre os vencedores das edições passadas, encontra-se a portuguesa Codacy, a irlandesa Connecterra ou a britânica BaseStone. No ano passado, a vencedora foi a dinamarquesa Kubo-Robot.

Kubo-Robot. Os dinamarqueses que venceram a Web Summit em 2016

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Quem são os principais oradores deste ano?

São mais de mil os oradores que vão encher os palcos da Web Summit. As atenções vão estar viradas para Al Gore, o ex-vice-presidente dos EUA, para Margrethe Vestager, a comissária europeia responsável pela multa recorde à Google, para António Guterres, o único português no cargo de secretário-geral da ONU, para o ex-presidente francês François Hollande ou para Brad Parscale, o estratega da campanha digital de Donald Trump.

Mas nem só de tecnologia vivem os palcos da Web Summit. Quem estiver pela FIL e pelo Altice Arena de 6 a 9 de novembro também vai poder ver e ouvir a modelo portuguesa Sara Sampaio, Andrew Jones, criador dos efeitos visuais de Avatar, Suzy Menkes, a editora internacional da Vogue, Caitlyn Jenner, a transexual que quer ser a voz da comunidade LGBT ou Mike Massimino, o autor do primeiro tweet a ser publicado a partir do espaço.

Já os fãs de tecnologia não vão querer perder Mark Hurd, presidente da Oracle ou Brad Smith, o advogado que chegou a presidente da Microsoft, Joe Sullivan, o responsável pela segurança da Uber, Stan Chudnovsky, responsável pelo Messenger (Facebook). Conheça a lista completa aqui.

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Porque é tão importante para as startups irem à Web Summit?

Porque é uma oportunidade única para se encontrarem com líderes empresariais e investidores de topo, que vão estar excecionalmente em Portugal nessa semana, bem como para fazer networking com empreendedores de outros países. É deste tipo de ambiente que nascem eventuais parcerias e oportunidades de negócio.

Têm ainda a oportunidade de concorrer ao Pitch. Ao passarem pelas diferentes fases do concurso, vão apresentando a sua ideia de negócio a várias investidores. Chegar ao pódio implica receber um prémio monetário — no ano passado foram 100 mil euros da Portugal Ventures –, mas significa também mais visibilidade internacional.

Saiba o que aconteceu às últimas quatro startups que venceram este concurso no link abaixo:

De 300 para 6.732 cidades. O que aconteceu aos vencedores do concurso da Web Summit?

O importante é tirar o maior proveito possível dos contactos que se podem fazer dentro e fora do recinto.

Preparem-se e não sejam tímidos. As dicas de 4 investidores para a Web Summit

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Quanto custa ir à Web Summit?

Os preços foram aumentando à medida que o evento se aproximava, sendo que o preço base rondava os 750 euros. Na sexta-feira, a organização do evento anunciou que a Web Summit estava esgotada: foram vendidos 59.115 bilhetes disponíveis.

“Tínhamos a expectativa de esgotar os bilhetes durante o fim de semana. Posso, no entanto, confirmar que atingimos hoje a capacidade total e não podemos acomodar mais participantes por motivos de segurança”, afirmou Paddy Cosgrave, presidente-executivo da Web Summit.

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Mas não havia bilhetes a 7,50 euros?

Sim, havia, mas davam acesso apenas ao palco principal durante meio dia de evento. O Governo voltou a lançar a iniciativa Inspire para jovens entre os 16 e os 23 anos. No ano passado disponibilizou mais de 6 mil bilhetes a 9 euros cada – 1% do valor do bilhete na altura: 900 euros.

Em 2017, optaram por disponibilizar 10 mil meios-bilhetes a 7,50 euros — novamente 1% do valor do bilhete na altura: 750 euros. Depois de esgotarem em cinco dias, a organização anunciou que disponibilizava mais 3 mil bilhetes.

Web Summit tem 10 mil meios-bilhetes a 7,50 euros para jovens até aos 23 anos

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Como vão funcionar os transportes na cidade?

A CP (Comboios de Portugal), a Carris e o Metro voltam a unir-se num passe combinado — o passe Web Summit. Um dia custa 10 euros, três dias custam 20 e cinco dias custam 25. O cartão está incluído no valor. O passe será vendido nas zonas de entrada para a Web Summit e na FIL (Feira Internacional de Lisboa).

Na Cabify, na Uber e no MyTaxi há descontos. A Uber volta a disponibilizar o serviço UberPool, que reduz os custo das viagens em 25% a quem aceitar dar boleia a outros utilizadores.

A Cabify ativa a opção Group, disponibilizando carros até oito lugares e oferecer 20% de desconto a utilizadores privados, em viagem até 25 euros. Basta inserir um código promocional que a Cabify vai disponibilizar na aplicação e nas redes sociais, no dia em que arranca o evento.

Já a mytaxi vai oferecer 50% de desconto a todos os clientes que optarem por utilizar o serviço de táxis via app para se deslocarem até ao Parque das Nações — uma campanha que vai decorrer de dia 2 a 12 de novembro.

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Há ruas que vão estar cortadas?

Sim. Entre 6 e 9 de novembro será encerrada a circulação em toda a Alameda dos Oceanos e na Avenida do Índico entre a Alameda dos Oceanos e a Avenida Dom João II, onde será garantido o acesso ao parque e a operações de cargas e descargas.

A Rua do Bojador é encerrada à circulação no troço entre a Rotunda da Lágrima e a Alameda dos Oceanos e a Avenida da Boa Esperança estará condicionada à circulação entre a rotunda dos Vice-Reis e a Torre Vasco da Gama, ficando apenas circulável para viaturas autorizadas. Ainda nesse período de tempo, a Avenida do Atlântico estará encerrada à circulação no lado Norte, entre as 7h e as 22h do dia 6 e entre as 7h e as 20h nos restantes dias.

Para saber mais e visualizar o mapa com o condicionamento de trânsito, clique no especial abaixo:

Wi-Fi, transportes e segurança. Como está Lisboa a preparar-se para a Web Summit?

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E há acesso à Internet para toda a gente?

A Altice é a parceira tecnológica da Web Summit e está responsável pela cobertura Wi-Fi do evento. Em comunicado, a operadora portuguesa informou que também vai reforçar a rede móvel da Meo nas zonas onde decorrem as ações associadas ao evento. No ano passado, a abertura da conferência ficou marcada por uma falha da rede.

“Todos os espaços da Web Summit estão dotados com cobertura Wi-Fi de alta densidade e alta disponibilidade, adequadas ao nível de exigência e à dimensão internacional do evento, para o qual se prevê a presença simultânea de cerca de 67 mil dispositivos, estando a infraestrutura a ser dimensionada para o dobro dessa capacidade”, afirmou a Altice em comunicado.

As zonas onde decorrerão eventos paralelos ao evento, como o Surf Summit na Ericeira e o Night Summit no Cais do Sodré, Bairro Alto e LX Factory, também vão ver reforçada a rede móvel da Meo.

Paddy Cosgrave: “Wi-Fi da Web Summit vai funcionar a 99,9%”

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A Web Summit vai decorrer só no Parque das Nações?

Não. As Night Summits são um dos momentos mais esperados pelos participantes da conferência e acontecem em várias zonas da cidade, como o Príncipe Real, o Bairro Alto, o Cais do Sodré, o Lx Factory ou o Hub Criativo do Beato. Para conhecer o roteiro das várias festas na cidade, clique no artigo abaixo. Não faltam opções para depois das 17h.

Roteiro. Por onde vão andar as noites da Web Summit

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Com tanta coisa a acontecer, como é que não me perco no que quero ver e ouvir?

Para responder a esta questão, o Observador preparou uma bússola digital interativa dividida por áreas de interesse. Reúne informação detalhada com data, local e hora de cada um dos mais de 1000 oradores que estão distribuídos pelos 21 palcos. Há conferências para interessados em robótica, lifestyle, música, desporto ou media. Para não se perder, diga-nos do que gosta, que nós indicamos-lhe a que conferência ir:

Web Summit. Diga-nos do que gosta, indicamos-lhe a que conferência ir

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Qualquer pessoa pode ir à Web Summit?

Sim, desde que tenha comprado bilhete. A Web Summit é uma conferência aberta a qualquer pessoa que queira participar no evento, seja empreendedor, investidor, estudante, profissional de qualquer área, português ou estrangeiro. Não há nenhum pré-requisito para poder entrar na FIL e no Altice Arena.

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Se é um evento tão grande, por que é que a Web Summit saiu de Dublin?

Porque o governo irlandês não conseguiu garantir as condições que um evento desta dimensão precisa de ter asseguradas, em termos de infraestruturas, transportes públicos, Wi-Fi e de controlo aos preços praticados pelos hotéis.

De acordo com os emails que o fundador da Web Summit trocou com o governo irlandês antes do início da Web Summit de 2015 – e que Paddy Cosgrave divulgou no Twitter, em outubro do ano passado – a organização do evento queria que o executivo conseguisse assegurar “um plano básico” para que Dublin pudesse continuar a acolher o evento.

Nas 36 páginas que foram divulgadas, lia-se que Paddy Cosgrave queria “medidas de controlo de trânsito, aumento da frequência de transportes públicos, hotéis e Internet de banda larga”. As respostas tardias que recebeu de Nick Reddy, do gabinete do primeiro-ministro irlandês, e a explicação “enganosa” que obteve – como escreveu – levaram-no a procurar outras cidades na Europa que conseguissem dar as condições que a Web Summit precisava.

A troca de emails revela que a organização do evento não esperava que o Governo investisse capital na Web Summit, mas que houvesse “um compromisso” que assegurasse um aumento da frequência de transportes públicos, um melhor acesso à internet e regras que permitissem que os hotéis não manipulassem preços.

Do governo irlandês, não saiu compromisso nem reunião marcada com os membros da Web Summit.

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E por que escolheram Lisboa?

Havia três cidades no radar dos irlandeses – Lisboa, Paris e Amesterdão – que já tinham mostrado interesse em receber a Web Summit. Mas o fator que Paddy Cosgrave diz ter sido decisivo para a escolha de Lisboa foi o entusiasmo da comunidade tecnológica.

Quando se soube que a capital portuguesa estava na mira dos irlandeses, a publicação digital Ship lançou o movimento “Let’s bring the Web Summit 2016 to Lisbon”, que envolveu todo o ecossistema. A ideia era encontrar várias razões e enviá-las a Paddy Cosgrave.

Na primeira entrevista que deu ao Observador, o fundador da Web Summit explicou que foi o otimismo dos empreendedores portugueses que o convenceu, depois de começar a receber emails e a ser identificado em publicações das redes sociais com pedidos para que o evento ocorresse em Lisboa.

“Existem talvez 15 cidades na Europa que podem receber o nosso evento. E fomos à procura dessas cidades. A lista ficou cada vez mais pequena e depois aconteceu algo quase mágico: esta campanha surpreendente pelo Facebook e o facto de cada vez que entrava no Twitter ter pessoas a dizer “vem para Lisboa”. E comecei a receber emails muito úteis de portugueses que queriam, por exemplo, ajudar-me a fazer uma visita à cidade”, explicou Paddy Cosgrave ao Observador.

Reconhecido o entusiasmo da comunidade empreendedora e tecnológica portuguesa, bastou à organização do evento confirmar se Portugal tinha as infraestruturas necessárias e se o governo português – na altura liderado por Pedro Passos Coelho – conseguia assegurar as condições que o executivo irlandês não conseguia garantir.

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Que investimento é que isto representou para Portugal?

A 23 de setembro de 2015, o vice-primeiro-ministro da altura, Paulo Portas, e o fundador da Web Summit anunciaram que tinham assinado o acordo para que a cimeira se realizasse na Feira Internacional de Lisboa (FIL) e no Meo Arena em 2016, 2017 e 2018, com possibilidade de se estender por mais dois anos.

O investimento, financiado pelo Turismo de Lisboa, Turismo de Portugal e pela AICEP – Portugal Global, foi de 1,3 milhões de euros para cobrir a logística do evento e infraestruturas, mas, segundo explicou na altura o secretário de Estado Adjunto da Economia, Leonardo Mathias, o retorno esperado para Portugal ronda os 175 milhões de euros.

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Que retorno é que isto pode ter para o país?

Para a nova secretária de Estado, Ana Lehman, a exposição mediática que o país está a ter por causa da Web Summit “vale muito mais do que o impacto direto” que a conferência pode ter na economia e que “desconfiaria” se alguém avançasse com um número concreto para o retorno do evento, disse à agência Lusa.

“Mas sabemos que já houve centenas de milhões de euros na economia, só numa primeira abordagem imediata, logo no evento, calculou-se que foram cerca de 200 milhões de euros, um número que a organização compilou”, recordou Ana Lehman.

A governante notou que o “impacto foi positivo, o retorno foi extremamente reprodutivo”, mas face à dimensão desta conferência internacional, o “impacto só pode ser analisado, com justiça, no médio prazo”.

“Mas sabemos que centenas de milhões de euros já entraram e vão entrar mais com este acréscimo que vamos ter de cerca de 15%, pelo menos, de novas entradas”, estimou a secretária de Estado, que sublinhou que mais importantes ainda podem ser os “efeitos complementares: mudança na perceção do país e notoriedade dada a Portugal”.

Seria importante estender Web Summit “durante mais anos”, defende Ana Lehmann

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Para o ano há mais?

Há, sim. Se tudo correr dentro do que está previsto, há ainda a possibilidade de estender o contrato com a Web Summit por mais dois anos. Mas sobre o futuro pós 2018, continuamos a ter de esperar para ver.