A imagem mostra o Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, com uma mensagem inscrita em inglês: “Blindly sailing for monney (sic), humanity is drowning in a scarllet (sic) sea lia (sic)”, em tradução livre, “A navegar cegamente por dinheiro, a humanidade afunda-se num mar escarlate”. Na legenda, o autor usa esta fotografia como prova de um alegado ato de vandalismo contra o monumento, escrevendo que se trata de um “ataque à História de Portugal por parte de inadaptados racistas e delinquentes” que, acrescenta, não se sabem ajustar “às necessidades e viver numa sociedade civilizada”.

No post, acusa também os autores destes crimes de atuarem “com extrema intolerância” e “com esquemas de socialização doentios” onde se favorecem “comportamentos desajustados, em desrespeito pela ordem, justiça e bem do próximo”. É um discurso que, de resto, dá a entender que esta pichagem no Padrão dos Descobrimentos foi um acontecimento recente.

No entanto, fazendo uma simples pesquisa pela imagem em questão num motor de busca como o Google Images, percebemos que a fotografia não foi tirada nas últimas semanas, nem sequer nos últimos meses. Trata-se de um episódio que teve lugar há quase dois anos, em agosto de 2021, quando uma das laterais do monumento foi vandalizada com um graffiti escrito nas cores azul e vermelho, com uma extensão de cerca de 20 metros e escrito em inglês.

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Padrão dos Descobrimentos. PJ confirma “cidadã estrangeira” como suspeita do ato de vandalismo

O ato de vandalismo foi, na altura, atribuído a uma estudante francesa, que insinuou ser a autora do graffiti em questão, numa mensagem nas redes sociais onde se lia “It’s a wrap. Bye lisboa” (traduzindo para português, “É um embrulho. Adeus, Lisboa”). Eventualmente, a mulher acabou por ser identificada pela Polícia Judiciária (PJ). A notícia foi divulgada em vários órgãos de comunicação social, incluindo o Observador, que, citando a PJ, revelaram que a cidadã francesa em questão já teria “praticado atos da mesma natureza similar noutros locais” e, pouco tempo depois, “se ausentou do território nacional”.

Contactada pelo Observador, a EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, responsável pela gestão de vários espaços culturais da capital, incluindo o Padrão dos Descobrimentos), confirma que a imagem corresponde a um “ato de pichagem (…) ocorrido em 2021”. Numa resposta por email, a entidade revela ainda que mais recentemente, no passado mês de junho, existiram novas “pichagens nas áreas junto ao Padrão dos Descobrimentos, designadamente na base de uma das esferas armilares laterais”, mas não no próprio monumento. Acrescenta também, a EGEAC, que estas pinturas “eram de dimensão reduzida, não tendo provocado danos e tendo sido removidas de imediato”.

“A nação que matou África”. Padrão dos Descobrimentos volta a ser vandalizado com graffiti

Esta é uma informação que já tinha sido confirmada pelo presidente da EGEAC, numa entrevista ao jornal Público onde explicava que o incidente em questão aconteceu a 20 de junho de 2023. As imagens partilhadas pelo jornal mostram uma inscrição a azul, numa zona próxima ao monumento, com a frase “A nação que matou África, Wakanda4ever”. É uma alusão ao país fictício, situado no continente africano, que é palco de várias bandas desenhadas da Marvel e que ganhou novo protagonismo graças às adaptações para cinema do super-herói Pantera Negra.

Conclusão

A publicação está descontextualizada. É verdade que o Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, foi alvo de um ato de vandalismo em junho deste ano, mas esse episódio teve lugar numa zona próxima ao monumento, não na construção do Padrão dos Descobrimentos. Igualmente, a imagem que acompanha o post corresponde a um caso diferente de vandalismo, levado a cabo por uma estudante francesa em 2021.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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