Um dia no ano de 1976,  eu cheguei a casa após uma dia na escola e disse:

– Os meninos disseram que eu era retornada.

Da minha mãe tive a seguinte instrução:

– Respondes que o teu Pai era militar, não és  retornada.

A história teve lugar em 1976, na Vila de Valongo, a 10 Km da Cidade do Porto, eu tinha entrado na 1º classe, e usava bata branca.

Na altura os retornados, sofreram preconceito e suspeição.

A história foi contada pela minha avó materna, daquelas histórias que os avós contam.

Em Maio de 1974, os meus avós maternos receberam um telefonema da minha mãe:

– Elas vão esta noite,

Elas, era eu de 4 anos, e a minha irmã de 2 anos, viemos entregues a uma pessoa num avião da força aérea, fazendo parte  do plano de evacuação do pós revolução.

Talvez uma das maiores pontes aéreas da história, 500 mil Portugueses voltaram para Portugal, na altura não existiam casas e empregos para estas pessoas.

A minha avó contava que o meu avô andou a pedir gasolina aos amigos, na altura havia racionamento de gasolina,  pegou em roupas infantis e viajou de automóvel  a noite toda entre Porto e Lisboa, na altura não existiam autoestradas.

Fomos reconhecidas,  porque eu era estrábica, a minha avó contava que disse a uma pessoa da comitiva:

– Estas são as minhas netas.

Os meus pais voltaram nos meses seguintes, e aqui acaba a história da minha avó.

Voltando ao tema dos retornados.

Pelo facto de terem vindo milhares de portugueses após o 25 de abril, Portugal recebeu de norte a sul diferentes pessoas com  hábitos e costumes diferentes, a vida nas colónias era diferente.

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O preconceito sofrido pelos retornados, portugueses  por direito, foi uma das maiores revoluções sociais do século 20 em Portugal.

O 25 de Abril também foi construído por estas pessoas, Portugal teve um rumo diferente.

Mas neste ano de 2024, também existe uma revolução social, em Portugal têm entrado novos residentes, uns por direito descendentes de Portugueses , no caso de Cidadãos oriundos de África  e da América do Sul, outros residentes / cidadãos por razões inscritas na Lei.

Se os portugueses não souberam acolher, integrar e aproveitar as competências destes novos residentes, talvez estejam a cometer um erro.

Nos próximos 50 anos, os Portugueses deveriam assumir algumas responsabilidades:

Se querem ter saúde, devem ter hábitos saudáveis;

Se querem ter educação, devem estudar;

Se querem ter Políticos competentes devem participar;

Se querem ter dinheiro, devem trabalhar;

Se querem construir riqueza devem poupar e investir ;

Se querem viver bem devem escolher entre o essencial e o acessório.