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Naquele tempo sem GPS, era quase preciso mapa para chegar à praça de Alvalade e trincar a Maçã de Ana. O recheio da loja era tão inovador que ameaçava parecer pecado entre almas obedientes e corpos que dificilmente se deixariam descascar. Aquele país cinzentão era “cabisbaixo e bem comportado” até a trajar. |
A sentença da magistrada e antiga cliente não diverge da opinião geral. De Maria José Morgado à coreógrafa Olga Roriz, do ex-manequim Tó Romano ao produtor Paulo Gomes ou à socióloga Cristina Duarte, os diferentes timbres escutados circulam no mesmo sentido. Na moda em particular, e na cultura de Portugal em peso em geral, Ana Salazar é sinónimo de revolução, o mote para o primeiro episódio da minissérie com que o Observador assinala os 80 anos da criadora. |
A infância, as referências, o frenesim dos anos em Londres, e essa tal revolução “antes da revolução” cabem nos 16 minutos em vídeo que inauguram o conjunto de episódios que desafiaram os incansáveis Mauro Gonçalves (entrevistas e guião), Kimmy Simões, (imagem, edição de imagem e grafismo), Tiago Couto, Diogo Ventura, Ana Moreira (imagem) e Catarina Santos (coordenação editorial). Dois meses e vários serões frente ao computador depois, é possível por fim regressar ao passado e apontar à posteridade. |
Dos dias em que Ana Salazar acompanhava a avó à Baixa para comprar tecidos e em que alisava o cabelo com ferro, à fábrica que abriu com o marido em 1974, sem esquecer o ousado fato de banho com que chocou o público dez anos volvidos, não perca o resultado final de um longo trabalho de equipa que começou, ainda o ano ia no adro, com uma desconcertante pergunta: “A Ana Salazar faz 80 anos? Como assim?” Assim mesmo, em grande estilo. |
Até para a semana |