A 26 de janeiro de 2023, surgiu uma publicação onde se garante que, a partir deste ano, a “União Europeia permitiria insectos em pó misturados com farinha sem indicação nas embalagens”. O texto não apresenta qualquer fonte credível. Trata-se de uma publicação falsa.
Fazendo uma rápida busca por notícias do género damos conta de um documento da UE que levou à aprovação da venda de insectos — “grilos de casa” (house crickets ou Acheta domesticus), neste caso — para consumo humano, quer em pó quer em formato seco. Na verdade, e referindo-se meramente a este inseto, segundo a comissão que acompanhou este processo legislativo, só uma empresa teria autorização para colocar este tipo de produtos no mercado da UE: a Cricket One, tal como se lê na documentação consultada pelo Observador.
Também nesse mesmo documento, na página cinco, é possível ler o seguinte: “A rotulação das embalagens que contenham o Acheta domesticus deverão conter uma declaração de que este ingrediente pode causa reações alérgicas a quem tenha alergia a crustáceos, molusculos e produtos derivados.”
Noutra página, neste caso da Comissão Europeia, é também garantido que, a partir de janeiro de 2023, foi introduzido um “quarto insecto no mercado, o Alphitobius diaperionus na categoria de comida”. Trata-se de uma larva que será comercializada em diferentes formatos, desde a venda em pó à venda deste animal congelado. “A intenção é que seja marcado como um bom ingrediente num número de produtos alimentares para a população em geral”, lê-se no site.
Estes ingredientes estão, assim, na categoria de “novel food” que, segundo a Comissão Europeia, foi criada para explicar a existência de alimentos que não foram consumidos por um número significativo de seres humanos dentro da União Europeia antes de 15 de maio de 1997, data da primeira regulação sobre esta categoria de ingredientes. É importante referir que outros insetos já são comercializados dentro do espaço europeu. Todos devem ser devidamente rotulados nas embalagens devidas. E todos estes ingredientes são considerados como seguros, já que, caso não fossem, não teriam tido aprovação por parte dos Estados Membros.
É importante dizer que a publicação original já foi desmentida anteriormente, neste caso pela Euronews, que também classificou o texto como falso.
Conclusão
É verdade que a União Europeia autorizou a venda de determinados insetos, mas não é a primeira vez que acontece. Depois, ao contrário do que é alegado pelo autor da publicação original, segundo a documentação divulgada pela UE sobre este assunto, todos estes ingredientes devem estar em produtos devidamente rotulados.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.