Depois de no ano passado ter, finalmente, sido reconhecida como princesa dos Belgas, após um processo que se estendeu por vários anos, Delphine Boël surge agora no seu primeiro evento oficial enquanto membro da realeza precisamente para assinalar o Dia Nacional da Bélgica. A agora princesa estreou-se com os restantes membros da Família Real no desfile militar e civil do feriado nacional, esta quarta-feira 21, e fez questão de marcar uma posição com o look que usou, com o qual quis homenagear uma ex-colónia belga para “corrigir os erros do passado”.

É o culminar de uma longa luta para ser reconhecida pela Coroa Belga, que durou sensivelmente sete anos. Foi em 2013 que a artista Delphine, nascida de uma relação extraconjugal do rei emérito dos Belgas, Alberto II, iniciava o primeiro processo de reconhecimento de paternidade que só via o seu fim em outubro de 2020, depois de uma decisão abonatória do tribunal de Bruxelas que reconheceu a paternidade do monarca à filha ilegítima, que agora assumiu o título de Delphine Saxónia-Coburgo-Gotha.

Filha ilegítima de Alberto II oficialmente designada princesa dos Belgas

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Delphine que aquando do seu reconhecimento como princesa aplaudiu a decisão por poder colocá-la em pé de igualdade com os seus irmãos e irmãs, surgiu neste evento precisamente acompanhada por eles: os príncipe Laurent e Lorenz e a princesa Astrid, e, claro, o rei Philippe. Delphine estava sentada também ao lado do seu marido Jim O’Hare.

As atenções de uma estreia aguardada no papel de princesa estiveram, sobretudo, na indumentária que Delphine decidiu envergar na cerimónia. O look pretendia enviar uma mensagem clara sobre a ex-colónia do Congo, que esteve nas mãos do rei belga Leopoldo II que encetou uma política colonial no mínimo polémica.

A guineense sediada em Bruxelas Siré Kaba foi a designer escolhida para assinar a criação — da sua marca Erratum Fashion — vestindo a princesa com um vestido cujo padrão geométrico e colorido, em malva, branco e verde, fazia lembrar a “liputa” congolesa, o tecido tradicional do país. Do mesmo padrão, Delphine usava também uma boina e uma máscara de tecido. Acabou a combinar o coordenado com uns sapatos verdes com uma grande plataforma e uma mala extravagante que recriava um olho com franjas a servirem de pestanas.

A existência de Boël, de 53 anos, tornou-se do conhecimento público em 1999, na sequência da publicação de uma biografia não autorizada da rainha Paola. Em 2019, o Tribunal de Recurso em Bruxelas ordenou ao antigo monarca, Alberto II, que fizesse um teste de ADN para comparar a informação genética com a da sua alegada filha.

Alberto II confirmou a 27 de janeiro do ano passado que os resultados do teste de ADN a que foi submetido, por ordem do tribunal, mostraram que ele é, de facto, o pai biológico da artista.