Antes de começar a ler este artigo, começamos já por deixar um aviso: se estiver a planear ir ao cinema ver “Barbie”, um dos filmes mais badalados deste verão, e descobrir em primeira mão a nova abordagem da realizadora Greta Gerwig sobre a mítica boneca, recomendamos que não continue a ler este texto — será inevitável revelar parte do enredo e contar alguns spoilers.

Como dizíamos, “Barbie” é um dos filmes mais antecipados do verão — e, com isso, também dos que se viram mais rodeados de polémica desde que começou a ser promovido. O filme encomendado pela Mattel à realizadora — autora de obras como “Ladybird”, “Frances Ha” ou “As Mulherezinhas” — e protagonizado por artistas com fama mundial como Margot Robbie (no papel de Barbie) e Ryan Gosling (que interpreta Ken) trataria, como se percebeu desde o início, de trazer uma nova abordagem sobre a clássica boneca, numa perspetiva mais moderna e feminista.

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As primeiras pistas que os trailers traziam deixavam antever essa nova abordagem: a premissa do filme passaria por tirar uma Barbie cheia de dúvidas existenciais do seu mundo perfeito, o Barbieland, e pô-la a caminho do mundo real, com as todas as suas contradições e dificuldades. Isto acompanhada pelo namorado de sempre, Ken, que nos cartazes aparece desde logo relegado a um papel secundário (“Ela é tudo. Ele é só o Ken”) em comparação com a famosa boneca.

No filme, a lógica começa por ser mais ou menos a mesma: também ali Ken é relegado para segundo plano. Aliás, além do aparente desinteresse da própria Barbie pelo namorado, evidente nas cenas que foram sendo divulgadas mesmo antes da estreia, outro excerto do filme despertou o interesse — e a fúria — de muitos internautas, tendo alguns disparado insultos homofóbicos relativamente à cena em que a Barbie de Margot Robbie olha de forma algo intensa, por alguns segundos, para a personagem Gloria (interpretada por America Ferrera).

Porém, quem vir o filme facilmente percebe que não há qualquer ligação romântica entre as duas: o olhar sinaliza apenas o momento em que Barbie reconhece a rapariga que costumava brincar com ela no mundo real. Nem há, de resto, no filme qualquer referência à orientação sexual da boneca ou a interesses românticos que sinta.

A única coisa que fica clara, no plano romântico ou amoroso, sobre Barbie é que ela não está assim tão interessada em Ken, como lhe explica já na reta final do filme, ao dizer ao boneco (e ao CEO da Mattel, que entretanto entrou em cena, interpretado por Will Ferrel) que não está apaixonada por ele, enquanto ele percebe que a sua própria validação não pode depender da namorada. Neste caso, o final feliz de Barbie não depende nem de um homem, nem de uma mulher, além da própria, que acaba por preferir tornar-se humana (e acaba a visitar um clínica de ginecologia).

Conclusão

Barbie não é retratada como lésbica no filme novo de Greta Gerwig. Aliás, nem sequer existe no filme qualquer referência à sua orientação sexual, nem qualquer interesse romântico da parte da boneca. A única coisa que ficamos a saber é que não está interessada em Ken, mas o resto do enredo nem sequer toca na dimensão da vida amorosa da boneca.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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