No Dia Mundial do Cancro do Rim é ainda mais necessário chamar a atenção para este problema de saúde significativo e crescente. Em Portugal é o 14.º tumor mais comum: de acordo com dados do Observatório Global do Cancro – Globocan de 2020, no nosso país foram diagnosticados cerca de 1191 novos casos, representando cerca de 3% de todos os tumores malignos.

O cancro do rim é ligeiramente mais frequente nos homens do que nas mulheres e geralmente diagnosticado entre os 50 e os 70 anos de idade. Sabe-se que o tabaco, a hipertensão arterial e a obesidade são fatores de risco para o desenvolvimento desta doença. Assim, manter uma alimentação cuidada e evitar o tabaco são medidas importantes que podem evitar o seu aparecimento.

É conhecido como uma doença silenciosa pelo facto de grande parte dos doentes não apresentarem sintomas numa fase inicial, sendo na maioria das vezes diagnosticados em exames de imagem de rotina.

Sendo uma doença muito heterogénea – varia de formas indolentes até doença metastizada e letal – que na sua maioria não tem manifestações clínicas, é importante alertar para o diagnóstico precoce. Um acompanhamento médico regular e a realização de exames de imagem, nomeadamente a ecografia renal, que deve ser realizada por rotina em indivíduos de ambos os sexos, são cruciais para a deteção de lesões de baixa gravidade e, consequentemente, para um melhor prognóstico.

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Os tumores renais de dimensões reduzidas, isto é, menores que 3 cm, normalmente não causam qualquer sintomatologia, são geralmente pouco agressivos e, na maior parte dos casos não necessitam de tratamento cirúrgico, já que podem ser vigiados ao longo do tempo com auxílio de tomografia computorizada (TAC) ou ecografia. Outros tumores diagnosticados em fases mais avançadas da doença, com lesões de maior dimensão, necessitam habitualmente de terapêutica cirúrgica com o objetivo de remoção do tumor. Ou seja, os diferentes tumores renais têm comportamentos diferentes e devem por isso ser tratados de modos distintos.

Mas o que há de novo no tratamento do cancro do rim?

Temos assistido a desenvolvimentos significativos ao nível dos tratamentos. Na doença localizada dispomos de abordagens mais inovadoras, por exemplo técnicas minimamente invasivas guiadas por imagem – crioterapia, ablação por radiofrequência ou laser – como também cirurgias minimamente invasivas, onde se inclui a cirurgia robótica. Na doença metastizada, existem desenvolvimentos na terapêutica sistémica com anti-angiogénicos, imunoterapia e medicamentos inovadores.

O conhecimento da doença do ponto de vista molecular tem permitido descobrir novos alvos terapêuticos que, neste momento, se encontram em fase de ensaio e no futuro poderão ter aplicação na nossa clínica, com efeitos significativos na qualidade e sobrevida dos doentes.

Caminhamos para uma medicina cada vez mais personalizada e com grandes possibilidades de desenvolvimento tecnológico. Contudo, o diagnóstico precoce continua a assumir um papel fundamental para o sucesso do tratamento.