Várias publicações que têm vindo a ser partilhadas no Facebook defendem que, durante um ataque cardíaco, as hipóteses de sobrevivência podem aumentar se a pessoa que está a sofrer o enfarte tossir de forma vigorosa. “Essas vítimas podem ajudar-se a si mesmas tossindo vigorosamente repetidas vezes. A respiração profunda deve ser feita antes de cada tosse, e a tosse deve ser profunda e prolongada, como ao produzir escarro das profundezas do tórax”, pode ler-se nas publicações, que garante que este gesto pode “salvar vidas”. Terá esta teoria algum fundamento?

Ao Observador, o cardiologista Gonçalo Costa desmente a alegação da publicação. “Essa afirmação, na sua generalidade, é falsa. Tossir não previne ou resolve um enfarte agudo do miocárdio”, diz o especialista da Unidade Local de Saúde de Coimbra.

“Provavelmente, este rumor foi originado por um equívoco da nossa prática clínica: em situações específicas, por exemplo, no laboratório da hemodinâmica em bradicardia (pulsações cardíacas baixas) extremas, pedimos para tossir como medida provisória”, explica o médico, ressalvando, no entanto, que isto é uma medida realizada num “ambiente monitorizado” e “muitas vezes ineficaz”. “Em suma, tossir não ajuda a sobreviver a um enfarte do miocárdio”, conclui.

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Perante uma situação anormal, é essencial reconhecer os sinais de enfarte do miocárdio, vulgarmente designado como ataque cardíaco. Entre os sinais de alerta estão a dor no peito, com uma sensação de esmagamento e que não acalma mesmo em repouso; a irradiação desta dor para o braço, pescoço, mandíbula ou costas; a dificuldade em respirar; o desconforto abdominal, náuseas e vómitos; e as alterações na pele, que pode ficar pálida, acinzentada, pegajosa ou suada.

“Uma das principais causas de atraso no tratamento do EAM [enfarte agudo do miocárdio] é o atraso na identificação dos sintomas e ligar para o número de emergência médica”, lembra Gonçalo Costa, sublinhando que “a Via Verde Coronária e os laboratórios de hemodinâmica estão a funcionar 365 dias por ano, 24 horas por dia, de forma a assegurar o tratamento” aos doentes.

Durante o episódio de enfarte, é essencial colocar a vítima numa posição confortável, e impedi-la de fazer esforços, ligando, de imediato, para o 112. “Idealmente, as pessoas acompanhantes devem saber fazer o Suporte Básico de Vida”, acrescenta o cardiologista. Gonçalo Costa realça que o mais importante é a prevenção do enfarte, através um estilo de vida saudável: “Não fumar; reduzir o colesterol; controlar a tensão arterial e a diabetes; fazer uma alimentação saudável; praticar exercício físico; vigiar o peso e evitar o stress”.

Conclusão

Não é verdade que tossir aumente as hipóteses de alguém sobreviver a um enfarte do miocárdio, vulgo ataque cardíaco, esclarece o cardiologista Gonçalo Costa. Em caso de enfarte, o mais importe é identificar os sintomas e acionar de imediato a ajuda médica diferenciada. A montante, a prevenção é essencial.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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